A imigração tem sido a solução para o mercado de trabalho, mas não pode haver uma chamada sem regras. "Ela existe porque há necessidade: há empregos que não seriam cumpridos sem estas pessoas que vêm de outros países." E porquê? Sobretudo porque a taxa de desemprego atualmente é quase residual, explica João Duque em mais um episódio do podcast do SAPO Acerto de Contas, que analisa os temas centrais que vão marcar a próxima legislatura, após as eleições de 18 de maio.

O economista acredita que, do transporte de passageiros em TVDE à entrega de comida, passando pelas cozinhas e salas de restaurantes de todo o país, haverá cerca de 700 mil pessoas cujo desaparecimento seria "um rombo inimaginável na economia". Mas é fundamental introduzir regras na chamada, sob pena de transformar o paraíso que é Portugal num inferno.

Muitos dos que aqui têm chegado nos últimos anos têm uma raiz cultural diferente da nossa e daquela que dominava, por exemplo, na imigração pós-descolonização. O que pode trazer problemas de integração, bem como ser explorado por determinadas ideologias que tentam vender uma "invasão". "Isso é muito perigoso, porque nós precisamos mesmo dos imigrantes", vinca João Duque, ainda que defenda que as regras de chamada devem ser claras e bem definidas.

"Há 1.100 imigrantes a viver em Portugal, são já 10% da população" e não são apenas de baixas qualificações, lembra, porém. Há quadros superiores, professores universitários, médicos, engenheiros, reformados e estudantes estrangeiros. Mas o tipo de imigração não é um detalhe: não é o mesmo deixar entrar todos e fechar os olhos às condições miseráveis em que aqui vivem e trabalham ou chamar engenheiros, médicos, quadros superiores. E o Estado tem um papel nas regras de entrada mas também na integração de quem chega, zelando pela dignidade das condições de vida dos imigrantes, assume o economista, que não tem dúvidas: "Ultimamente tem-se feito um grande esforço para responder e tratar a resposta com profissionalismo e adequação às necessidades."

Numa conversa de 15 minutos em mais um episódio do podcast Acerto de Contas, do SAPO, o economista João Duque explica a economia por trás das promessas eleitorais, focando-se desta vez na imigração, responde às dúvidas e no final aponta o "pecado capital" e a "subida aos céus" naquilo que são os caminhos desenhados para uma solução.

Em seis episódios, o Acerto de Contas aborda seis temas-chave na campanha às Legislativas 2025 e que vão marcar a governação após as eleições de 18 de maio. Além da habitação, da saúde e da imigração, olhamos a importância das contas certas, mas também para o caminho dos rendimentos dos portugueses e o que falta para pôr o país a crescer.

Não perca o quarto episódio do Acerto de Contas, na próxima semana, focado nas contas públicas. Afinal, o excedente serve para quê? Não podia esse dinheiro ser mais bem utilizado a financiar serviços em colapso ou aplicado em investimento para o país crescer? Veja tudo aqui no SAPO ou no Spotify.