A Autoridade Hospitalar de Hong Kong iniciou uma revisão dos testes ao sangue de mais de 400 doentes após detetar defeitos em lotes de um reagente que poderia produzir falsos positivos para cancro da próstata.

A Autoridade Hospitalar anunciou na terça-feira que está a colaborar com a Abbott Laboratories, o fabricante norte-americano do teste para os níveis de antigénio específico da próstata (PSA, na sigla em inglês) no sangue, após ter recebido na semana passada relatos de irregularidades nos controlos de qualidade.

Um aumento dos níveis de PSA pode ser indicativo de cancro da próstata, mas os lotes defeituosos, distribuídos ao Centro Médico Caritas em Sham Shui Po e ao Hospital Tuen Mun, podem "levar a erros clínicos", alertou a agência.

"Defeitos no reagente podem levar a um diagnóstico erróneo de cancro da próstata, levando os profissionais médicos a considerar intervenções desnecessárias", enfatizou a Autoridade Hospitalar.

Iniciada uma "investigação rigorosa"

Citada esta quarta-feira pelo jornal South China Morning Post, a agência garantiu que foi iniciada uma "investigação rigorosa" e que está a contactar os pacientes afetados para repetirem os testes.

O Hospital Tuen Mun não utilizou o produto, mas o Centro Médico Caritas analisou amostras de sangue de 406 pacientes, que realizaram estes testes desde 28 de abril.

Após a avaliação dos resultados, aproximadamente 70 doentes serão contactados esta semana para repetir os testes, enquanto os restantes terão consultas agendadas para os próximos dias.

"Confirmamos que nenhum paciente afetado foi submetido a procedimentos clínicos desnecessários ou sofreu atrasos no tratamento devido a este incidente", afirmou a Autoridade Hospitalar, que criou uma linha telefónica para possíveis consultas.

Empresa pode vir a ser responsabilizada

Além dos testes de PSA, os médicos utilizam métodos complementares, como exames retais, ecografias e biópsias, para diagnosticar o cancro da próstata. Ambos os centros substituíram o reagente defeituoso por alternativas, e outros hospitais públicos não utilizaram os lotes afetados.

Um porta-voz disse que a agência exigiu ao fornecedor "uma investigação completa dos seus controlos de qualidade e registos de testes, bem como explicações e medidas corretivas".

A Autoridade Hospitalar, que notificou o Departamento de Saúde, não descartou ações adicionais para responsabilizar a empresa.

Cancro da próstata foi o 4.º tipo de cancro mais comum em Hong Kong em 2022

Em 2022, o cancro da próstata foi o quarto tipo de cancro mais comum em Hong Kong, atrás do cancro do pulmão, da mama e colorretal, com 2.758 novos casos reportados, de acordo com dados oficiais.

Esta doença foi responsável por 16% dos novos diagnósticos de cancro nos homens, consolidando-se como a terceira mais comum neste grupo, com uma idade média de 71 anos na altura do diagnóstico.

Este tipo de cancro apresentou o maior aumento numa década na população de Hong Kong, com uma subida de 69% entre 2012 e 2022.

O cancro da próstata foi a quarta causa principal de mortalidade por cancro entre os homens, com 519 mortes em 2022, o equivalente a 6,2% de todas as mortes por cancro em homens na cidade asiática, de acordo com a Autoridade Hospitalar.