O Presidente da República desvalorizou hoje as previsões do Banco de Portugal, mas ainda assim não deixou de considerar o "aviso político" de Centeno a Montenegro e espera que o Governo venha a ser cauteloso com as contas públicas se houver um agravamento da situação internacional.

"Mais do que uma previsão, é um aviso político do governador do Banco de Portugal", disse Marcelo Rebelo de Sousa, questionado por jornalistas à margem de um almoço com sem-abrigo. Montenegro já veio responder aos avisos de regresso ao défice feitos por Centeno e o Presidente enquadra a intervenção do agora governador do Banco de Portugal naquilo que foi também a sua intervenção como ministro das Finanças.

"Ele já como ministro das Finanças era muito agarrado e muito apertado nos sentido de 'mais vale prevenir para não remediar' e tinha sempre uma grande preocupação em relação à despesa pública", lembrou Marcelo. E acentuou: "Quando era ministro, o atual governor foi sempre foi exigente e muito ortodoxo. Não muda, naquela idade já não muda. Prefere prevenir sempre.Era a grande questão com os colegas do governo: eram eles a querer gastar e ele a apertar."

Quanto à existência de perigo para as contas públicas, o PR realçou que tudo depende da situação internacional e do bom senso do Governo. "Se o Governo vir que a situação internacional piora ou não melhora, obviamente não pode gastar tanto", deixou também o aviso. "Estou preocupado com a situação internacional, isso estou, mas tenho a noção que um governo minimamente atento percebe que se a situação internacional piorar não tem tanto dinheiro para gastar", concluiu Marcelo sobre este assunto.

Já sobre as alterações propostas pela AD para restringir o acesso de estrangeiros ao SNS, o Presidente não quis pronunciar-se, como o argumento de ainda não conhecer as propostas, que ainda têm de ir a debate parlamentar. "Vamos esperar, vai demorar um tempo a debater. Espero que chegue às minhas mãos em final de janeiro ou fevereiro e, nessa altura, digo o que penso",