O Presidente Nicolás Maduro celebrou hoje a chegada de 252 venezuelanos deportados dos EUA, que estavam numa cadeira de alta segurança em El Salvador, sublinhando que foi em troca da libertação de "terroristas" norte-americanos que o queriam assassinar.

"Acaba de aterrar o primeiro avião com 252 venezuelanos resgatados e libertados dos campos de concentração e tortura de Nayib Bukele em El Salvador. Aí vêm os rapazes sequestrados, desaparecidos e torturados. Foram resgatados, 125 dias depois (...) A Venezuela fez uma troca a um preço elevado, mas eles tinham de ser libertados. Entregámos um grupo de terroristas norte-americanos que tinham chegado à Venezuela", disse.

Nicolás Maduro falava a partir do Poliedro de Caracas, durante o "congresso camponês", transmitido em simultâneo e de maneira obrigatória pelas rádios e televisões do país.

O Presidente da Venezuela insistiu que a troca obedeceu a um compromisso com as suas famílias e que estes cidadãos "não cometeram nenhum crime em El Salvador, foram sequestrados nos EUA, desaparecidos, não tiveram direito a defesa, nem a um processo justo em nenhum aspeto".

Maduro agradeceu ao presidente da Assembleia Nacional (AN, parlamento da Venezuela), Jorge Rodríguez por ter sido o "arquiteto" das negociações com os EUA.

Agradeceu também ao Presidente dos EUA, Donald Trump, "por retificar" a situação de injustiça com os venezuelanos e ao Papa Leão XIV por "interceder" pela libertação destes migrantes.

"Um deles [venezuelano detido] perdeu um rim em consequência dos espancamentos a que foi submetido. Muitos foram torturados, passaram fome durante dias a fio e deram-lhes comida estragada", denunciou Maduro.

Por outro lado, explicou que estes migrantes vão ser atendidos por uma equipa de médicos e submetidos a um "exame médico completo".

"Migrar não é um crime. Raptar e torturar migrantes é [crime]. Bukele [Nayib, Presidente de El Salvador] deve saber disso e, mais cedo ou mais tarde, vai pagar por isso", frisou.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, anunciou sexta-feira que 10 cidadãos norte-americanos que estavam detidos na Venezuela foram libertados após um acordo entre os dois países e El Salvador.

"Graças à liderança do Presidente [Donald Trump], 10 americanos que estavam detidos na Venezuela estão a caminho da liberdade", afirmou o secretário de Estado norte-americano na rede social X.

Rubio adianta que o acordo, além da libertação de todos os detidos norte-americanos, prevê a libertação de presos políticos venezuelanos.

Segundo a imprensa de Caracas o acordo prevê que aproximadamente 80 presos políticos venezuelanos sejam libertados nas próximas horas pelo Governo da Venezuela.

Ainda no âmbito do acordo, serão entregues à Venezuela todos os cidadãos venezuelanos detidos em El Salvador sob acusação de pertencerem à organização criminosa Tren de Aragua, segundo as autoridades dos três países.

Estes cidadãos venezuelanos haviam sido deportados dos Estados Unidos, no âmbito das operações de detenção de imigrantes ilegais levadas a cabo por ordem do Presidente Donald Trump.