Rui Borges lançou o encontro entre o Gil Vicente e o Sporting. Jogo determinará último apurado para as meias finais da Taça de Portugal.

Rui Borges fez a antevisão do Gil Vicente x Sporting, duelo dos quartos de final da Taça de Portugal. O vencedor da partida defrontará o Rio Ave, que eliminou o São João de Ver, nas meias finais da prova.

«Em alguns momentos todos sentimos tanta adversidade que nos tem acontecido, em lesões e jogo. Vejo o plantel focado no objetivo final que é ser bicampeão. Não digo só para ficar bonito, falo de forma simples e honesta, o nosso dia a dia é muito bom. O grupo está tranquilo, feliz e focado, resiliente em tudo o que nos tem acontecido, muito humano na ligação uns com os outros. Há muita gente de fora que não pode dar o contributo e até essa malta está ligada. Vejo o grupo muito focado e rigoroso. Às vezes não temos sido tão competentes, há outros a ser mais competentes que nós. Ainda somos primeiros, em igualdade de pontos e mantemos o objetivo em aberto».

«Ser campeão chegando à pausa em primeiro? É natural que o presidente o diga e que nós o pensemos em alguns momentos. Como treinador tenho de ter mais equilíbrio e focar no próximo jogo. Tenho de ganhar este, não posso pensar a longo prazo pelas lesões, pela falta de soluções. O espaço temporal é na esperança de recuperar alguma malta que possa ser recuperável para o final da época e que o grupo fique mais forte. Na sala dos treinadores pusemos um onze para o Gil Vicente e um onze de fora, de campeões nacional. O final de época vai ser bastante exigente».

«Arbitragem? Falei no VAR porque pedi há 15 dias o mesmo critério. Disse que não estava a criticar a arbitragem, fez uma boa arbitragem. Os lances que se falou foi pelo VAR. Não disse que estavam errados, só pedi o mesmo critério e isso eu peço. Se formos à Liga da Verdade, o Sporting tinha mais quatro ou cinco pontos. Não gosto de me agarrar aos ses, não critiquei arbitragens. Peço o mesmo critério para os outros, também nos clubes de baixo. Não nasci rico. Os árbitros erram como nós, eu também erro muito. Faz parte».

«Plantéis mais largos? Concordo com os plantéis mais longos, tenho ouvido grandes treinadores a falar nisso. É natural, a exigência está cada vez maior. Cheguei com o plantel construído, tenho de me adaptar um bocadinho, eles também. As pessoas falam numa ideia de jogo diferente. Se forem ver, o Rui Borges mudou um bocadinho porque não treina, sou muito de hábitos. Concordo, aceito e faz todo o sentido que os plantéis sejam maiores. Eu gosto e prefiro, mas há treinadores que preferem um plantel mais curto. Há treinadores que pensam de forma diferente, eu prefiro ter a gestão, faz parte do meu trabalho. Prefiro gerir 27 que 20, tenho de tomar decisões e quis ser treinador por isso».

«Quebra nas segundas partes? Não justifico com o cansaço, embora tenhamos de perceber melhor como equipa técnica como ser mais intensos no jogo. Tanto com o Sporting como com o Vitória SC eram clubes em várias competições e com muito jogos. Era impensável eu dizer aos meus jogadores para baixar linhas. Posso ajustar se sentir que a equipa está mais baixa, mas no meu discurso jamais. A frescura física leva a rigor nos comportamentos e como não tenho muito treino, estão muito longe em termos defensivos e ofensivos. Tenho tentado ir ao conforto mínimo. É natural que não sejamos tão pressionantes e que percamos algum rigor, que a equipa baixe e dê mais espaço aos adversários. Temos perdido rigor, pela quebra na postura física e mental. O AVS não é exemplo, têm dois remates à baliza. As duas aproximações são na primeira parte. Especificamente, empatámos porque num momento específico e de forma individual acabámos por meter o AVS no jogo. Houve jogos em que caímos, mas jogámos contra grandes equipas. É natural. Não estou a arranjar desculpas, temos de perceber como lutar contra isso. O rigor que gosto não o temos em todos os momentos. No Vitória SC era um bocado igual. Acho piada, vi uma frase há uns dias «O Rui Borges é de Mirandela – com muito orgulho – e jamais deixará de ser treinador de Mirandela». No Moreirense e no Vitória SC eramos as equipas mais pressionantes. Depois depende das substituições e da forma como entram os jogadores. Não temos grandes soluções e quando queremos falar de frescura… estamos a falar do Sporting».

«Bombeiro a apagar fogos? Aqui não há fogos, só muitas lesões que não controlamos. Tenho de arranjar soluções, não me vou estar a lamentar. Vamos jogar com 11. Agora nem são as lesões. Estamos aqui para arranjar soluções. É com orgulho enorme que sou treinador do Sporting, um treinador muito feliz apesar dos contratempos. O dia a dia na academia é muito bom, mesmo que o primeiro dia custe. Estamos com um sorriso e uma enorme vontade em dar resposta».

«Hidemasa Morita e saída? Não estou preparado, ninguém me disse que ia embora. É um jogador fantástico, já era um grande admirador antes de ser treinador do Sporting e agora mais ainda. Conto com ele, gosto ainda mais e tem contrato com o clube. Estamos preocupados em recuperá-lo. Recuperações? Vamos ver se o Geny pode ser opção ou não».

«Gil Vicente? Acho que é uma equipa que joga muito bem, valoriza o jogo em si. Muita mobilidade e jogadores com qualidade. É uma equipa bastante difícil porque gosta de jogar, sem receio de errar e de se expor ao erro. Tem um treinador diferente, não mudou muito a sua estrutura, com uma ou outra nuance em termos ofensivos, criações a 3. Pela capacidade individual e ofensiva, é uma equipa muito boa que nos vai criar problemas. Não podemos perder rigor ofensivo ou defensivo. É uma boa equipa, que vai estar motivada e quer passar. Todos os clubes ganham uma coragem e ambição para lá do normal, vai ser um jogo difícil. Temos muita ambição para chegar às meias finais».

«Pedro Gonçalves e Viktor Gyokeres? O Pedro está fora do jogo, não há data. O Viktor está disponível. Vem de uma lesão, temos de ter cuidado com o acumular de minutos. Voltou com o Arouca, corremos alguns riscos nesse jogo porque fez 90 minutos. Depois disso gerimos na Alemanha porque o temos de fazer. Queremos tê-lo a 100%, mas temos de ter cautelas para não o por em risco. Não tem lesão, mas há um risco que obriga a ter cuidado».

«Não olho de forma tão específica. Construímos a três, defendemos a quatro como o Ruben já fazia e eu fazia em clubes anteriores. Nada de anormal, tem a ver com o pouco tempo de treino, simplificar algumas coisas e ter conforto coletivo. O Alexandre Brito fez um excelente jogo, só saiu pelo amarelo. Estava super tranquilo, vejo-o treinar todos os dias e sei o que é. O Simões é menos uma opção, deixo-lhe um abraço a ele e ao Dani que já tiveram as suas cirurgias e correram bem».

«É o melhor momento da minha carreira, o desafio é grande por estar no Sporting. As condicionantes tornam-no mais desafiante, faz parte do meu trabalho e crescimento como treinador. Estou super feliz por estar no Sporting, sempre com boa disposição. Queríamos ganhar muito mais, mas os maus resultados são subjetivos. Continuamos em primeiro, só com duas derrotas para a Champion. Estou tranquilo e confiante na nossa caminhada, Seremos capazes de lutar e ser campeões».

O Gil Vicente x Sporting joga-se esta quinta-feira, dia 27 de fevereiro, a partir das 20h45.