A Mostra de Artes Performativas de Setúbal (MAPS), que este ano destaca a diversidade como tema central, entra nos seus últimos dias a afirmar-se como uma referência nacional na promoção do diálogo, inclusão e criatividade. A cidade tem sido palco de atuações marcantes e de experiências transformadoras, com iniciativas que têm envolvido artistas, comunidades e público em geral numa verdadeira celebração da participação cultural.

Na noite de ontem, a histórica União Setubalense recebeu um dos momentos mais aguardados: o espetáculo “Vozes da União”, do Colectivo de Cantilhares, que encheu a sala e deixou uma forte impressão no público. Num ambiente carregado de emoção, o coletivo trouxe ao palco histórias de luta e esperança, inspiradas pelas vivências das comunidades e por causas urgentes como a justiça social e a igualdade. Através do canto, da palavra e da presença, a performance tornou-se num manifesto de alerta e transformação, recebendo um aplauso unânime.

A manhã trouxe uma nova perspetiva sobre empatia e escuta ativa. A Praça de Bocage acolheu o passeio sensorial “Na Pele do Outro”, criado por Marisol Carmelino e promovido pelo projeto Setúbal Act & Eco. Neste percurso, o público foi convidado a experienciar, com todos os sentidos, os desafios enfrentados por pessoas em situação de vulnerabilidade, ouvindo relatos reais de exclusão, discriminação, pobreza, doença mental e violência doméstica. A atividade contou com a coordenação de Jéssica Rosa e o registo fotográfico de João Pedro Cardoso.

Simultaneamente, decorreu a “Biblioteca Humana”, também dinamizada pelo Setúbal Act & Eco, onde os “livros” foram pessoas reais que, numa partilha informal, deram a conhecer os seus percursos de vida e de criação. Entre os “livros humanos” estiveram a poetisa Alexandrina Pereira, o fotógrafo Pedro Soares, a animadora sociocultural Rita Santos e o músico João Mota.

Hoje, às 21h30, o palco é do espaço A Gráfica, que recebe a performance “Entre o Sonho e a Realidade Onde Me Sento”, da coreógrafa PINY, num solo intimista que explora a memória, a identidade e o lugar do corpo. Amanhã, o último dia da mostra, traz uma programação intensa com exposições, performances e momentos de reflexão espalhados pela Baixa de Setúbal. Destaca-se a exposição “Dar Cor à Vida”, o percurso performativo “Sem Muros nem Ameias”, a performance “Restos de Oblação” e a celebração poética “Ensaio para Humanidade”.

O encerramento está marcado para as 21h30, no Largo de Jesus, com a criação “Jardim Humano”, da Associação Setúbal Voz, que cruza ópera e testemunhos de vida reais, num tributo à força das histórias e da comunidade. Todas as iniciativas são apoiadas pelo PRR — Plano de Recuperação e Resiliência, no âmbito da Operação Integrada Local, reforçando o papel da arte na coesão e transformação social.

A MAPS 2025 confirma Setúbal como palco vivo de cultura, cidadania e inovação, mostrando ser possível transformar territórios e consciências através da força das artes performativas.