Os clássicos entre o FC Porto e o Benfica envolvem muita paixão, intensidade e um conjunto de desejo de vitória, com vontade de nunca perder para o rival. Sendo as águias, seguidos dos dragões, os conjuntos que mais venceram o campeonato nacional da primeira divisão, naturalmente muitos dos resultados dos clássicos tiveram influência direta no desfecho final de quem seria o campeão. Quando assim não foi, pelo menos, uma vitória sobre o rival serviu como trunfo para chegar ao troféu ou impedi-lo de chegar. Uma das riquezas do clássico FC Porto-Benfica, é que o histórico mostra que já de tudo isto aconteceu.

Para a Liga Portuguesa, realizaram-se vinte clássicos no Estádio do Dragão e dos quais, nove foram realizados na segunda volta. No total, o histórico de vinte anos favorece os dragões com dez triunfos, seis terminaram empatados e quatro foram ganhos pelos encarnados. No entanto, a balança pende ainda mais a favor dos portistas quando o clássico é disputado na segunda volta. Em nove jogos, por seis vezes, o FC Porto manteve os três pontos na invicta, dois terminaram em empate e apenas por uma vez, o Benfica saiu vencedor.

No que diz respeito aos golos, o registo acompanha o anterior. Nos vinte clássicos realizados no Estádio do Dragão, as equipas do FC Porto apontaram 36 golos, os jogadores do Benfica apenas 21. Dos 36 tentos apontados pelos dragões, 20 reportam apenas aos clássicos da segunda volta. Quanto às águias, das 21 bolas que colocaram nas redes portistas, apenas nove foram nos jogos da segunda ronda do campeonato.

Contudo, desde a inauguração dos novos estádios, já existiram dois clássicos no Estádio do Dragão que acabaram por não ter qualquer influência nas contas finais do campeonato. Em ambos, os dragões venceram.

O primeiro foi na época 2007/08. A quatro jornadas do fim, o FC Porto era líder incontestado e já campeão. Antes do clássico do Dragão, os portistas de Jesualdo Ferreira tinham 18 pontos de avanço do Vitória de Guimarães (segundo) e 20 sobre o Sporting. Já o Benfica era quarto, estava no terceiro treinador (Chalana seguia-se a Fernando Santos e Camacho) e tinha mais jogos não ganhos (15) do que ganhos (11).

A equipa de Jesualdo venceu por 2-0 (bis de Lisandro López), mas sem qualquer diferença e impacto. O FC Porto já era campeão e terminou a Liga com 20 (14 na altura, à conta da subtração de pontos relativa ao processo “Apito Dourado”) pontos de vantagem do Sporting (segundo), 22 do Vitória de Guimarães e 23 do Benfica (quarto).

O segundo foi em 2013/14, com o cenário contrário. O Benfica era líder e já campeão, com sete pontos de avanço do segundo (Sporting). O FC Porto era terceiro já sem possibilidades de conquistar qualquer título. Os dragões estavam a 16 pontos das águias campeãs e a nove dos leões.

Os azuis e brancos venceram por 2-1 (marcaram Ricardo Pereira, Enzo Pérez de penálti e Jackson Martínez de penálti), mas novamente sem qualquer diferença e impacto. O Benfica já era campeão e foi-o com sete pontos de vantagem do Sporting (segundo) e 13 sobre o FC Porto, cuja vitória só serviu para cumprir calendário e encurtar a desvantagem para os rivais.

No entanto, nos outros sete clássicos da segunda volta houve sempre algo mais ou menos relevante em jogo. Todos os duelos mexeram com o ambiente do campeonato que estava em disputa e muitos foram altamente decisivos para o desfecho final da Liga.

7.

FC Porto 3-1 Benfica – 2009/10 O Benfica era líder com seis pontos de vantagem sobre o SC Braga (segundo) e onze sobre o FC Porto (terceiro). Se as águias vencessem ou empatassem, o título era comemorado em pleno Estádio do Dragão. Os dragões de Jesualdo Ferreira ambicionavam, no máximo, uma queda dos bracarenses e uma subida ao segundo posto para uma ida à Champions League. O título já era impossível, mas jogava-se a honra dos dragões.

Pelos dragões alinharam: Beto, Fucile, Rolando, Bruno Alves (c), Álvaro Pereira, Fernando, Guarín, Raúl Meireles, Belluschi, Hulk e Farías.

Pelas águias, o onze foi: Quim, Maxi Pereira, Luisão (c), David Luiz, Fábio Coentrão, Javi García, Ramires, Di María, Carlos Martins, Saviola e Cardozo.

Embora o jogo fosse equilibrado, as águias foram ligeiramente superiores no primeiro tempo e os dragões superiores no segundo tempo. Após muitas tentativas de ambos os lados, Bruno Alves abriu as contas. Aos 42 minutos, o capitão portista respondeu com a cabeça a um canto de Belluschi.

Na segunda parte e um pouco contra a corrente, o outro capitão empatou. Aproveitando uma confusão na área e após receber a bola de Maxi Pereira, Luisão rematou com o pé esquerdo, aproveitando a falha de marcação de Rolando e Fucile. Três minutos depois, Ernesto Farías colocou a sua equipa novamente em vantagem. O avançado argentino recebeu a bola de Belluschi na área e após virar costas, apesar da concorrência de Luisão, rematou com o pé esquerdo. Quando o jogo parecia mais partido e que qualquer golo mais podia sentenciar, veio a obra-prima do jogo. Aos 82 minutos e após receber a bola de Hulk, Fernando Belluschi avança desde o lado esquerdo do ataque até à entrada da área, faz um “túnel” a Pablo Aimar e remata um “míssil” sem hipótese para Quim.

O Benfica acabou por ser campeão, após a vitória frente ao Rio Ave (2-1), na Luz. Apesar da derrota no Dragão, alargou a vantagem sobre os bracarenses e festejou o 32.º campeonato perante os seus adeptos. O FC Porto permaneceu em terceiro, mas impediu a águia de festejar na “sua casa”.

6.

FC Porto 5-0 Benfica – 2023/24 – O Benfica era segundo a um ponto do líder Sporting. O FC Porto era terceiro a dez pontos dos leões e a nove das águias. Uma derrota afastava praticamente os dragões da corrida, mas um triunfo podia voltar a fazer sonhar. Já o Benfica, embora o empate não desfavorecesse muito, convinha ganhar, pois a concorrência com o Sporting era enorme e não podia ver fugir o primeiro lugar.

Pelos dragões, o onze foi: Diogo Costa, João Mário, Pepe (c), Otávio, Wendell, Nico González, Alan Varela, Francisco Conceição, Wnderson Galeno, Pepê e Evanilson.

Pelas águias jogaram: Trubin, Aursnes, António Silva, Otamendi (c), Morato, João Neves, Kokçu, Di María, Rafa Silva, João Mário, Tengstedt.

A verdade é que o domínio dos azuis e brancos, foi avassalador. Galeno bisou na primeira parte (aos 20 e 44 minutos). Wendel e Pepê alargaram a vantagem (aos 55 e 75 minutos, respetivamente). A cereja no topo do bolo veio, quando Danny Namaso (entrado oito minutos antes) fez o quinto tento (aos 90 minutos) e fez lembrar um dia inesquecível para os portistas: 7 de novembro de 2010. Após o 5-0 desse dia (bis de Falcao, bis de Hulk e Varela), mais um 5-0 para o historial.

A equipa de Roger Schmidt acabou por perder o título mais à frente, tendo aumentado o fosso em nove pontos. Acabou a dez pontos do campeão Sporting. Já os homens de Sérgio Conceição não tiraram partido do impacto da goleada, mantiveram o terceiro lugar e ficaram a oito pontos das águias e a 18 dos leões.

5.

FC Porto 1-1 Benfica – 2004/05 – Foi o primeiro clássico da história entre azuis e encarnados, no novo Estádio do Dragão. Foi igualmente numa das edições da Liga Portuguesa mais competitivas, ainda hoje recordada como tal.

Embora os dragões de José Couceiro (terceiro treinador da época depois de Del Neri e Víctor Fernández) e as águias de Giovanni Trapattoni (a “velha raposa”) dividissem a liderança com 41 pontos, a verdade é que não estavam sozinhos, muito pelo contrário. O Sporting de José Peseiro e o Boavista de Jaime Pacheco dividiam o terceiro lugar, ambos com 39 pontos. O SC Braga de Jesualdo Ferreira tinha menos um ponto, na quinta posição. Já para não falar que entre o sexto classificado (Marítimo, a três pontos dos bracarenses) e o 12º (Belenenses), a distância era apenas de seis pontos. Um triunfo de qualquer dos emblemas, significava a liderança isolada, já um empate mantinha tudo em aberto.

Pelos dragões alinharam: Vítor Baía, Seitaridis, Jorge Costa (c), Ricardo Costa, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Ibson, Diego, Benny McCarthy e Hélder Postiga.

Pelas águias, o onze foi: Quim, Miguel, Luisão, Ricardo Rocha, Dos Santos, Petit, Manuel Fernandes, Giovanni, Nuno Assis, Simão Sabrosa (c) e Azar Karadas.

O jogo foi bem dividido do princípio ao fim e com ambas as equipas a mostrar ter argumentos para vencer. Vítor Baía e Quim foram guardiões cheios de trabalho. Aos 66 minutos, a cruzamento de Nuno Valente, Benny McCarthy fuzilou Quim, num lance à ponta de lança. A resposta demorou dez minutos. Canto de Petit e uma cabeçada de Giovanni, repôs a igualdade e ajudou a que, onze anos depois, o Benfica voltasse a pontuar no terreno do rival.

O Benfica acabou por ser o mais feliz e regular até ao fim, pondo fim ao jejum de onze anos sem vencer o campeonato. O empate no Dragão acabou por ser decisivo no final de contas, visto ter terminado três pontos à frente dos portistas. O FC Porto terminava uma época dececionante e um ano de 2005 sem qualquer título conquistado. Apesar do segundo lugar (tremido, com mais um ponto que o Sporting), o que fica para a história dessa época, é o fraquíssimo desempenho caseiro: 24 pontos perdidos no Estádio do Dragão (quatro derrotas e seis empates).

4.

FC Porto 1-1 Benfica – 2008/09 – À segunda jornada da segunda volta, os dragões eram líderes com apenas mais um ponto que o Benfica, que ocupava a segunda posição. Apesar de não serem os únicos candidatos ao título na época (Sporting era terceiro com menos três e dois pontos, Leixões era a revelação com menos seis e cinco pontos, além de já ter estado em primeiro na primeira volta), este podia ser o jogo de muitas decisões. Uma vitória das águias significava a passagem ao comando da Liga, uma divisão de pontos mantinha tudo em aberto e um triunfo do FC Porto podia significar uma estrada aberta para o tetra.

Pelos dragões, o onze foi: Helton, Fucile, Rolando, Bruno Alves, Cissokho, Fernando, Lucho González, Raúl Meireles, Hulk, Lisandro López e Cristian Rodríguez

Pelas águias, jogaram: Moreira, Maxi Pereira, Luisão, Sidnei, David Luiz, Katsouranis, Yebda, Rúben Amorim, Aimar, Reyes e Suazo.

Num jogo bem dividido, os encarnados de Quique Flores chegaram à vantagem em cima do intervalo, por Yebda, numa cabeçada a um canto de Reyes. Os dragões de Jesualdo Ferreira estavam com dificuldade em chegar ao empate, quando aos 69 minutos, Pedro Proença assinala penálti (muito duvidoso) de Yebda sobre Lisandro López. Lucho converteu e o jogo permaneceu empatado até ao final.

O FC Porto manteve-se firme até ao fim do campeonato e chegou ao segundo tetra da sua história. O Benfica cometeu cinco deslizes (quatro deles derrotas) até ao fim e acabou em terceiro lugar, com menos sete pontos que o Sporting (ficara em segundo) e menos onze que o rival campeão.

3.

FC Porto 3-2 Benfica – 2019/20 – O Benfica era líder com sete pontos de vantagem sobre FC Porto, que era segundo. Era uma corrida a dois, visto que apesar da distância considerável entre os dois rivais, a realidade dos restantes adversários era distante (SC Braga era terceiro a 14 pontos dos dragões e Famalicão e Sporting dividiam o quarto posto, a 15 pontos de distância dos azuis e brancos). O FC Porto tinha de vencer para ainda sonhar com uma putativa chegada ao primeiro lugar, qualquer resultado que não esse, significava praticamente o bicampeonato do Benfica ainda bem cedo (fevereiro).

Pelos portistas alinharam: Marchesín, Corona, Pepe (c), Marcano, Alex Telles, Sérgio Oliveira, Uribe, Otávio, Luis Díaz, Marega e Tiquinho Soares.

Pelos encarnados jogaram: Vladochimos, André Almeida (c), Ferro, Rúben Dias, Grimaldo, Weigl, Taarabt, Pizzi, Rafa Silva, Chiquinho e Vinícius.

O FC Porto entrou no encontro, decidido a resolver a questão cedo. Um golaço de Sérgio Oliveira aos dez minutos, abriu o apetite aos adeptos. Embora, oito minutos depois tenha havido uma falha que fazia lembrar o cenário do clássico do ano anterior (Dragões em vantagem, mas as águias a conseguirem tornear as dificuldades). Um cabeceamento de Chiquinho levou a uma defesa incompleta de Marchesín, a bola acabou por terminar livre. Uma situação que Vinícius aproveitou, antecipando-se a Pepe e a colocar a bola no fundo das redes. Mas desta vez o ímpeto azul e branco não quebrou. Embora o Benfica conseguisse, por vezes, mais posse de bola e capacidade de criar oportunidades, os dragões nunca perderam a confiança. Uma mão de Ferro, terminou numa grande penalidade assinalada e que Alex Telles converteu aos 38 minutos. Seis minutos depois, um cruzamento de Marega terminou com um autogolo de Rúben Dias. O cenário era claramente favorável aos homens de Sérgio Conceição. Embora a segunda parte tenha começado, com uma jogada bem combinada entre Rafa e Vinícius e que terminara com o segundo golo do brasileiro (e do Benfica), o cenário não mudou. As melhores oportunidades de golo, até ao fim do encontro, foram do FC Porto e podia ter ampliado a vantagem. O triunfo não fugiria.

O FC Porto terminou campeão, com cinco pontos de vantagem do Benfica. Apesar de ter sido o plantel de Sérgio Conceição que foi campeão com menos pontos e brilhantismo, ficou a maior regularidade, consistência e talentos individuais que ofereceram muito à equipa. Já o Benfica, desperdiçava e via fugir uma vantagem considerável, fruto de uma primeira volta inacreditável (16 vitórias e uma derrota). Um trajeto sobrenatural em termo de resultados que mudara inacreditavelmente após a derrota no Dragão (desde então, três derrotas e cinco empates) e que levou ao despedimento de Bruno Lage menos de um mês depois da retoma do campeonato (pandemia).

2.

FC Porto 1-2 Benfica – 2018/19 – O FC Porto era líder com um ponto de vantagem sobre o Benfica, que era segundo. A cerca de dois meses do fim da temporada e ambos com uma vantagem considerável sobre os adversários diretos (SC Braga era terceiro com menos sete e seis pontos, Sporting no quarto lugar, tinha menos onze e dez pontos), este poderia ser o jogo de todas as decisões.

Pelos azuis e brancos, o onze foi: Casillas, Manafá, Felipe, Pepe, Alex Telles, Herrera (c), Oliver Torres, Corona, Brahimi, Adrián López e Marega.

Pelas águias jogaram: Vlachodimos, André Almeida (c), Ferro, Rúben Dias, Grimaldo, Samaris, Gabriel, Pizzi, Rafa Silva, João Félix e Seferovic.

Apesar do FC Porto ter inaugurado o marcador aos 18 minutos, por Adrián López (aposta surpreendente), a verdade é que a equipa de Sérgio Conceição não estava (nem ficou) tranquila e acabou por cometer bastantes erros que custam caro num clássico. Foi o que acabou por acontecer oito minutos mais tarde. Uma sucessão de erros de Adrián, Manafá e Pepe, permitiu Gabriel recuperar a bola, Seferovic assistir e João Félix finalizar isoladamente. Um golo dos mais importantes da carreira do viseense formado no Seixal.

A verdade é que embora nenhuma equipa estivesse a ser claramente melhor que a outra, percebia-se que o Benfica estava mais confortável e com mais espaço para oportunidades. A mobilidade de Félix, a rapidez e atrevimento de Rafa e o apoio de Pizzi ao ataque que Seferovic liderava, tudo estava mais bem articulado e era mais difícil de anular. No FC Porto, Marega foi quase sempre anulado, tal como as laterais de Brahimi e Corona e o meio-campo de Herrera e Oliver, que nunca conseguiu criar grandes oportunidades, por estar sempre pressionado pelos homens encarnados. Uma receita que culminou no que aconteceu aos 52 minutos. Rapidez na abordagem ao lance na defensiva portista por parte de Rafa, combinação perfeita com Pizzi e golaço do extremo.

O Benfica acabou campeão com 2 pontos de vantagem sobre o FC Porto. Uma vitória no Dragão significou não só a liderança, mas a dependência de si próprio que as águias de Bruno Lage deram bem conta (apenas um empate com o B SAD, de resto só vitórias). Um campeonato ganho em pontos (87), numa segunda volta sobrenatural (16 vitórias em 17) e em golos (103). Já o FC Porto terminava a época em depressão, após ver fugir um campeonato por dois pontos, quando chegou a estar com sete pontos de avanço da equipa que o destronaria, além de ter perdido com o rival em ambos os jogos para a Liga (Benfica 1-0 FC Porto, na primeira volta).

1.

FC Porto 2-1 Benfica – 2012/13 – Penúltima jornada, dois pontos a separar as duas equipas, era o jogo do título. Benfica líder e FC Porto segundo. Mas este jogo e o simbolismo, está relacionado com o de cinco dias antes: Estoril, na Luz. Uma vitória dos encarnados sobre os canarinhos de Marco Silva, permitia à equipa de Jorge Jesus até perder frente ao rival, desde que vencesse o Moreirense na última jornada. Assim, além de chegar ao 33º campeonato, o Benfica tinha via aberta para a tão desejada tripla, pois era finalista da Taça de Portugal (com o Vitória de Guimarães) e Liga Europa (tendo o Chelsea como adversário) igualmente. O sentimento já tinha ganho força, quando o Benfica tinha vencido o Marítimo, nos Barreiros e havia a ideia de que o campeonato já não fugia.

Acontece que não. Jefferson encravou as ambições vermelhas em pleno Estádio da Luz e só um tento de Maxi Pereira, acabou por não impedir a perda de pontos. Logo, os dragões de Vítor Pereira tinham a chance de voltar a sonhar com a liderança e via aberta para o tricampeonato. Já que continuava invicto (como terminou) e já não perdia pontos há cinco jogos (desde o empate a um golo, no Funchal, frente ao Marítimo). Até que chega o dia D.

Pelo FC Porto alinharam: Helton, Danilo, Otamendi, Mangala, Alex Sandro, Fernando, Lucho González, João Moutinho, James Rodríguez, Varela e Jackson Martínez.

Pelas Benfica, o onze foi: Artur Moraes, Maxi Pereira, Luisão, Garay, André Almeida, Matic, Enzo Pérez, Salvio, Gaitán, Ola John e Lima.

Os encarnados inauguraram o marcador aos 19 minutos, por Lima. O brasileiro aproveitou a oportunidade após confusão de jogadores na área portista, durante um lançamento de linha lateral de Salvio. O FC Porto chegou à igualdade, seis minutos depois. Num lance de ataque pela esquerda, Varela cruzou, mas após ter tocado em Maxi Pereira e Artur não ter conseguido defender para canto, autogolo do lateral encarnado.

Durante o resto de jogo, o cenário foi quase sempre o mesmo: Benfica à defesa e na expetativa, FC Porto dominador e a não conseguir grandes oportunidades. Tudo mudou no último quarto de hora de jogo, quando saltam do banco portista (à falta mais alternativas) … Kelvin e …Liedson. Já havia descrença nas bancadas do Dragão e esperança no banco e bancada benfiquistas, de que o cenário de empate se manteria até ao fim, até que ao minuto 92… o milagre aconteceu.

Após um corte de cabeça da defensiva benfiquista, Varela inicia uma jogada e coloca em Kelvin. O jovem brasileiro mete em Liedson e o “levezinho”, antes de ser abordado por Luisão, devolve a Kelvin. O ângulo em que estava, embora não fosse perfeito, dava para arriscar um remate e antes que Roderick Miranda apertasse mais… remate e golo. Um golo que fez Vítor Pereira correr e chorar… e Jorge Jesus ajoelhar. Um golo histórico e memorável, ainda hoje recordado com todo o carinho pelos adeptos portistas.

O FC Porto venceu, ultrapassou as águias e isolou-se no topo da tabela. Tendo vencido na última jornada na capital do móvel, o Paços de Ferreira por 2-0. Um momento inesquecível na história do futebol português, gravado a um nome e um número: Kelvin e 92.

No dia 6 de abril de 2025, às 20h30, a tradição continuará.