
O Orçamento da FPF para 2025/26, que será votado na Assembleia Geral daquele organismo, marcada para o próximo dia 28 de junho, não tem novidades quanto a apostas: tudo igual ao que era, sem que tivesse havido tempo para efetivar a revisão da Portaria que regulamenta a distribuição das verbas provenientes dos jogos sociais.
Depois da promessa eleitoral de Pedro Proença de revisitar o tema - «avaliar junto das entidades competentes a possibilidade de afetar à Liga Portugal as verbas provenientes as apostas desportivas relativas a Ligas profissionais internacionais» - ficou criada na Liga e nos clubes a expetativa de virem já a receber uma boa parte dos 39,2 milhões de euros que a FPF tem orçamentados para 2025/26, na coluna das receitas (à volta de 20 milhões, provenientes das apostas desportivas relativas à Ligas internacionais).
Porém, como só haverá, eventualmente, alterações depois da revisão por parte do Governo e da FPF, da Portaria que regula a distribuição das verbas, e tal ainda não sucedeu nem tem data marcada para acontecer, o que se vai passar em 2025/26 é mais do mesmo. Os 39,2 milhões vão entrar nos cofres da FPF, o que não deixará de causar amargos de boca à Liga e aos clubes.
Aliás, receber as verbas das apostas relativas aos campeonatos estrangeiros de futebol profissional, sempre foi uma reivindicação de Pedro Proença enquanto presidente da Liga Portugal, além de ter sido, como se viu, uma das suas promessas eleitorais. O agora presidente da FPF nunca conseguiu convencer o seu antecessor, Fernando Gomes, a trabalhar na alteração da Portaria e haveria agora, da parte da equipa de Reinaldo Teixeira, uma expetativa fundada de que as coisas se alterassem, e não se está a falar de pouco dinheiro. Todavia, qualquer mudança só pode ver a luz do dia após a negociação entre Governo e FPF da Portaria que regulamenta a distribuição das verbas proveniente das apostas, o que afasta liminarmente as expetativas de Liga e clubes de verem reforçado o seu quinhão.
O assunto tem vindo a ser colocado em cima da mesa desde abril, e está marcada para 25 de junho próximo uma reunião de um grupo de trabalho conjunto para avaliar a matéria, mas sem efeitos práticos para 2025/26.
A Liga Portugal, que é devedora de 18,5 milhões de euros à banca, na sequência da construção, no mandato anterior, da nova sede, prevê que as receitas que o edifício pode gerar não sejam suficientes para cobrir os custos de amortização da dívida e conservação da infraestrutura, e embora se trate de um bem com um valor intrínseco elevado, tem o condicionamento de não poder ser vendido para outro objetivo que não sedear a Liga, segundo acordo feito com a CM Porto.
Assim, aquilo que na entidade que gere o futebol profissional é sublinhado como uma aspiração de Pedro Proença nos anos em que esteve à frente da Liga, e que depois, em tempo de campanha eleitoral, passou a compromisso com os clubes, espera a Liga Portugal que seja materializado numa verba substancial, de acordo com o que chega à Cidade do Futebol proveniente das apostas nas Ligas profissionais de futebol europeias. Pelos vistos, não o será em tempo útil, embora haja sempre a possibilidade, ‘a posteriori’, de ser aprovado um orçamento retificativo.
NÃO É QUESTÃO MENOR
Não se trata de uma questão menor, não só pelo montante em causa, mas também porque pode determinar qual o tipo de relação futura entre a FPF e os clubes do futebol profissional, e marcar o fim do estado de graça entre as duas instituições.
No Orçamento aprovado pela direção da FPF para 2025/26, que aponta para a criação de um grupo empresarial composto pelo Canal 11, FPF Comercial, FPF Eventos, FPF Fundação, FPF Infraestruturas e FPF Academy, é previsto um gasto total de 143.173.969 euros e receitas de 146.253.607 euros, o que dá um lucro de 3.079.638 euros.
Quanto aos jogos sociais – e aqui são englobadas todas as vertentes e não apenas o que resulta dos jogos das Ligas profissionais de futebol europeias – a expetativa de receita da FPF, inscrita no orçamento, é de 39.200.000 euros.
No documento que vai a votos na Cidade do Futebol no próximo dia 28, as remunerações com os órgãos sociais passam de 3,1 para 4,2 milhões de euros, as despesas com recursos humanos sobem 25 por cento (já houve 100 contratações e devem chegar a 110) e à estrutura, Canal 11 incluído, serão alocados mais cerca de seis milhões de euros.