Na sessão comemorativa do Dia da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, que decorre na manhã deste sábado, o líder regional e deputado do Chega Miguel Castro defendeu uma visão exigente e combativa do papel do parlamento madeirense, apelando a um reforço da responsabilidade democrática e à ruptura com o que chamou de “alianças para manter o poder a todo o custo”.

No seu discurso, Miguel Castro destacou a importância simbólica e prática da Assembleia Legislativa: “É aqui, neste hemiciclo, que reside a força da nossa autonomia. Não numa estátua, não num símbolo decorativo, mas num parlamento vivo, responsável, eleito, escrutinado e – mais do que tudo – obrigado a servir a população”, referiu.

Para o deputado do Chega, a autonomia regional não deve ser vista como uma herança inquestionável, mas sim como “um compromisso que deve ser renovado todos os dias”, através do “trabalho sério e exigente” dos eleitos. Rejeitando visões meramente decorativas da instituição, afirmou: “Celebrar esta Assembleia é, por isso, lembrar que a autonomia política não é um privilégio, é um dever.”

Miguel Castro realçou o papel fiscalizador da Assembleia, criticando a subserviência aos executivos e às lógicas partidárias: “Esta Assembleia não existe para aplaudir o Governo. Existe para o escrutinar. Não existe para agradar a partidos. Existe para proteger a democracia. E não existe para alimentar o compadrio. Existe para garantir a justiça e a equidade em cada decisão tomada em nome do povo”.

Apontando responsabilidades directas aos deputados, lembrou que “cada lei que aqui se aprova tem impacto na vida dos madeirenses”, e que “cada silêncio, cada omissão, pode custar oportunidades a uma geração inteira”. Assumindo o papel do seu partido como força de oposição disruptiva, Castro declarou: “O Chega tem marcado presença nesta casa não para fazer parte do rebanho do politicamente correto, mas para levantar a voz onde ela tem sido calada”. Disse ainda que o seu partido pretende denunciar o que está mal, exigir reformas sérias e representar quem, no seu entender, tem sido esquecido: “Falamos dos que ainda vivem na pobreza, apesar dos milhões anunciados. Falamos das famílias que enfrentam a toxicodependência e que não encontram respostas. Das vítimas de violência doméstica que se perdem em corredores de inacção”.

Apelou a uma Assembleia que seja “forte, respeitada, livre do medo do debate” e que “honre a confiança dos madeirenses, todos, todos sem excepção”.