Escolas encerradas em França, Itália proíbe trabalho ao ar livre e há mortes atribuídas ao calor extremo

Em Portugal, mais de metade do país está esta segunda-feira sob alerta laranja. OMS fala numa ameaça crescente impulsionada pelas alterações climáticas

PIYAL ADHIKARY/EPA

Uma vaga de calor extremo está a afetar a Europa de forma transversal e severa. França encerrou centenas de escolas, Itália proibiu o trabalho ao ar livre em várias regiões e Espanha já registou mortes atribuídas ao calor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que este tipo de fenómenos está a tornar-se “mais frequente, mais intenso e mais perigoso”, num sinal claro das consequências das alterações climáticas.

“Um calor escaldante está a assolar a região europeia, batendo recordes, sobrecarregando os sistemas de saúde e pondo inúmeras vidas em risco”, afirmou Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa, em comunicado. A organização apela a uma resposta coordenada para proteger os grupos mais vulneráveis, como idosos, crianças, trabalhadores ao ar livre e pessoas com doenças crónicas.

• Em Portugal, mais de metade do país esteve esta segunda-feira sob alerta vermelho, com Beja a registar 44 °C. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil emitiu avisos de risco máximo de incêndio para diversas regiões. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) antecipa uma semana com temperaturas persistentemente elevadas. Hoje há oito distritos sob aviso laranja.
• Espanha enfrenta uma das ondas de calor mais severas de sempre para o mês de junho, com um novo recorde de 46 °C registado em El Granado, na Andaluzia. Em Barcelona, uma trabalhadora da limpeza urbana morreu após um turno de sete horas ao ar livre, estando as autoridades a investigar a possibilidade de golpe de calor como causa da morte, segundo o El País.
• Em Itália, cerca de 20 cidades estão sob alerta vermelho.O governo regional da Lombardia proibiu o trabalho ao ar livre durante as horas mais quentes do dia, após pressão dos sindicatos. A Sociedade Italiana de Medicina de Emergência reporta um aumento de 10% nos casos de insolação nos serviços hospitalares, com os idosos e sem-abrigo entre os mais afetados.
• França também não escapa ao calor extremo. O Météo-France colocou a maior parte do país sob aviso, com temperaturas que poderão atingir 41 °C até quarta-feira. O Ministério da Educação ordenou o encerramento de cerca de 200 escolas, enquanto o Ministério da Saúde ativou uma linha gratuita de apoio à população.
• Na Suíça, os cantões de Genebra, Valais e Vaud emitiram avisos à população, com medidas como entrada gratuita de idosos em piscinas e cinemas. As temperaturas noturnas já não descem abaixo dos 20 °C, criando condições perigosas mesmo fora das horas de maior calor.
• O Reino Unido, menos habituado a este tipo de fenómenos, prepara-se para temperaturas de 34 °C em Londres — o mês de junho mais quente desde que há registos. Os serviços ferroviários já foram afetados, com restrições de velocidade devido ao risco de deformação dos trilhos.

Esta vaga de calor, alimentada por um anticiclone vindo do Norte de África, é mais uma expressão do novo normal climático. Como alerta a OMS, “as ondas de calor já não são raras — são uma ameaça silenciosa e crescente que exige ação imediata”.