
Martim Mayer, candidato às eleições presidenciais do Benfica, deixou críticas à gestão que tem sido feita no emblema encarnado.
Martim Mayer escreveu um texto onde aborda a gestão que tem sido feita no Benfica, mais precisamente na secção de futebol. O candidato às eleições presidenciais analisou os últimos mercados de transferências, criticando as mudanças que têm sido feitas e dando exemplos internacionais de casos de sucesso.
Eis a publicação realizada por Martim Mayer:
«O que têm em comum os títulos recentes de clubes como Barcelona, Bayern Munique ou Liverpool? Todos regressaram ao topo dos seus campeonatos depois de uma época sem vitórias. Sem pânico. Sem revoluções.
Esses gigantes responderam com estabilidade. Com inteligência. Com uma visão clara. Ajustaram, sim, mas não destruíram a identidade das suas equipas. Mantiveram o núcleo duro. Renovaram com critério.
O nosso Sport Lisboa e Benfica, infelizmente, tem feito o oposto.
A poucas semanas de disputar a Supertaça e os jogos decisivos de acesso à Liga dos Campeões — que valem dezenas de milhões de euros — o plantel está ainda em aberto, em mudança constante, com indefinições por resolver.
Nos últimos três anos, sob esta direção, o Benfica comprou 29 jogadores e vendeu 45. Quarenta e cinco! Um número que só pode chocar mesmo quem ainda acredita que há uma estratégia coerente por trás deste padrão.
Se não fossem as vendas de talentos formados no Seixal — os verdadeiros salvadores da tesouraria — os resultados financeiros seriam ainda mais preocupantes.
O que resta do plantel que o atual presidente encontrou quando chegou ao poder? Um único jogador: o capitão Otamendi.
E do grupo de 29 jogadores que iniciou a época passada? 15 já não estão cá. Dos 10 que chegaram ao longo da época, metade já saiu.
Isto não é planeamento. Isto é rotação sem critério. É gestão errática.
Como é que se constrói uma equipa campeã sem estabilidade? Como é que se pode exigir resultados a um treinador sem lhe dar uma base sólida com que trabalhar? Como se fala de sustentabilidade financeira e desportiva, quando o clube vive numa espiral de entradas e saídas que consome recursos e destrói a identidade do Benfica?
O Benfica precisa de encontrar equilíbrio. E isso faz-se com decisões desportivas sustentadas por uma gestão que tenha uma estratégia, com uma Direção que tenha a competência para a implementar, como fazem os clubes mais bem-sucedidos da Europa.
Esse equilíbrio tem cinco pilares fundamentais:
1. Estabilidade no plantel, reduzindo o número de entradas e saídas;
2. Renovações bem planeadas, protegendo os ativos e evitando perdas desnecessárias;
3. Formação com impacto real, alimentando a equipa principal com talento que sente o clube;
4. Investimento sério nas infraestruturas, para potenciar rendimento e património;
5. Controlo rigoroso dos fluxos financeiros, com planeamento de médio e longo prazo.
Numa análise aos ciclos 2016–2021 e 2021–2025, e estabelecendo uma comparação com os nossos rivais, encontramos uma tendência clara: quem faz menos transações, ganha mais.
Não vence quem contrata mais. Vence quem contrata melhor.
O Benfica não precisa de promessas ocas, nem de experiências amadoras. Precisa de um projeto sólido, com gente profissionalmente preparada, já com provas dadas. Com um só objetivo fundado no amor ao clube e com foco no Seixal como ativo estratégico — performance desportiva e equilíbrio financeiro.
E não falemos apenas do mercado de transações. Também nas renovações contratuais a atual direção falhou e falha. Casos recentes mostraram como o adiamento de decisões pode custar milhões.
Está na hora de dar um murro na mesa. Basta!
O Benfica tem de voltar a ser gerido com visão, ambição responsabilidade, competência e decência.
“Crescer com ambição, agir com responsabilidade” não é um slogan. É uma fronteira: de um lado, o presente instável. Do outro, o futuro que queremos construir.
Este é o caminho que proponho.
Este é o caminho para o NOSSO BENFICA».