
As últimas horas trouxeram a notícia que nenhum adepto do Boavista queria ouvir. Com o fim do prazo para a inscrição na 2.ª Liga a esgotar-se, chegou a confirmação oficial de que o clube não reunia as condições necessárias para se licenciar e permanecer pelo menos na esfera dos campeonatos profissionais. O choque foi tremendo e o universo boavisteiro ainda não se restabeleceu. Jorge Silva, nome com peso histórico no clube, ainda não consegue acreditar.
"Apesar de saber no meu subconsciente que era uma questão de tempo, nunca quis acreditar que o dia de ontem fosse chegar. Foi um dia negro, um dia que para alguém que chegou menino e se fez homem no clube, como eu, era inimaginável. Acaba por ser um contrassenso, porque eu próprio vivi de perto de muito perto os graves problemas do Boavista e sabia que era quase que um destino anunciado. Nós que gostamos do clube nunca quisemos acreditar nisto, mesmo sabendo que era uma curva e uma montanha grande para subir e nunca mais chegavam soluções. Desde ontem que os boavisteiros devem estar de rastos, eu sou um deles", lamentou.
As razões para o tombo são várias, mas as constantes "más gestões" são, na ótica de Jorge Silva, a principal. "Quando se chega a este ponto é muito mau", atirou, incrédulo com o mar de problemas em que o Boavista submergiu. "A credibilidade de uma instituição é importante. É importante, em qualquer área, sermos credíveis. Nos últimos anos, o Boavista tem passado sempre uma imagem de uma instituição que não cumpre, que usa artimanhas para conseguir legalizar-se, inscrever-se. Houve jogadores, como eu, que deixaram muito dinheiro para trás. Depois, tudo o que envolve Finanças, Segurança Social, há que cumprir...", acrescentou.
Sem certezas quanto ao futuro do clube, Jorge Silva espera, acima de tudo, que o histórico axadrezado possa reerguer-se. Agora, é momento de unir esforço e apoiar. "Ainda hoje vi alguém numa publicação, que disse que enquanto houver um boavisteiro a respirar o Boavista não vai morrer. São muitos anos de história, são dias e muitas glórias e muitas vitórias. É um clube com uma mística muito especial", referiu, ainda com a queda que empurrou o clube para o CNS pela mão do Apito Dourado bem viva na memória.
"Quando regressei, o Boavista foi despromovido por causa do Apito Dourado. Caímos para o CNS, sei bem o que é isso. Daí a pensar que isto iria acontecer... Até porque existia alguma retoma... Mas, verdade seja dita, os sinais que eram dados pelo historial do investidor não eram bons. Só que às vezes não queremos ver os problemas, queremos que as coisas boas se sobreponham às coisas más", assumiu.
Aconteça o que acontecer daqui para a frente, Jorge Silva deixou uma certeza. "Uma coisa lhe digo e lhe garanto: o Boavista vai renascer e eu à distância digo, seja como for, de que forma for. Se o Boavista precisar de mim estarei sempre disponível para ajudar", concluiu.