
A cidade brasileira do Rio de Janeiro acolhe a partir de hoje a cimeira de líderes do grupo BRICS, num primeiro dia centrado na ambição das economias emergentes em reformar as instituições internacionais e na defesa do multilateralismo.
"Eu acho que a mensagem principal é essa: no momento de tantas crises internacionais, conflitos, a gente está vivendo uma sucessão de conflitos que só aumentam de ano para ano, ter um conjunto de países reafirmando o poder da diplomacia, da cooperação, da necessidade de atuar de forma conjunta, para resolver os problemas da população e não para gerar mais destruição, como os conflitos, é uma oportunidade que a gente sempre tem de aproveitar", disse o embaixador Mauricio Lyrio, guia das discussões e acordos dos chefes de Estado na conferência, designado pela presidência brasileira dos BRICS.
Ao todo estarão presentes cerca de 30 países e uma dezena de 9 organizações internacionais, com o chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva a liderar a reunião, que deverá contar com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, do Presidente de Angola e da União Africana, João Lourenço, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, entre outros.
As principais ausências são as dos chefes de Estado russo e chinês, dois países fundadores dos BRICS.
Vladimir Putin, alvo de um mandado de detenção emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), por suspeita de deportação ilegal de crianças ucranianas para a Rússia, participará apenas por videoconferência.
O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, serão os representantes daqueles dois países fundadores do grupo, que representa mais de 40% da população global e mais de 35% do produto interno bruto (PIB) mundial.
No primeiro dia, os chefes de Estado e de Governo dos BRICS têm agendadas duas sessões plenárias, a primeira sobre "Paz e Segurança e Reforma da Governança Global" e a segunda relativa ao Fortalecimento do Multilateralismo, Assuntos Económico-Financeiros e Inteligência Artificial".
Nesta última, deverá ser discutida a revisão das participações acionárias no Banco Mundial, o realinhamento de quotas do FMI e o aumento da representação dos países em desenvolvimento em posições de liderança nas instituições financeiras internacionais e a importância de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU.
Para além disso, e tal como tem vindo a acontecer durante as reuniões ministeriais dos BRICS ao longo dos últimos meses, deverá ser feita uma denúncia ao aumento de medidas protecionistas unilaterais injustificadas, numa referência às medidas anunciadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump; assim como um apelo ao reforço da utilização de moedas locais no comércio entre os países do bloco.
No último dia, na segunda-feira, sessão plenária será sobre "Meio Ambiente, COP30 e Saúde Global".
Termo criado por um analista da Goldman Sachs sobre economias emergentes, o BRIC, constituído inicialmente pelo Brasil, Rússia, Índia e China, reuniu-se pela primeira vez ao nível de chefes de Estado em 2009, e alargou-se à África do Sul em 2011. Atualmente, inclui ainda o Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Irão e Indonésia, bem como a Arábia Saudita, que foi convidada mas ainda não confirmou a sua adesão, para além de mais de uma dezena de países parceiros convidados.
Esta é a primeira reunião que congrega a nova configuração do grupo com 11 países membros.
O Brasil mobilizou cerca de 20 mil militares, além de caças com mísseis, sistemas anti-drone e atiradores de elite para garantir a segurança do evento, que decorre na "cidade maravilhosa" hoje e segunda-feira.
A operação de segurança, denominada Comando Operacional Conjunto Redentor, prevê ainda a utilização de 300 viaturas, 38 veículos blindados, 18 barcos e oito helicópteros.
Os países do BRICS reúnem-se entre hoje e segunda-feira no Rio de Janeiro para tentar reforçar o protagonismo das economias emergentes, num encontro influenciado pelas decisões comerciais e económicas provenientes dos Estados Unidos e pelas ausências dos líderes russo e chinês.
Sob um forte dispositivo de segurança, a cidade brasileira acolhe a cimeira anual de chefes de Estado do grupo dos países emergentes, que representam quase metade da população mundial e 40% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta.
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, cujo país assume a presidência rotativa do bloco, terá de lidar com a ausência do homólogo chinês, Xi Jinping, que faltará a uma cimeira dos BRICS pela primeira vez, e do chefe de Estado russo, Vladimir Putin, alvo de um mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI) por alegados crimes de guerra na Ucrânia.
A China será representada pelo primeiro-ministro, Li Qiang, enquanto Putin irá participar na cimeira por videoconferência.
Os conflitos no Irão e em Gaza deverão ser debatidos no encontro, bem como as tensões decorrentes das tarifas aduaneiras anunciadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O grupo dos BRICS foi inicialmente fundado pelo Brasil, Rússia, Índia e China, juntando-se a África do Sul, em 2011, e inclui agora também o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia, o Irão e a Indonésia. A Arábia Saudita foi também convidada mas ainda não confirmou a sua adesão ao grupo.
Hoje, também é notícia:
CULTURA
A sede da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), em Paris, recebe a partir de hoje a 47.ª sessão do Comité do Património Mundial, que vai analisar e votar candidaturas de dezenas de países, incluindo Brasil, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.
De Portugal, o comité vai analisar a candidatura de um conjunto de obras projetadas pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira, que surge na documentação preparatória da reunião com a recomendação de revisão para decisão posterior.
Do Brasil, vai estar em avaliação a candidatura do Parque Nacional das Cavernas do Peruaçu, em Minas Gerais, com a recomendação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla inglesa) de que o processo deve voltar ao país proponente para, entre outros fatores, garantir a concordância do povo indígena Xakriabá.
Por seu lado, quer a candidatura da Guiné-Bissau -- o arquipélago dos Bijagós - quer a de Moçambique -- do Parque Nacional de Maputo - estão sob proposta para inscrição como Património Mundial.
INTERNACIONAL
O Dalai-lama completa hoje 90 anos e deverá dar algumas pistas sobre o local onde poderá encontrar-se o seu sucessor ou sucessora, após a sua morte, ainda que sábado tenha dito que espera viver mais 30 ou 40 anos, uma declaração significativa no contexto de uma crise com a China sobre a sua sucessão.
Numa declaração gravada transmitida durante cerimónias de oração que antecederam o seu 90º aniversário, o líder espiritual e Nobel da Paz indicou que a busca pelo sucessor deverá seguir os rituais estabelecidos desde a criação da instituição, em 1587.
"O próximo Dalai-lama deverá ser encontrado e reconhecido segundo a tradição do passado. A instituição do Dalai-lama continuará", afirmou Tenzin Gyatso, o 14º Dalai-lama.
A afirmação surge após anos de especulação em torno da possível extinção da linhagem espiritual, alimentada por declarações anteriores do próprio Dalai-lama, que admitiu poder vir a ser o último líder espiritual.
O Dalai-lama fugiu do Tibete em 1959, após uma revolta esmagada pelas tropas chinesas em Lhasa, e vive desde então no exílio em Dharamshala.
A tradição budista tibetana sustenta que o Dalai-lama pode escolher o corpo no qual será reencarnado - algo que, segundo o líder, acontecerá "fora da China", um desafio direto às autoridades chinesas.
A China reiterou que o sucessor do Dalai-lama deverá ser "aprovado pelo Governo central", enquanto o Governo indiano assegurou que irá manter-se à margem da escolha do sucessor do Dalai-lama, contrastando com as autoridades chinesas que rejeitam o processo e consideram o líder espiritual tibetano um separatista da região anexada.