
Uma reviravolta traz a ela agarrada o lado negativo de (pelo menos) um golo sofrido, mas do ponto de vista do ânimo, talvez seja mais relevante para uma equipa. Quando essa equipa é o FC Porto e viveu a agitação que viveu até chegar a este encontro com o Moreirense, a jogar como jogou na Amadora, talvez se tenha de dar alguma dimensão ao 3-1 final após o 0-1.
Não à exibição, que essa ainda não foi condizente, mas pelo menos a uma reação da equipa, por tímida que seja, desenhada em campo pelo pensamento de Rodrigo Mora, que deixa todos em suspenso, como naquele terceiro golo que resolveu, de vez, a partida para o FC Porto.
Mas comecemos pelo golo do Moreirense. Que, à parte de um remate do talentoso 86 dos dragões, foi o melhor que o futebol trouxe ao Dragão, em 45 minutos. Na realidade, o 0-1 nasceu na sequência daquele pontapé de Mora ao poste. E talvez essa sequência explique bem como vive em tantos momentos este FC Porto dos últimos tempos. Numa diferença ínfima entre ficar admirado com um momento de brilhantismo do menino, como frustrado com um golo adversário no instante seguinte.
Do pontapé de baliza posterior ao remate de Mora, o Moreirense apontou o pontapé de baliza e, sempre pela direita, com passes e desmarcações básicas do jogo, chegou ao golo. Yan Maranhão ainda teve jeito para tirar Nehuen Pérez do lance e bater Cláudio Ramos. Pareceu simples e fácil e foi. Foram cinco passes, dez toques de uma baliza à outra e golo.
Os 45 iniciais mostraram outra tendência desta equipa azul e branca de 2025. O FC Porto teve muita posse de bola, mas teve pouco ataque. Ou seja, não teve dinâmica ofensiva e a partir do momento que o Moreirense se atreveu a qualquer coisa, causou logo problemas.
Veja-se: o 1-1 chegou num cruzamento de Fábio Vieira para Francisco Moura, mas depois desse minuto 40 e com os azuis e brancos a terem mais posse de bola, os minhotos fizeram três remates: Cláudio Ramos defendeu um, forte, de Alanzinho, Cláudio Ramos encaixou outro à figura de Teguia e Cláudio Ramos defendeu de forma espantosa um último de Frimpong.
Samu voltara ao onze, mas se alguém merecia ser falado ao intervalo era o guarda-português português; o avançado teria direito a que o speaker gritasse o seu nome, porém, mais à frente no jogo.
O Moreirense parecia querer trazer mais energia para a partida, mas esteve demasiado longe e quando a bola e a mão de Maracás se encontraram na área, os minhotos contestaram, mas houve mesmo oportunidade para Samu voltar aos golos e o FC Porto dar um duro golpe no rival do dia, já depois de ter ameaçado por João Mário e Fábio Vieira. Uma palavra para o avançado espanhol: sem sair de onde quase sempre esteve no jogo, demonstrando alguma falta de mobilidade, Samu apontou dois golos. O 2-1 de grande penalidade, o 3-1 após uma jogada que Rodrigo Mora criou.
Pelo meio, Martin Anselmi tinha trocado aos 64' e aos 77'. Se nas duas primeiras substituições manteve o sistema, na reta final apostou numa linha de quatro defesas. Com o Moreirense abatido pelo bis do espanhol, o FC Porto cresceu até final, esteve perto da baliza de Caio Secco e, mesmo sem grande dinâmica coletiva, lá saiu um pouco mais confiante para o próximo encontro e terceiro na Liga, à condição. Ah, claro, e com o nome de Mora em todas as conversas pós-jogo.