Luís Montenegro diz que prometeu aos portugueses que não faria nenhuma coligação com o Chega e garante que isso se mantém, mesmo depois de o governo ter aprovado com o Chega as alterações à lei dos Estrangeiros, bem como as alterações em sede de IRS, que já vão ter repercussões no próximo Orçamento do Estado. Trata-se de "diálogo" com a oposição e não inclui "nenhum acordo de governação”, sublinhou o primeiro-ministro este domingo à chegada à Herdade do Chão da Lagoa, no Funchal, onde hoje decorre a festa anual do PSD/Madeira.

"Se, para haver espírito de colaboração, tivesse de haver contrato de exclusividade com algum partido, isso seria fazer uma coligação, e não há coligação nenhuma", começou por dizer, admitindo que em algumas matérias, como aconteceu no dossiê da imigração, há "partidos [neste caso, o Chega] que têm uma posição mais condizente com a que o governo tem". O mesmo pode acontecer de hoje para amanhã noutras matérias com o PS, sublinhou.

A ideia é vincar que não há nenhuma "coligação permanente" nem nenhum "acordo de governação", ou sequer um "contrato de exclusividade" com qualquer partido, mas sim diálogo aqui e ali para aprovar as medidas defendidas pelo Governo.

Para Montenegro, tal posição “inclui capacidade de aproximação em todos os diplomas com todos os partidos que estejam disponíveis”. “Evidentemente, nós sabemos que há muitas matérias em que o Partido Socialista tem alguma proximidade de posições connosco e depois há outras matérias em que o Partido Socialista tem alguma teimosia relativamente às posições que assumiu durante oito anos da governação", disse, referindo-se à questão concreta da imigração.

Centeno "reúne condições", mas decisão sobre governador será tomada na próxima quinta-feira

Questionado sobre o possível bloqueio do pacote legislativo da imigração em Belém, noticiado pelo Expresso, Montenegro limitou-se a dizer que o Presidente da República fará o que entender dentro dos poderes que lhe são conferidos pela Constituição. “O Presidente da República vai fazer uma avaliação [da lei da imigração], uma ponderação, que é simultaneamente política e jurídica e vai exercer os seus poderes que a Constituição lhe confere”, afirmou.

Sobre a decisão relativa ao final do mandato do governador do Banco de Portugal, Montenegro disse que a decisão será tomada em Conselho de Ministros na próxima quinta-feira. "A decisão do governo pode ser de manter ou substituir", disse.

Para Luís Montenegro, qualquer opção que qualquer governo tome é legítima, seja a de recondução de quem lá está, seja a de substituição. "O que posso dizer é que este governo, como todos os anteriores, tomará a sua decisão; o doutor Mário Centeno reúne todos os requisitos para ser governador, isso não está em causa, a opção que o governo tomará é uma opção legitima de qualquer governo", disse.