Neste 2025, após um dérbi entre Benfica e Sporting que decidiu a Taça da Liga e outro que sentenciou a Liga, como não há duas sem três, aí está o terceiro numa final da Taça de Portugal.

Será o 40º duelo entre o Benfica e o Sporting a contar para a prova rainha do futebol português. Ao contrário da generalidade de confrontos entre ambos, em que a contabilidade favorece os encarnados, na Taça de Portugal é o Sporting que tem a vantagem.

Desde 1942 até aos dias de hoje, existiram 39 jogos entre águias e leões a contar para a Taça de Portugal. Os verde-e-brancos saíram vencedores em 20 duelos e marcaram por 78 vezes. O Benfica saiu por cima em 16 dérbis, apontaram 67 golos e empataram em três ocasiões.

A vantagem do Sporting sobre o Benfica nos duelos a contar para esta competição, muito se deve ao histórico no seu próprio terreno. Contando as 18 vezes em que recebeu o eterno rival nos seus estádios (Lumiar, “mítico” José Alvalade e “novo” José Alvalade), a equipa leonina venceu por 15 vezes e marcou 42 golos. Já os encarnados venceram no terreno do rival só por três vezes, apontou apenas 18 golos e nunca houve qualquer empate.

Fica uma curiosidade já com mais de 60 anos. Vencer os verde-e-brancos na sua própria casa, é algo que o Benfica não sabe o que é desde 1963. Ocasião em que venceu os leões (1-0) na segunda mão da meia-final da edição de 1962/63. No entanto, não teve qualquer efeito, pois os leões tinham vantagem de dois golos e acabaram por vencer a competição. Desde então, oito triunfos em oito jogos por parte da equipa de Alvalade (1976, 1977, 1978, 1984, 2008, 2015, 2019 e 2024).

A história é diferente quando os duelos são em casa dos benfiquistas. Nas suas casas (Campo Grande, Jamor emprestado, “mítico” Estádio da Luz e “novo” Estádio da Luz), o Benfica recebeu e venceu o eterno rival por sete vezes e colocou 29 bolas nas redes leoninas. Já o Sporting foi ao terreno do rival impor-se por três vezes e marcou por 20 vezes.

Curiosamente, os três empates entre os dois clubes para a Taça de Portugal ocorreram sempre em terreno encarnado (1960, 2005 e 2024). Dos três empates, apenas um (2005) acabou por ser favorável às aguias, quando um desempate por grandes penalidades lhe foi mais favorável (7-6 em g.p, após um empate 3-3). Nos restantes dois (0-0 em 1960 e 2-2 em 2024), o Sporting saiu mais satisfeito, pois levou para o ninho da águia uma vantagem que manteve nas duas meias-finais.

O jejum dos leões no terreno benfiquista para a Taça de Portugal, é menor do que o inverso. Desde 2000 que o Sporting não vence na Luz para a prova rainha, altura em que eliminou o Benfica nos oitavos de final da edição 1999/2000. Apesar de ter tirado pouco proveito, pois perderia a final para o FC Porto (0-2). Desde então, só vitórias do Benfica (2013 e 2019) ou empates (2005 e 2024).

Os restantes duelos ocorreram em campo neutro, ou seja, em finais. No total, houve oito finais entre Benfica e Sporting. Em finais, o resultado é o contrário do geral e é altamente risonho para os encarnados.

Nas oito finais, o Benfica levantou a Taça por seis vezes (1952, 1955, 1970, 1972, 1987 e 1996) e Sporting apenas por duas ocasiões (1971 e 1974). No global das mesmas, os jogadores encarnados marcaram por 20 vezes e os jogadores leoninos apontaram 16 golos.

Apesar de oito finais e 39 confrontos na prova rainha entre os rivais da segunda circular, esta era uma final algo mais recorrente antes (5) do que depois (3) do 25 de abril de 1974. Embora a edição de 1973/74 ter sido finalizada já após a revolução, a maior parte da mesma foi disputada ainda nos últimos respiros do antigo regime. No entanto, fica o dado simbólico da final de domingo marcar o empate entre jogos da Taça disputados antes (20) e depois (19) do 25 de abril de 1974

Sendo o clube com mais Taças de Portugal conquistadas, o Benfica procura reforçar esse esse estatuto e levantar a 27º. Já o Sporting além de procurar a 18º Taça de Portugal e aproximar-se do estatuto de segundo clube com mais provas rainhas (pertencente ao FC Porto neste momento com 20), os leões também buscam a sétima dobradinha (1941, 1948, 1954, 1974, 1982 e 2002) da sua história.

O dérbi é eterno e na festa de futebol do Jamor igualmente. Este domingo, a tradição continuará.

6.

1995/96: Benfica 3-1 Sporting – Foi a oitava e última final entre águias e leões. A 18 de Maio de 1996 e após uma época em que os dois rivais da segunda circular tinham falhado o principal objetivo da época (FC Porto foi bicampeão), ambos procuravam o último triunfo da época.

O Benfica vivia a segunda época consecutiva sem qualquer troféu, além de um início conturbado e com uma revolução no plantel que não surtiu o efeito desejado. Mário Wilson tinha rendido Artur Jorge no comando técnico dos encarnados ainda no início da época, em setembro. Apesar de alguns tropeços em jogos fulcrais, a equipa do “velho capitão” até foi sendo regular e terminara a época no segundo lugar, além da final da prova rainha. As águias buscavam a 23º Taça de Portugal, que lhes fugia há três anos.

Já o Sporting finalizava uma época em que “instabilidade” foi a palavra mais verificada durante o percurso da mesma. Foram 32 os futebolistas utilizados, três treinadores a passarem pelo banco (Carlos Queirós até fevereiro, Fernando Mendes foi interino e Octávio Machado finalizou a época) e com uma troca de presidente a um mês do final da época (Santana Lopes saiu e entrou José Roquette). O campeonato tornou-se inalcançável em janeiro e o rendimento da equipa foi pobre para tão alto investimento. Apesar de toda a conturbação, Octávio ainda conseguiu levar a equipa à final da Taça, estabilizar a equipa no terceiro lugar (sem derrotas até ao fim) e a uma gloriosa conquista da Supertaça em Paris, frente ao FC Porto e para a alegria dos emigrantes sportinguistas. Os leões procuravam revalidar a competição que tinham vencido um ano antes, que seria a 13º e chegando à terceira final consecutiva.

Pelos encarnados alinharam: Michel Preud´Homme, Kenedy, Ricardo Gomes, Hélder Cristóvão, Dimas, Paulo Bento, Calado, Bruno Caires, Valdo, João Vieira Pinto (c) e Mauro Airez.

De leão ao peito jogaram: Costinha, Luís Miguel, Marco Aurélio, Naybet, Nélson, Vidigal, Pedro Martins, Peixe (c), Sá Pinto, Afonso Martins e Iordanov.

Embora o ambiente prometesse, a verdade é que dentro do campo, cedo se percebeu a tendência. O equipa encarnada apresentou-se muito mais disciplinada, mais técnica e com a lição bem estudada, além de apresentar os seus melhores elementos. Do lado contrário e de forma incompreensível, a equipa leonina apresentou-se mais receosa, com três médios de características defensivas e sem armas suficientes para conseguir um ataque completo.

Bem cedo, aos oito minutos, surgiu o primeiro golo. Do lado direito do ataque benfiquista, Calado remata fora da área, Costinha defende para a frente, Ricardo Gomes tenta um segundo remate, ao qual o guardião leonino não segura totalmente com as mãos e permite que Mauro Airez chute para o fundo das redes. O argentino nunca deu descanso aos defesas verde-e-brancos e aproveitava os seus erros. Aos 39 minutos, surge o segundo tento das águias. Uma exibição recheada de lucidez e atitude de Bruno Caires, veio ao de cima quando isolou o capitão João Vieira Pinto e que frente a frente com Costinha, não perdoou.

A vantagem dos rapazes de Mário Wilson ao intervalo era inquestionável. Durante a primeira parte, o Benfica foi sempre mais ofensivo e com mais oportunidades de golo. Já os homens de Octávio Machado só conseguiam rematar de longe e só quando houve a troca de Peixe (amarelado) por Paulo Alves, a equipa começou a ficar mais equilibrada. Até então, devido ao excesso de jogadores defensivos, o Sporting não conseguia sair para o ataque e era nítida a desvantagem de Sá Pinto e Afonso Martins perante os adversários.

Na segunda parte, a tendência não se alterou muito. Apesar da entrada de José Domínguez ter feito bem ao jogo ofensivo dos leões, defensivamente a equipa apresentou-se mais frágil e a cometer muitos erros. Uma situação que ficou patente no terceiro golo dos encarnados. Aos 67 minutos, Valdo bate um canto, Mauro Airez cabeceia para a pequena área e está lá (mais uma vez) João Pinto, que cabeceia sem qualquer oposição. Estava feito o xeque-mate, um 3-0 e a Taça de Portugal estava prestes a voltar à Luz.

Até ao fim, o Benfica esteve sempre mais confortável e a gerir até ao fim. Enquanto o Sporting pouco ia conseguindo fazer, além de desperdiçar as poucas ocasiões que dispunha e que podiam relançar o jogo. O tento de honra dos homens de Alvalade ia chegar ao minuto 83. O veterano Carlos Xavier (que fazia o último jogo da sua carreira) marcava de grande penalidade, assinalada a castigar uma falta (discutível) de Ricardo Gomes sobre Sá Pinto.

Fim do jogo e o Benfica termina a época num modo positivo e com a 23º Taça de Portugal na sua posse. No entanto, a entrega do troféu só foi feita uma semana depois, no Estádio da Luz e perante os adeptos. Esta respeitosa decisão, deveu-se a um trágico acontecimento e que acabou por transformar esta final num dos momentos mais traumáticos e horríveis do futebol português, em vez de uma boa tarde de futebol que deveria somente ter sido.

Na primeira parte do encontro, o primeiro golo dos encarnados é comemorado no topo sul (onde estavam os adeptos do Benfica) com o lançamento de um very-light por parte de um adepto. O objeto atravessa de forma audível e no ar o campo todo, vai em direção ao topo norte (onde estavam os adeptos leoninos) e atinge mortalmente no peito, um adepto do Sporting. Um episódio horripilante que foi o culminar de uma falta de civismo e bom senso, acabando num triste luto.

O adepto sportinguista, Rui Mendes (36 anos, pai e natural do Luso), acabou por perder a vida a caminho do hospital São Francisco Xavier. O adepto benfiquista a cometer a negligência, Hugo Inácio, acabaria detido, julgado e condenado a 5 anos de prisão só em 1998.

Um episódio que o mundo amante e civilizado do futebol, deseja nunca mais ver semelhante. Pois, é tristíssimo que um adepto se desloque da sua humilde terra até à metrópole, por amor ao seu clube e termine a vida desta forma.

5.

1986/87: Benfica 2-1 Sporting – A 7 de junho de 1987, jogava-se no Estádio do Jamor a sétima final da Taça de Portugal entre os dois rivais da segunda circular. A época tinha sido marcada por vários episódios insólitos para os dois clubes. O Benfica era recém campeão e procurava a nona dobradinha da sua história. No entanto, a equipa do britânico John Mortimore era criticada pelo futebol praticado e tinha sido marcada pela humilhante derrota sofrida aos pés do rival em Alvalade, a 14 de dezembro de 1986: os míticos 7-1.

Já o Sporting do britânico Keith Burkinshaw, além da exibição histórica frente aos encarnados (ainda com Manuel José no comando da equipa), tinha também feito outra exibição histórica antes dessa e que demonstrou o que aquela equipa era capaz de fazer. Em novembro tinha derrotado o Barcelona para a Taça UEFA (2-1), mas com um golo sofrido (injustamente), os leões terminaram eliminados da competição (tinham de vencer os catalães com dois golos de vantagem). No fundo, o desalento das exibições frente a Barcelona e Benfica não terem servido para terminar sem progresso na prova europeia e num dececionante quarto lugar do campeonato (a dez pontos de atraso do Benfica). Restava a ambição pela 12º Taça de Portugal, para não terminar 1986/1987 sem títulos.

O onze do Benfica foi: Silvino, Veloso, Dito, Edmundo, Álvaro Magalhães, Nunes, Shéu, Carlos Manuel, Diamantino, Chiquinho Carlos e Rui Águas.

Pelo Sporting, entraram em campo: Vítor Damas, Vergílio, Venâncio, Duílio, João Luís, Oceano, Mário Marques, Peter Houtman, Silvinho, Manuel Fernandes e Ralph Meade.

O Benfica apresentou-se mais organizado e demonstrou mais talento que os rivais. Num jogo bem dividido, os encarnados foram mais coesos no aspeto defensivo e aproveitaram melhor as oportunidades que criaram. Um bis de Diamantino ditou o destino do encontro nos momentos mais cruciais que podiam desmotivar o coletivo leonino: antes (39 minutos e num livre direto de excelente execução) e depois do intervalo (55 minutos, após receber de Carlos Manuel e deixando para trás dois jogadores leoninos antes de bater Damas).

Numa altura em que até já os adeptos gritavam “olé” cada vez que o Benfica trocava a bola no meio-campo do Sporting, os leões responderam. Num lance de construção, Mário mete longo no ataque e descobre Marlon Brandão, que passando pelo meio da defensiva encarnada, chuta para o fundo da baliza e relança o jogo. No entanto, aos 80 minutos já era algo apertado e o jogo acabou por terminar assim. O Benfica conquistava a sua 21º Taça de Portugal e obtinha a nona dobradinha da sua história.

4.

1971/72: Benfica 3-2 Sporting – No estádio do Jamor, jogava-se a 4 de junho de 1972, mais uma final entre Benfica e Sporting. Entre os dois clubes, já era a terceira consecutiva (após 1970 e 1971) e valia como um desempate (1970 foi encarnada e 1971 foi verde-e-branca), além de ser a quinta da história.

O cenário das duas equipas era muito distinto. O Benfica era bicampeão com Jimmy Hagan (O Senhor “No Comments”) e procurava a 15º Taça de Portugal da sua história, além da sexta dobradinha da sua história. Ao Sporting de Mário Lino, restava manter a Taça de Portugal na sua posse para não terminar a época sem qualquer título conquistado, após um dececionante terceiro lugar no campeonato.

O onze das águias foi: José Henrique, Artur Correia, Messias, Humberto Coelho, Adolfo Calisto, Jaime Graça, Toni, Vítor Martins, Diamantino Costa, Eusébio e Nené.

Já o coletivo dos leões foi: Vítor Damas, Pedro Gomes, José Carlos, Laranjeira, Hilário, Gonçalves, Fernando Tomé, Fernando Peres, Dinis, Chico Faria e Héctor Yazalde.

O jogo foi intenso, naquela que foi a primeira final da Taça de Portugal e chegar a tempo de prolongamento. Aos 18 minutos de jogo, após um lapso de Laranjeira e de uma defesa incompleta de Damas, Eusébio aproveita uma recarga para fazer o primeiro golo da tarde. O duelo foi para o intervalo, em vantagem para as águias.

A segunda parte, tinha reservada uma reviravolta. Após Fernando Peres ter empatado o jogo de grande penalidade aos 51 minutos, dez minutos mais tarde, foi Dinis a marcar um golaço fora da área com o pé esquerdo. Mas foi por pouco tempo que o Sporting esteve na frente, pois Eusébio fez mais uma das suas e empata quatro minutos depois, numa cabeçada após um canto de Nené.

Após o início do prolongamento e algumas oportunidades para ambos os lados, o jogo foi sentenciado aos 118 minutos. Num livre á sua imagem e marca, Eusébio manda um míssil ao que Vítor Damas só conseguiu reagir quando a bola já tinha entrado. Um hat-trick do pantera negra que fica para a história e que deu mais uma Taça e dobradinha ao coletivo das águias.

3.

1973/74: Sporting 2-1 Benfica – O país voltava a estar vivo apesar da grande conturbação da revolução. A 9 de junho de 1974, cerca de um mês e meio após o 25 de abril, a época 1973/74 terminava com um Sporting – Benfica na final da Taça de Portugal. Os leões treinados por Osvaldo Silva procuravam a sua quarta dobradinha e vencer a primeira final da prova rainha após a revolução, depois de o terem feito com o campeonato (ganho com dois pontos de vantagem sobre as águias). Já o Benfica de Fernando Cabrita, ia em busca da recuperação da Taça de Portugal, com o objetivo de não terminar a época sem qualquer troféu conquistado.

Pelos verde-e-brancos alinharam: Vítor Damas (c), Manaca, Alhinho, Vitorino Bastos, Vítor Baltasar, Paulo Rocha, Wágner Canotilho, Dé, Marinho, Nélson Fernandes e Dinis.

De águia ao peito jogaram: Bento, Artur Correia, Humberto Coelho, Rui Rodrigues, Barros, Vítor Martins, Toni, Vítor Batista, António Simões, Jordão e Nené.

Uma grande final com o estádio a estremecer pelo ambiente forte, cheia de nervos e com invasões de campo. As hostilidades começaram quando aos 32 minutos, Nené coloca a bola no fundo da baliza de Damas, após passe de Jordão. O resultado manteve-se inalterado até a um minuto do fim. Aos 89 minutos e já com público atrás da baliza norte, Chico Faria iguala a partida e lá se deu a primeira (“pequena”) invasão de campo. O jogo manteve-se intenso até ao fim do prolongamento e já quando havia público atrás de todas as linhas do campo, lá veio a obra-prima do jogo. Aos 107 minutos, após uma recuperação de bola de Dinis, a bola fica com Chico Faria que deixa Humberto Coelho para trás e passa para o lado, a Marinho que sentencia a final ao desfeitear Manuel Bento.

O capitão Vítor Damas foi até à tribuna receber a primeira Taça de Portugal em liberdade e das mãos do novo Presidente da República, António de Spínola. Naquela que foi também a última final do Jamor de Eusébio de águia ao peito, o Sporting levantou a nona da sua Taça de Portugal e a quarta dobradinha da sua história.

2.

1970/71: Sporting 4-1 Benfica – A 27 de junho de 1971, jogava-se a quarta final da Taça de Portugal entre os dois rivais da segunda circular. Em toda a linha, o cenário parecia favorecer a equipa da Luz. O Benfica tinha acabado de se sagrar campeão nacional (pela 18º vez) e tinha vencido todas as finais frente aos leões (1952, 1955 e 1970). Já ao Sporting, apenas restava a prova rainha para salvar a época e de não terminar sem qualquer troféu conquistado.

O onze do Sporting foi: Vítor Damas, Manaca, José Carlos (c), Laranjeira, Pedro Gomes, Gonçalves, Nélson Fernandes, Fernando Peres, Marinho, Dinis e Chico Faria. Treinado por Fernando Vaz.

Pelo Benfica, entraram em campo: José Henrique, Malta da Silva, Humberto Coelho, Zeca, Adolfo Calisto, Matine, Jaime Graça, Eusébio, António Simões (c), Nené e Artur Jorge. O treinador era Jimmy Hagan.

Na primeira parte, a equipa de Fernando Vaz foi dona e senhora do jogo. Sem dar hipóteses ao rival recém-campeão, Dinis abriu o marcador aos cinco minutos e numa jogada individual digna de registo. Aos 23 minutos, foi a vez de Nélson Fernandes colocar o seu nome na lista de marcadores de uma tarde gloriosa para o Sporting. Até que a 12 minutos do intervalo, o avançado Chico Faria marcou o terceiro e num lance em que deixou José Henrique para trás, além de ter vencido a oposição de dois defesas encarnados.

Na segunda parte, o ritmo foi mais brando e ganhou alguma vida aos 59 minutos, por intermédio de Eusébio. O pantera negra converteu uma grande penalidade e abriu um pouco o jogo, mas não durou muito. Novamente por Chico Faria, o Sporting chega ao quarto golo aos 71 minutos. O árbitro Francisco Lobo apitou para o fim da partida e a vitória estava consumada.

Os leões voltavam a vencer a prova rainha do futebol português, pela sétima vez na sua história e pela primeira vez, frente ao eterno rival e com uma goleada. Até hoje, esta foi a final de Taça de Portugal entre leões e águias com o resultado mais desnivelado.

1.

1951/52: Benfica 5-4 Sporting – Costuma-se dizer que a primeira nunca se esquece. Pode-se dizer que no caso das finais de Taça de Portugal entre Benfica e Sporting é um desses casos. A 15 de junho de 1952 não se jogou a primeira final entre os dois clubes, como a mesma ficou marcada como a final com mais golos (nove).

A festa do futebol no Jamor prometia. Os leões orientados pelo britânico Rudolph Galloway, eram bicampeões e procuravam a terceira dobradinha da sua história. Os “cinco violinos” já não jogavam juntos, mas a equipa ainda se mantinha coesa, muito forte e a mais respeitada do futebol português. O Benfica treinado por Cândido Tavares, procurava a terceira Taça de Portugal consecutiva, contava com uma equipa notável e forte no ataque.

O coletivo titular benfiquista foi: José Bastos, Artur Santos, Joaquim Fernandes, Félix Antunes, Francisco Ferreira, José Rosário, Francisco Moreira, Arsénio Duarte, Corona, José Águas e Rogério Pipi. Treinado por Cândido Tavares.

Já o onze sportinguista foi: Carlos Gomes, Manuel Passos, Joaquim Pacheco, Juvenal da Silva, Juca, Veríssimo Alves, Pacheco Nobre, João Martins, Rola, Travassos e Albano.

A primeira parte acabou empatada a um golo. O “violino” Albano deu início às hostilidades, converteu um penálti aos nove minutos e colocou os leões em vantagem. Apenas dois minutos depois, aconteceu o mesmo filme na área contrária. Uma grande penalidade assinalada por Reis Santos e convertida por Rogério Pipi, colocava o dérbi empatado aos onze minutos. Já perto do intervalo, aos 43 minutos, o mesmo Rogério Pipi podia ter passado o Benfica para a frente do marcador numa nova marca dos onze metros. Desta vez, não foi capaz de desfeitear o guardião leonino.

Os segundos 45 minutos foram frenéticos e cheios de incerteza até ao fim. O avançado benfiquista Corona ainda colocou o seu clube em vantagem aos 49 minutos, mas foi sol de pouca dura. Os próximos minutos iam ser do Sporting. Aos 51 minutos, Rola empata o jogo e aos 55 é João Martins que coloca os verde-e-brancos em vantagem. Era já a segunda cambalhota no marcador, mas ainda havia mais uma a chegar. Aos 69 minutos, o Benfica empata o jogo e novamente por intermédio do craque Rogério Pipi. Os leões não se deixaram ficar e voltaram para a frente do marcador dois minutos depois, novamente por Rola. Os encarnados não gostaram e foi José Águas que aos 73 minutos, coloca outra vez o placar a valores iguais. Esteve assim até bem perto do fim, estava tudo guardado para os 90 minutos e lá tinha de aparecer um dos craques para resolver a situação para um dos lados. O mesmo apareceu e para fazer um hat-trick, Rogério Pipi faz nova desfeita a Carlos Gomes e fim da partida.

O Benfica vence a mítica final em que ambos os clubes ficam de parabéns pelo protagonismo e por nunca mais ter havido uma final com tantos golos. Uma verdadeira festa do futebol. As águias assim, não só impediam o rival de chegar novamente a uma dobradinha, como também reforçavam o estatuto de clube com mais Taças de Portugal conquistadas (a sexta então). Um estatuto que nunca mais largou até hoje em dia (tem 26 conquistadas).