O Presidente da República afastou preocupação com a possibilidade de haver défice em 2025 como prevê o Banco de Portugal e disse que Mário Centeno, desde ministro, sempre foi "muito exigente" e defensor de que "mais vale prevenir".

"É verdade que o primeiro-ministro diz que o governador vai em contramão, porque as previsões vão todas no sentido oposto. Mas isso sempre foi assim. Quando era ministro, o atual governador, Mário Centeno, foi sempre, em matéria de finanças, muito exigente e muito ortodoxo. E, portanto, não muda, naquela idade já não muda", comentou, em declarações aos jornalistas à margem de um almoço para pessoas em situação de sem-abrigo em Lisboa.

Segundo o chefe de Estado, Mário Centeno "prefere prevenir sempre, apertar sempre -- era a grande questão com os colegas do Governo: eles a quererem gastar e ele a querer apertar".

Agora, por causa da conjuntura externa, "o governador quis dizer ao Governo: não estiquem muitas despesas, porque havia folga, e ainda há folga, mas a folga tem limites", tendo em conta os "aumentos em vários setores da Administração Pública, de prestações que estavam devidas e prometidas há muito tempo", resumiu.

"É muito a posição que ele tinha como ministro das Finanças. Ele já como ministro das Finanças era muito agarrado e muito apertado, no sentido de mais vale prevenir do que remediar, e tinha sempre uma grande preocupação em relação à despesas pública", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República referiu que "ainda não começou o ano" e considerou que, "mais do que uma previsão", Mário Centeno quis fazer "um aviso político" ao executivo PSD/CDS-PP chefiado por Luís Montenegro, "como quem diz: no ano que vem eu não vos largo quanto a este ponto".

Questionado se subscreve esse aviso e se também está preocupado, o chefe de Estado respondeu: "Não, não estou preocupado. Neste sentido: ainda não começou o ano. Eu estou preocupado com a situação internacional, estou. Mas tenho a noção de que um Governo minimamente atento percebe, se estiver a correr lá fora mal, que não tem tanto dinheiro para poder gastar".

Na sua opinião, "o Governo naturalmente tem espaço de manobra, tem doze meses para ver o que se passa e para não gastar aquilo que possa dar um défice", em função da situação económica europeia e internacional.

Marcelo veste a camisola pelas pessoas sem-abrigo

O Presidente da República participou este sábado no almoço de Natal para a pessoas em situação de sem-abrigo em Lisboa e vestiu (literalmente) a camisola para ajudar os voluntários.

Marcelo Rebelo de Sousa diz que é preciso esperar pela solução que o Governo vai apresentar para a população sem-abrigo e sublinha um problema recente: o caso de pessoas que trabalham e mesmo assim não têm onde viver.

"É uma nova situação que precisa urgentemente de uma aposta na habitação, com o apoio do Estado, com o apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e com o papel fundamental dos municípios, das autoridades", defendeu.

Para o chefe de Estado, é importante "saber se o Estado mete muito a cabeça ou não, quanto é que vai financiar os municípios, se os municípios têm planos municipais de habitação, sim ou não, como é que vão desenvolver isso, nas situações mais precárias".

"A senhora ministra [do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho] , no dia 29 de outubro, salvo erro, no parlamento disse que ia ser rápida. E, portanto, espero que em janeiro, fevereiro -- porque estamos num buraco, quer dizer, foi um ano em que a estratégia que era para ser aplicada não foi e houve mudança de Governo -- venha aí uma nova estratégia", referiu.

Esta é a 15.ª vez que a associação Centro de Apoio ao Sem-Abrigo (CASA) disponibiliza um espaço em Lisboa, em instalações do Metropolitano de Lisboa, para a realização da iniciativa.

Foi distribuído um kit agasalho e disponibilizado barbeiro, cabeleireiro e serviço de rastreamento de saúde, que conta com o apoio de alunos da Faculdade de Medicina de Lisboa.

Com Lusa