A empresa Navigator Company, uma das maiores no setor de papel e celulose em Portugal, está a enfrentar acusações de pressão para despedir 54 trabalhadores, num momento em que apresenta resultados financeiros positivos.

A decisão, que tem gerado controvérsia, ocorre após a empresa ter registado lucros líquidos de 287 milhões de euros em 2024 e de 48,3 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025, além disso, a Navigator recebeu quase 75 milhões de euros em fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

As críticas surgem principalmente devido à alegada relação entre os despedimentos e a postura dos trabalhadores afetados, que se destacam pela sua postura ativa nas reivindicações salariais e pela organização de greves.

A União dos Sindicatos de Setúbal/CGTP-IN é uma das entidades que se opõe veementemente à ação da empresa, considerando-a uma forma de perseguição aos trabalhadores que não se calam face à administração.

Em comunicado, a união sindical expressou total solidariedade aos 54 trabalhadores e repudiou as atitudes da administração da Navigator, acusando a empresa de atuar de forma autoritária, como se ainda estivesse nos tempos em que a democracia não era respeitada.

Para a organização, a empresa deveria ser exemplo não só no que diz respeito aos lucros, mas também na promoção de um ambiente de trabalho democrático, onde os direitos à reunião e à reivindicação sejam respeitados sem medo de represálias.

Apesar dos números positivos da empresa, que indicam uma sólida performance financeira, a questão dos despedimentos em um contexto de lucros e subsídios públicos levanta sérias dúvidas sobre a gestão interna e o respeito pelos direitos dos trabalhadores.

A situação continua a ser acompanhada pelas entidades sindicais e pela opinião pública, que exige mais transparência e respeito pelos direitos laborais, especialmente quando as empresas estão a beneficiar de fundos públicos para o seu crescimento e estabilidade.