Especialistas de várias áreas sugerem às Nações Unidas a criação de um 18.º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) dedicado à conservação e uso sustentável da órbita terrestre, face à crescente ameaça do lixo espacial.
Atualmente, existem 17 ODS, criados em 2015, que abrangem temas como pobreza, fome, saúde, educação, aquecimento global, igualdade de género, água, saneamento, energia, urbanismo, meio ambiente e justiça social.
O artigo, publicado na revista One Earth e citado em comunicado pela Universidade de Plymouth, defende que a proteção do espaço deve ser reconhecida como prioridade global, à semelhança de outras questões ambientais críticas.
Crescimento descontrolado de lixo espacial
Desde os anos 1950, cerca de 20 mil satélites foram lançados para a órbita terrestre, envolvendo cerca de uma centena de países na atividade espacial.
Estes satélites têm benefícios significativos, como a monitorização ambiental e o avanço das telecomunicações. No entanto, o fim da vida útil destes engenhos transforma-os em potenciais detritos que ameaçam não só a segurança dos astronautas, mas também o funcionamento de satélites operacionais.
As estimativas indicam que, até 2030, o número de satélites em órbita poderá ultrapassar os 60 mil, com milhares de milhões de fragmentos de satélites não detetados já a circular no espaço. Este crescimento descontrolado pode tornar a órbita terrestre num ambiente perigoso, semelhante ao que acontece com a poluição nos oceanos terrestres.
Proposta de um Tratado Internacional
Em 2023, os mesmos cientistas já tinham apelado à criação de um tratado internacional juridicamente vinculativo para proteger a órbita terrestre. Agora, reforçam a necessidade de incluir medidas que responsabilizem fabricantes e utilizadores de satélites desde o momento do lançamento.
Segundo os especialistas, estas medidas devem considerar também os custos comerciais, de forma a incentivar práticas mais sustentáveis na indústria espacial.
A proposta do 18.º ODS surge como um passo essencial para prevenir danos irreparáveis causados pela expansão da indústria espacial. Os cientistas alertam que agir agora é crucial para garantir que a exploração do espaço se mantém sustentável, protegendo um recurso vital para o futuro da humanidade.
ESA comprometida em lidar com o problema
A questão sobre se os detritos espaciais representam realmente uma crise será explorada no documentário da ESA sobre o estado do lixo espacial, com estreia na 9.ª Conferência Europeia sobre Detritos Espaciais, a realizar-se de 1 a 4 de abril de 2025, no World Conference Center, em Bona, Alemanha.