O dirigente do Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT), Manuel Oliveira, faz um balanço "francamente positivo" da greve dos motoristas dos Horários do Funchal, da Siga Rodoeste e da CAM Madeira, salientando a forte adesão mesmo num Domingo, dia com um menor número de serviços operacionais.

Em declarações ao DIÁRIO e à TSF-Madeira, Manuel Oliveira lamentou a falta de vontade política para resolver o conflito laboral e criticou o Governo Regional por dar prioridade à logística da festa do Chão da Lagoa, em detrimento dos serviços regulares de transporte público colectivo de passageiros.

Os passageiros, razão de existência destas empresas, foram relegados para segundo plano. O mais importante, aparentemente, é garantir transporte para a festa Manuel Oliveira, dirigente do SNMOT

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O sindicalista denunciou que "mesmo contra tudo e contra todos" os trabalhadores mostraram o que querem e o que defendem. "Esta greve era previsível, e o sinal foi claro: a luta vai continuar, caso não haja avanços", sublinhou.

A próxima reunião entre o sindicato e a administração dos Horários do Funchal está agendada para o dia 24 de Julho e o SNMOT espera que seja apresentada uma proposta concreta que possa ser levada aos trabalhadores. "Queremos resolver o problema, não discutir percentagens. As empresas focam-se em números para desviar a atenção das verdadeiras razões que motivam esta luta", reforçou.

Manuel Oliveira dirigiu também críticas ao Governo Regional, que, na sua óptica, continua a adoptar uma postura "confusa e errante". Segundo o dirigente sindical, "o Governo parece esquecer que foi eleito para governar. Até agora, não houve qualquer proposta, nem disponibilidade real para negociar. Como podem os trabalhadores decidir algo, se não lhes foi apresentado nada?", questiona.

O sindicalista considerou ainda que as declarações recentes do secretário regional vieram confirmar o que o sindicato tem vindo a denunciar. "Disse que deu ordem para a empresa reunir com o sindicato. Se deu agora, é porque antes havia ordem para não reunir. Isso prova que nunca houve negociação verdadeira", sublinhou.

Por fim, Manuel Oliveira refutou a ideia de que todos os trabalhadores tenham beneficiado de um aumento salarial de 20 euros, conforme anunciado por membros do executivo regional. "Há discriminações salariais nos Horários do Funchal. Uns receberam, outros não. O secretário diz uma coisa e a realidade mostra outra. O governo tem de assumir as suas responsabilidades com seriedade institucional", frisou.