O '4 Cantos do Mundo' é um podcast do jornalista Diogo Matos ao qual o zerozero se uniu. O conceito é relativamente simples: entrevistas a jogadores/ex-jogadores portugueses que tenham passado por pelo menos quatro países no estrangeiro. Mais do que o lado desportivo, queremos conhecer também a vertente social/cultural destas experiências. Assim, para além de poder contar com uma entrevista nova nos canais do podcast nos dias 10 e 26 de cada mês, pode também ler excertos das conversas no nosso portal.

Com um vasto currículo tanto a nível nacional como internacional, Afonso Taira teve a sua primeira experiência fora de portas em 2011/12, então ao serviço do Córdoba. Então no seu primeiro ano de sénior, o médio-defensivo decidiu emigrar para Espanha e, no '4 Cantos do Mundo', não escondeu que a mudança foi dura.

«Na altura não havia equipa B e o próprio Sporting não me deu seguranças em relação ao que pretendia fazer para o meu futuro. Quis assumir as rédeas e fui à procura de um desafio que me trouxesse exigência, nível competitivo e que me permitisse jogar. Via a 2ª divisão espanhola como uma competição que me dava isso», começou por dizer, indo mais longe:

«Eu estava à vontade com Espanha porque já tinha vivido lá, a adaptação ao futebol espanhol é que foi algo um bocadinho diferente. Apanhei o treinador [Paco Jémez] mais exigente que tive a nível físico... A nível de correria. Éramos a equipa que mais corria no campeonato e que mais pressionava. Pressionávamos a campo inteiro, nesse momento do jogo a nossa linha defensiva estava na linha de meio-campo e tínhamos 50 metros nas nossas costas. Eu sou médio-defensivo e tinha várias vezes o meu central a passar por mim para acompanhar o avançado adversário. Era um estilo diferente ao qual tive de me adaptar.»

Essa adaptação começou a ganhar forma antes do arranque dos jogos oficiais.

«Tive uma pré-época muito forte, foi a única em que fiz de forma consistente treinos tridiários. Foi um choque muito grande para primeiro ano de sénior e assumo que, eventualmente, podíamos ter sido mais cautelosos em perceber se ia haver um match entre o que eu precisava e o que o treinador ia pedir. Eu peso 74 kg; no final dessa pré-época pesava 67 kg. É certo que na altura ainda não pesava 74 kg porque estava a formar alguma massa muscular, mas cheguei ao fim da pré-época com 67 kg. Mesmo com alimentação saudável, não tinha capacidade para aguentar. Não podia comer o que comia em casa, tinha de comer o dobro», vincou, concluindo com a descrição de um dia de trabalho durante esta fase:

«Nesse estágio de pré-época acordávamos um pouco antes das 7h e o primeiro treino era às 7h15. Calçávamos os ténis, nem comíamos e íamos correr. Tivemos treinos em que fizemos corrida contínua durante uma hora; outros em que fazíamos série em tempo e outros em que subíamos a montanha. Voltávamos, tomávamos banho e o pequeno-almoço e, de seguida, fazíamos treino de ginásio. Almoçávamos, descansávamos e depois fazíamos treino de campo. Isto durante uma semana completa.»

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