Uma banal discussão familiar sobre a compra de um telemóvel caro transformou-se numa violenta contenda entre duas famílias, culminando na morte de uma mulher e na acusação de múltiplos crimes contra o agressor, revela o Jornal de Notícias.

O incidente ocorreu em dezembro de 2024, no Palácio do Gelo, em Viseu, e chocou a comunidade local

De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), Josefa Canhoto Rosa, conhecida como “Mimi”, estava a fazer compras no shopping com a sua família no dia 27 de dezembro. Enquanto uma parte do grupo se dirigia ao primeiro andar, a irmã de “Mimi” e a filha adolescente protagonizaram uma discussão acesa junto à porta principal do centro comercial. O motivo? A recusa da mãe em comprar um telemóvel topo de gama para a filha.

A discussão chamou a atenção, e nesse momento, José Monteiro, de 25 anos, entrou no shopping com a sua namorada, filho e irmã. A família de José parou para observar a cena, o que rapidamente deu origem a provocações mútuas entre as mulheres dos dois grupos. O verbal descambou para o físico, envolvendo inicialmente as mulheres e, posteriormente, os homens que as acompanhavam, adianta ainda o JN.

Durante o confronto, José Monteiro agrediu o cunhado de “Mimi” com uma barra metálica, enquanto ele próprio foi atingido com uma ripa e uma pedra. Nesse ponto, o arguido afastou-se, dirigindo-se ao seu carro e, em seguida, ao acampamento de Teivas, onde residia. No percurso, em velocidade excessiva, chegou a colidir com outro veículo.

Cerca de dez minutos após o início da desavença, José Monteiro regressou ao Palácio do Gelo, acompanhado de um cunhado e empunhando uma pistola de calibre 6,35 milímetros. “Mimi” e o seu companheiro já se encontravam no exterior do shopping. Segundo o MP, José perseguiu, a tiro, o cunhado e o marido de “Mimi”, tendo este último sido atingido na mão.

Em um ato de defesa dos seus familiares, “Mimi” aproximou-se de José, que estava de costas, e agrediu-o na cabeça com a sua bolsa. Em resposta, o arguido virou-se e efetuou um disparo à queima-roupa no peito de Josefa Canhoto Rosa, a cerca de um metro de distância, causando a sua morte, explica o JN.

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Antes de fugir, José Monteiro ainda disparou na direção dos restantes familiares da vítima, atingindo a sobrinha mais velha de “Mimi” na coxa. O agressor fugiu do local, permanecendo 11 dias a monte até se entregar às autoridades, diz ainda o JN.

A acusação do MP salienta que José Monteiro não conhecia as vítimas e que não havia qualquer animosidade ou rivalidade prévia entre as famílias. A sua ação foi motivada por retaliação às agressões sofridas momentos antes, num momento em que o conflito inicial já estava “sanado”. O MP refere ainda que José “refletiu sobre o meio a utilizar (a pistola) e sobre o local onde poderia obter a arma”.

Após a sua entrega à Polícia Judiciária de Coimbra, José Monteiro foi colocado em prisão preventiva, aguardando julgamento pelos crimes de homicídio e tentativa de homicídio, entre outros.