Num novo abalo na Fédération Internationale de l’Automobile (FIA), Johnny Herbert foi despedido do seu cargo de comissário de F1—marcando a mais recente de uma série de saídas de alto perfil do órgão regulador do desporto.
De acordo com o Presidente da FIA Mohammed Ben Sulayem, o duplo papel de Herbert como figura mediática e comissário foi considerado um conflito de interesses, levantando preocupações sobre viés na arbitragem das corridas. Embora se esperasse que Herbert voltasse como comissário para a abertura da temporada de F1 de 2025 na Austrália, o seu contrato foi bruscamente terminado.
Esta decisão sublinha a crescente escrutínio da FIA sobre a integridade do controlo das corridas, após múltiplas controvérsias sobre a arbitragem nas temporadas recentes. Mas, com Ben Sulayem também a prometer uma reformulação completa da arbitragem das corridas, o que significa isto para o futuro da governação da Fórmula 1?
Ben Sulayem: “Não se Pode Ser Jornalista e Comissário”
Herbert, um ex-piloto de F1 com uma carreira que se estendeu de 1989 a 2000, tinha servido como comissário da FIA durante 15 anos—mas o seu crescente envolvimento em trabalho mediático acabou por lhe custar o emprego.
Falando à publicação espanhola Marca, Ben Sulayem não poupou palavras:
“Johnny foi um muito bom comissário, mas depois houve um conflito de interesses, e ele sabe disso.
Não se pode ser jornalista numa grande empresa e expressar o seu ponto de vista, e depois ser o comissário, que é um árbitro.”
O chefe da FIA destacou o potencial dilema ético, questionando como as opiniões pessoais de Herbert como personalidade da mídia poderiam influenciar o seu julgamento como comissário:
“E se o piloto que preferes estiver a lutar pelo primeiro ou segundo lugar? Como fazes o teu julgamento?”
Herbert aceitou a dispensa graciosamente, reconhecendo as “decisões difíceis” que a FIA teve de tomar, enquanto Ben Sulayem lhe agradeceu pelas suas contribuições.
“Novo Sangue” Chegando à FIA: Uma Revisão Completa da Arbitragem
A dispensa de Herbert é apenas uma parte de um esforço de reestruturação maior dentro da FIA. Ben Sulayem deixou claro que o organismo governamental está a passar por grandes mudanças de pessoal, particularmente nas suas fileiras de oficiais de corrida:
“Não devemos ser limitados, e é por isso que amanhã, com os comissários, teremos novo sangue.”
Esta mudança segue um final tumultuoso da temporada de 2024, que viu o despedimento repentino do Diretor de Corrida Niels Wittich apenas uma semana antes do Grande Prémio de Las Vegas. Wittich, que tinha servido como Diretor de Corrida principal da F1 desde 2023, foi substituído por Rui Marques da Fórmula 2.
Ben Sulayem agora confirmou que múltiplos diretores de corrida irão supervisionar 2025, embora nomes específicos ainda não tenham sido anunciados.
“Quem e quantos é uma questão que saberemos em breve, nos próximos dias. Mas de certeza que haverá sangue novo, e haverá mais do que um [diretor de corrida]. Isso é certo.”
Uma FIA ‘Mais Profissional’ – Mas Irá Resolver os Problemas?
A decisão da FIA de alargar o seu pool de comissários é uma resposta direta ao crescente descontentamento entre os pilotos sobre as decisões de corrida inconsistentes. O Diretor de Monopostos da F1, Nikolas Tombazis, já prometeu que a FIA será “um organismo mais profissional”, com a criação de um departamento dedicado a oficiais com o objetivo de melhorar a transparência e credibilidade.
No entanto, com o fantasma da controvérsia do Grande Prémio de Abu Dhabi de 2021 ainda a pairar sobre a arbitragem da F1—e os pilotos continuando a expressar preocupações sobre a falta de consistência na arbitragem—será que estas mudanças radicais realmente restaurarão a fé no controlo de corridas? Ou será que a mais recente reforma da FIA apenas aprofundará a crise de governação no desporto?
Uma coisa é certa: os dias do antigo regime de arbitragem da F1 acabaram, e 2025 marcará uma nova era de controlo de corridas—quer o paddock goste ou não.