Na que foi a segunda temporada em Portugal, o guarda-redes brasileiro de 25 anos formado por Santos e Corinthians foi uma das peças-chave do Amora no caminho que foi dar à Liga 3, depois de na época de estreia no futebol luso ter sido despromovido com o Portosantense. Em conversa com A BOLA, Diego Riechelmann passa a temporada em revista, revisita a festa da subida e confessa os sonhos que tem por cumprir, incluindo o de representar a canarinha.

— Como viveu a subida do Amora à Liga 3?

— Foi uma experiência muito boa. Desde o início tinha na cabeça que íamos subir de divisão. Sabíamos que não ia ser um ano fácil, mas também tínhamos consciência de onde o Amora devia estar. Foi um ano de muita resiliência. Trabalhámos muito, fortalecemos a equipa no dia a dia. Fomos crescendo juntos, acho que isso foi o ponto principal para conseguirmos o acesso de volta à Liga 3. Para mim, foi uma experiência muito boa, tanto a nível pessoal como profissional. Pude evoluir e aprender com muitos colegas. Foi incrível, uma experiência nova. Na época passada, tinha descido de divisão no meu primeiro ano em Portugal, com o Portosantense. Este ano foi uma mudança, uma oportunidade que agarrei com unhas e dentes. E fomos recompensados da melhor maneira possível, o fruto de muito trabalho.

— Como foi o regresso de Fátima no dia da promoção?

— Tem muita história! A viagem foi longa, com muita comemoração e muitas risadas. Estávamos ansiosos. Sabíamos que talvez pudéssemos ter decidido tudo mais cedo, quando jogámos com o Lusitano em casa e perdemos. Mas, depois do jogo com o Fátima, foi um alívio. Sentimos que o objetivo estava cumprido. Foi um presente depois de 11 meses de muito trabalho. E havia, claro, alguma pressão, porque todos trabalharam para este dia — desde jogadores, equipa técnica até à direção. Mas foi um momento muito feliz.

— Regressar à Liga 3 era o objetivo desde o início da época?

— Sem dúvida. Desde o momento em que o Amora desceu, o objetivo era claro: voltar à Liga 3. Esse foi o nosso combustível diário para dar o máximo e alcançar o objetivo a que nos tínhamos proposto.

— O Amora perdeu poucas vezes (seis em 34 jogos) ao longo da temporada que findou. Há alguma derrota que lhe tenha custado mais a digerir?

— A derrota por 0-5 contra o Casa Pia [na 3.ª eliminatória da Taça de Portugal] foi dura — ninguém gosta de perder assim —, mas sabíamos das dificuldades. No entanto, acho que a derrota que mais nos marcou foi a primeira, contra o Operário [1-3], nos Açores. Custou, mas também serviu como alerta. Foi aí que percebemos que não podíamos falhar daquela forma. Depois disso, ligámo-nos ainda mais ao objetivo. Sabíamos que ia ser difícil não perder qualquer jogo, mas o foco era sempre sair com os três pontos.

— A fase de subida também não começou da melhor forma. Como foi lidar com isso?

— Empatámos [0-0] o primeiro jogo com o Elvas, fora de casa — não foi um mau resultado, eles estavam fortes. Depois veio a derrota [1-3] com o Lusitano de Évora, que nos alertou outra vez. Conversámos entre nós, sabíamos da responsabilidade. Eles fizeram uma grande fase de subida, ganharam todos os jogos. Mas nós também conseguimos reagir e vencemos [2-0] o Fátima. Isso ajudou-nos a manter-nos entre os dois primeiros.

— Consegue eleger o melhor jogo da época?

— Diria que foi contra o Felgueiras, no primeiro jogo da Taça. Estive muito bem. Também no segundo jogo da época, contra o Lusitano. Mesmo na fase de subida, apesar da derrota por 1-3 com o Lusitano, fiz uma boa exibição. O objetivo de qualquer jogador é estar entre os titulares e agora já estou a preparar a pré-época para chegar na melhor forma possível. Vou continuar no Amora na Liga 3. O objetivo é dar o máximo, seja na Liga, seja na Taça de Portugal.

— Em 2021, passou por momento complicado e parou de jogar...

— O meu contrato com o Corinthians terminou em janeiro de 2021. Tentei a sorte em Portugal. Estive à experiência no Vitória de Guimarães, Famalicão, Académico de Viseu e Penafiel. Mas nada deu certo. A pandemia atrapalhou. Passei por momento difícil e decidi parar. Voltei ao Brasil, estive com a minha família, o meu filho tinha acabado de nascer. Mas senti um vazio. O futebol é a minha vida. Tudo na minha vida gira em torno do futebol. Felizmente, em 2023, o Portosantense abriu-me as portas. Não joguei na primeira metade da época, mas depois comecei a ter oportunidades. Estive bem e surgiu o convite do Amora.

— Quais são os seus sonhos no futebol?

— Chegar à seleção brasileira é um sonho de criança. Mas sei que é preciso trabalhar muito. Quero chegar às primeiras ligas, talvez com o Amora, quem sabe subir à Liga 2. O objetivo é alcançar a Liga, talvez abrir portas na Europa. Mas o maior sonho, sem dúvidas, é a seleção do Brasil.

— Quais são as suas referências na baliza?

— No Brasil, sem dúvida, o Cássio [Ramos]. Trabalhei com ele no Corinthians, ajudou-me muito. A nível mundial, gostava muito do Buffon. A forma como defendia era impecável, era incrível.

— Para quem não o conhece, como se descreve como guarda-redes?

— Acho que o mais importante é passar tranquilidade à equipa. Quando confiam em ti, tudo flui melhor. Tenho um bom jogo aéreo, sou corajoso. Claro que há sempre espaço para melhorar e trabalho todos os dias para isso.