O relógio marcava as oito horas da noite em Genebra, na Suíça. As Navegadoras estavam a postos para lutar pela permanência histórica no Campeonato Europeu. Do outro lado a décima terceira melhor equipa do mundo, segundo a FIFA, a Itália, que apesar de estar mais acima no ranking não se conseguiu provar melhor do que a seleção portuguesa. O jogo acabou 1-1, com golos de Cristiana Girelli e Diana Gomes.

O selecionador português decidiu ter uma abordagem totalmente diferente do seu habitual, com cinco alterações face ao onze titular que jogou contra a Espanha e com um sistema tático completamente diferente do seu 3-5-2. Francisco Neto optou por um 4-3-3 com um falso nove que se transformava num 4-1-2-1-2, para fazer frente ao “Catenaccio” em forma de 3-5-2 da Itália.

Nas cinco alterações tivemos: A troca da guarda-redes Inês Pereira, Do Deportivo de La Coruña, por Patrícia Silva do Sporting de Braga; A entrada da capitã Ana Borges para o lugar de Bea; A estreia de Joana Marchão no Europeu na ala esquerda, que provocou a subida de Fátima Pinto no terreno; O retorno de Kika Nazareth para o lugar de Andreia Jacinto e a entrada de Ana Capeta na frente.

A equipa “Lusitana” teve um duelo mais equilibrado e uma prestação mais agressiva, face ao último jogo, o duelo ibérico com Espanha. A equipa de Francisco Neto sabia que teria pela frente uma equipa menos dominante na posse de bola e mais forte nos aspetos defensivos e contra-ataque. Tanto que no duelo da bola no pé saiu vitoriosa, com Portugal a deter cerca de 57% da posse.

As Navegadoras aprenderam umas quantas coisas com a equipa espanhola e decidiram emular o comportamento das avançadas castelhanas. O jogo de Portugal passou quase exclusivamente pelo lado esquerdo, com a subida de Joana Marchão na ala para procurar um passe na profundidade para as diagonais de Diana Silva. Tanto que em maior parte dos ataques Ana Borges ficava recuada e não subia na ala, ficando sempre à espreita da cobertura das centrais.

O objetivo era este que está na animação. No entanto, não resultou e acabou por saturar bastante o jogo da seleção das quinas. Tornando-se bastante previsível, pois era sempre pelo mesmo lado e porque pela direita não existia nenhuma solução concreta, visto que a ala estava apenas ocupada por Ana Capeta.

A prestação da seleção nacional foi marcada pela excelente exibição defensiva e entrega da equipa. Pelo lado esquerdo, ninguém passava por Joana Marchão que teve de sair por cãibras e mesmo no jogo aéreo que seria o forte da seleção italiana, Portugal esteve por cima, anulando as tentativas ofensivas através da lateralidade da Itália.

A seleção italiana acabava sempre por fazer a mesma jogada, abrir bem as alas, posicionar-se no infame “W” e colocar a bola nas suas laterais mais abertas para ver se aproveitavam o cabeceamento da capitã, Cristiana Girelli.

O golo italiano acabou por não acontecer de nenhuma destas maneiras, mas sim pelo lado esquerdo, com Girelli a puxar dentro e com o pé direito a colocar a bola no ângulo superior direito da baliza de Patrícia Silva.

Portugal após o golo sofrido continuou com o pé no acelerador e com a entrada de Jéssica Silva e Telma Encarnação, regressa às raízes para um 3-5-2 e com uma frente de ataque mais capaz de segurar jogo e ter presença na área italiana.

Pouco depois, através dessa presença de área coloca uma bola no poste e através do ressalto, consegue criar uma bela jogada pelo lado esquerdo com Dolores Silva a atrasar a bola para a central, Diana Gomes e com um chapéu magnífico empata o jogo que mantém a esperança viva para Portugal.

O jogo ficou marcado pela resiliência portuguesa, com um “jogaço” de Joana Marchão, que para mim foi a jogadora do encontro e com uma belíssima homenagem a Diogo Jota. Com as navegadoras a mostrarem um enorme espírito de sacrifício e que através das palavras de Francisco Neto, na flash interview, fizeram um “jogo à Diogo Jota”

Com empate perante a Itália, que bem poderia ter sido uma vitória, a seleção mantém vivo o sonho de fazer história ao passar às fases finais. Para tal, terão de vencer a seleção da Bélgica, na próxima sexta-feira e esperar pela vitória da Espanha frente à Itália.