Está em marcha o início de "um novo ciclo" a que o selecionador nacional, Francisco Neto, se referiu depois da derrota (1-2) com a Bélgica que deitou por terra as aspirações de fazer melhor do que até agora, passando a fase de grupos à terceira participação consecutiva num Europeu feminino. Portugal até nem dependia apenas de si, na medida em que tinha de contar com a derrota de Itália frente à Espanha, como se verificou, mas na parte que lhe cabia - vencer a Bélgica -, falhou. E acentuou a crise de resultados, de nível exibicional e de atitude competitiva evidenciada nos últimos jogos, em contraposição com os que já apresentou - nomeadamente, no Mundial da Nova Zelândia e Austrália, em 2023. Começa, assim, um novo ciclo, sem ruturas.

Disso mesmo deu conta Pedro Proença, presidente da FPF, no final da derrota com as belgas e afastamento do Euro, garantindo a continuidade de Francisco Neto à frente da Seleção Nacional feminina: "Atitude profissional, equipa profissional... daqui a quatro anos está aqui para rebentar isto tudo". Já o selecionador assumiu: "Olhamos sempre em ciclo de dois anos. Acabou um, vai começar outro. Por isso, temos tempo para fazer essa reflexão. Quero ser sempre parte da solução, nunca do problema."

No que diz respeito a fins de ciclos, Ana Borges, a mais internacional das portuguesas, com 187 internacionalizações, aos 35 anos, foi clara, apesar de não fechar a porta à Seleção. "Este foi o meu último Europeu e levo comigo tantas memórias, tantas batalhas, e sobretudo, tanta paixão. Um capítulo que mesmo assim se fecha com o coração cheio", reconheceu, atirando: "O futuro desta Seleção é brilhante. Porque há talento, há vontade, e há orgulho em vestir esta camisola. E nós vamos continuar a dar tudo por ela." Com 35 anos, a defesa deixou o Sporting e assinou pelo Benfica até 2027, quando se disputa o Mundial no Brasil - no qual, no limite, ainda poderá participar, em caso de apuramento. Nas águias, (re) encontra Carole Costa, que tem a sua idade e dificilmente ainda competirá no próximo Europeu, em 2029. Mesmo Jéssica Silva, com 30 anos, deixou em aberto a sua participação no Euro que se segue. "Não sou eu quem dita isso [mudança de treinador]. Se calhar, eu também não vou estar cá, provavelmente foi o meu último Europeu", assumiu, no que pode ser seguida por outras experientes internacionais, como Carole Costa, de 35 anos (183 internacionalizações), Dolores Silva, de 33 (175), Patrícia Morais, de 33 (100), Tatiana Pinto, de 31 (129) ou Diana Silva , de 30 (120).

A transição, contudo, está já em curso e além das certezas Kika Nazareth, Andreia Jacinto ou Telma Encarnação, que asseguram o futuro, há uma nova geração de campeãs a despontar nas sub-19.

"Futuro brilhante" visto por Ana Borges

A mais internacional das portuguesas, Ana Borges, que defendeu as cores nacionais por 187 ocasiões, sustentou: "O futuro desta Seleção é brilhante." A verdade é que essa transição está já em curso. Além da chamada pela primeira vez de Carolina Correia, de 23 anos, há um lote de jogadoras a crescer sob o comando de Marisa Gomes, que brilharam no Europeu sub-19 e garantiram presença no Mundial sub-20. Destacam-se, entre outras, Andreia Bravo, Érica Cancelinha, Rita Almeida, Maísa Correia, Matilde Nave, Carolina Santiago, Thaís Lima, Iara Lobo, Inês Menina, Marta Gago, Lara Martins, Diana Costa, Neide Guedes ou Carolina Tristão, que deixam bons indícios para o que aí vem.