
O Chelsea é um dos clubes mais emblemáticos da Premier League e, apesar de uma fase recente com resultados abaixo das expectativas, chegou aos oitavos de final do Mundial de Clubes, onde vai defrontar o Benfica.
Desde que Roman Abramovich assumiu a presidência do Chelsea, em 2003, o clube deu um salto enorme e passou a conquistar vários títulos, tanto em Inglaterra, como na Europa - 21 troféus conquistados ao seu comando. No entanto, a ligação a Vladimir Putin, na sequência dos conflitos entre a Rússia e a Ucrânia, levou à sua expulsão da direção, em 2022.
O norte-americano Todd Boehly foi quem assumiu o cargo, porém os títulos demoram a chegar e os resultados também não têm sido os mais convincentes.
Com a chegada de Boehly, a ideologia dos blues mudou: muitos jogadores contratados, muito milhões investidos e contratos longos. Na época 2024/25, o clube tem 44 jogadores inscritos no plantel principal. Com tanto investimento, a pergunta que surge é clara: onde estão os resultados?
Plantel XXL: 44 jogadores inscritos na equipa sénior
Na época 2024/25, o Chelsea conta com 44 jogadores inscritos na equipa principal, algo pouco habitual nos plantéis do futebol europeu. Este extenso plantel mostra a intenção de ter um maior número de possibilidades para cada posição e conseguir fazer crescer jovens jogadores, para depois os vender, porém contraria o modelo que normalmente impera no futebol europeu, de equipa mais reduzidas.

Tal como na época anterior, em 2024/25, o clube voltou a realizar uma nova reestruturação no plantel e investiu uma grande quantidade de dinheiro, cerca de 320 milhões de euros. No entanto, «só» conseguiu cerca de 220 milhões de euros em vendas, ou seja, gastou mais do que recebeu.
A compra mais cara foi Pedro Neto, por 60 milhões de euros. O extremo português alinhou em 47 jogos, apontou oito golos e registou oito assistências. Apesar dos números, há dúvidas se esse valor se justifica, tendo em conta o desempenho coletivo da equipa, que somou 37 vitórias, nove empates e 14 derrotas em toda a época.
A venda mais lucrativa foi a de Ian Maatsen, transferido para o Aston Villa, por 44,5 milhões de euros. Ainda assim, não esteve perto de equilibrar as contas da equipa.
O padrão das transferências do clube é claro: comprar jovens, desenvolvê-los e vendê-los por valores superiores. O problema é que, na prática, este ciclo nem sempre funciona e as contratações realizadas não correspondem às necessidades do clube no imediato.
Looooongos contratos
Com tantos jogadores, era inevitável que muitos ficassem de fora. Dos 44 atletas inscritos, 25 fazem parte do plantel principal, mas há também 15 jogadores que, apesar de atuarem essencialmente nas camadas jovens, estão inscritos na equipa sénior dos blues. Outros quatro nomes chegaram já neste verão - entre eles o português Dário Essugo.
Nas últimas temporadas, o Chelsea tem passado por várias reestruturações no plantel, o que torna a equipa pouco estável e dificulta a obtenção de resultados consistentes.

Esta instabilidade no plantel afetou também a equipa técnica dos blues. Desde que Boehly chegou, o clube mudou várias vezes de treinador - três em 22/23, por exemplo - e nenhum técnico conseguiu montar uma equipa base. Enzo Maresca é mais um a tentar dar um rumo ao extenso plantel que tem a seu comando.
Outra mudança que o Chelsea desenvolveu sob esta liderança foi um modelo de contratos a longo prazo. São já 20 os jogadores com vínculos de cinco ou mais anos, muitos deles jovens ainda com pouca ou nenhuma experiência no topo do futebol.
Este modelo tem o objetivo de contornar as regras do fair-play financeiro da FIFA, protegendo o clube de possíveis castigos. Quanto maior o contrato, mais «dividido» será o valor da compra do jogador em questão, por cada ano. Por exemplo, Mykhailo Mudryk custou, em 2023, algo a rondar os 100 milhões (com objetivos incluídos) e assinou por oito anos e meio (!), por forma a parcelar o valor.
Muito investimento, poucos títulos
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Quando analisamos a balança financeira das últimas temporadas percebemos que, ao comando da nova direção, há algum desequilíbrio.
Em 2022/23, o emblema de Londres acabou com um prejuízo de mais 500 milhões de euros. Já em 2024/25, o Chelsea teve receitas de cerca de 220 milhões de euros e despesas de cerca de 320 milhões, com cerca de 100 milhões de euros de prejuízo.
No campo, os resultados também não são os melhores. Desde que ganhou a Liga dos Campeões, a Supertaça Europeia e o Mundial de Clubes, em 2021, o Chelsea não voltou a levantar nenhum grande troféu até 2024/25, quando conquistou a Conference League. Um troféu relevante, mas não suficiente para as ambições do clube.
Com estes resultados, vemos que a nova direção, apesar das grandes reestruturações que tem feito no plantel, não tem conseguido aumentar o palmarés do clube.
Ainda assim, em 2024/25, selaram a Premier League na quarta posição - o melhor registo desde que Boehly assumiu a direção do clube e que garante o acesso à Liga dos Campeões na próxima época-,
Plantéis extensos são o futuro do futebol?
Ter plantéis tão vastos é cada vez mais algo frequente nos melhores clubes da Europa, principalmente aqueles que pertencem a grupos que detêm vários emblemas, como acontece, por exemplo, com o Manchester City e o Chelsea.

A verdade é que nas principais ligas europeias, os plantéis mais curtos têm reinado. O PSG, com apenas 28 jogadores no plantel, venceu a Ligue 1 e a Liga dos Campeões, enquanto em Inglaterra, com apenas 24 jogadores, foi o Liverpool que venceu o campeonato. Também na Serie A, de Itália, o vencedor, o Napoli tinha um plantel reduzido - apenas 27 jogadores.
Neste momento, o Chelsea vive um equilíbrio instável entre um plantel extenso e a falta de sucesso desportivo. Se esta estratégia se mantiver, o clube arrisca-se a continuar longe de alcançar os sucessos que procura, porque o futebol ainda se joga com 11 e não com 44.