
Sofia Barroso Sá não pára de fixar novos recordes nacionais e hoje (domingo) tornou-se na primeira portuguesa a concluir um torneio do Ladies European Tour (LET), a primeira divisão do golfe europeu feminino, com um resultado final abaixo do Par do campo.
A amadora portuguesa de 21 anos fechou o 7.º Open da Rep. Checa no grupo das 40.ª's classificadas, empatada com outras cinco jogadoras, com 208 pancadas, 8 abaixo do Par do Royal Beroun Golf Club (Par 72), na Boémia, após voltas de 68, 72 e 68.
Mais impressionante é não ter jogado nenhuma volta acima do Par, entre as 132 jogadoras que disputaram este torneio de 300 mil euros em prémios monetários.
É igualmente inédito uma jogadora portuguesa alcançar dois top-40 no escalão principal do circuito europeu - e logo nos seus dois primeiros torneios -, uma vez que, há duas semanas, na sua estreia nestas andanças, fora 30.ª classificada no Open de Tenerife, com 2 pancadas acima do Par.
Esse 30.º posto (empatada) foi o melhor de sempre de uma portuguesa em torneios do LET, superando o 32.º de Susana Ribeiro no Open de Espanha de 2019.
E o 'score' final de +2 igualarou, então, as 2 acima do Par de Susana Ribeiro, em Marbella, até então o melhor resultado de sempre de uma jogadora nacional no LET. As -8 desta semana, na Rep. Checa, esmagam esse recorde nacional.
Das portuguesas que anteriormente tinham passado o cut no LET, as classificações e resultados foram os seguintes: Carolina Catanho, amadora (hoje em dia, médica), e Mónia Bernardo, profissional (atual treinadora), duas madeirenses, que concluíram O Lancia Ladies Open de Portugal de 2003, respetivamente, nos 65.º (+13) e 67.º (+16) lugares. Já este ano, em Rabat, no Open de Marrocos, a dupla campeã nacional absoluta, Inês Belchior, foi 62.ª (+9), entre 108 participantes, sendo também ainda amadora.
Isto significa que Sofia Sá, com apenas dois torneios jogados no LET, tem duas das três melhores classificações de sempre de portuguesas e os dois melhores resultados.
O mais importante para Portugal é que Inês Belchior, de apenas 18 anos, está a apresentar um nível capaz de criar uma rivalidade saudável entre ambas. O golfe nacional feminino só tem a ganhar com isso.
Já ontem - como Record, então, noticiou e hoje foi reproduzido pela FPG - Sofia Sá tinha feito história para o golfe português, ao tornar-se na única das nossas jogadoras a passar por duas vezes o cut numa mesma época no LET.
A jogadora valorizou, obviamente, a sua prestação desta semana e, em declarações ao 'press officer' da FPG, Rodrigo Cordoeiro, afiançou: "Fico sempre contente por passar o cut e competir ao mais alto nível. Esta semana, o nível esteve mesmo muito forte. A vencedora fez -17 em três voltas, o que diz tudo. Levo boas sensações e também algumas coisas para melhorar para o European Ladies Team Championship".
Como especificou a notícia da FPG, "o European Ladies Team Championship, do calendário da EGA (European Golf Association), é o Campeonato da Europa por Equipas" Femininas, realizando-se entre 8 e 12 de julho no Golf de Chantilly, em França.
Para além de Sofia Sá, a seleção nacional amadora, ainda muito jovem, conta com Amélia Gabin (vice-campeã nacional de sub-16), Francisca Ferreira da Costa (recente melhor jogadora em duas provas federativas), Francisca Salgado (vice-campeã nacional de sub-16 em 2024), Inês Belchior (dupla campeã nacional absoluta) e Nicole Sardinha (campeã nacional de sub-16).
É importante salientar que nunca uma equipa feminina portuguesa partiu para um Europeu amador com tanta rodagem em circuitos profissionais europeus. Para além de Sofia Sá, em 2025, Inês Belchior jogou em torneios do LET e do LETAS (2.ª divisão europeia), Ana Gabin disputou dois eventos do LETAS, Francisca Salgado e Francisca Ferreira da Costa estiveram no Super Bock Ladies Open at Vidago do LETAS. E se Nicole Sardinha não competiu nesse evento do concelho de Chaves foi porque declinou o convite da FPG, porque, sendo residente em Miami, preferiu participar num evento amador da Florida que decorreu em simultâneo.
Voltando ao Tipsport Czech Ladies Open, Sofia Sá foi a segunda melhor amadora, das cinco que jogaram este torneio a contar para o ranking mundial de profissionais, o ranking olímpico e a ordem de mérito do LET, bem como para o ranking mundial amador, aquele que interessa a Sofia Sá, a única portuguesa a ter alguma vez entrado no top-150.
À sua frente só ficou a jogadora da casa, a checa Natalie Saint Germain, que terminou num excelente 9.º lugar (empatada) com 203 (-13), após voltas de 72, 65 e 66. Foram as únicas amadoras a passarem o cut.
Sofia Sá representa a Associação Cultural e Desportiva da Quinta do Lago, mas compete durante parte do ano ao serviço das Horned Frogs da Texas Christian University, nos Estados Unidos. Quando concluir os seus estudos deverá passar a profissional e Miguel Gaspar não vê a hora de poder contar com ela a tempo inteiro.
Em declarações a Record, o membro da Direção da Federação Portuguesa de Golfe, responsável pelo alto rendimento, que acompanhou a jogadora à Rep. Checa, depois de ter estado com as outras portuguesas em Vidago, considerou: "Muito positiva (a prestação). O jogo (está) perfeitamente ao nível das melhores jogadoras. Há um ou outro aspeto do jogo que precisa de ser melhorado para jogar em campos mais difíceis. Estou muito contente com o nível que a Sofia e o nosso golfe feminino tem neste momento. Estou ansioso que este ano passe depressa para termos a Sofia neste circuito todas as semanas. Da minha parte, foi um orgulho acompanhá-la e se precisar de mim irei fazê-lo mais vezes".
O Tipsport Czech Ladies Open teve uma última volta aluciante, com várias alterações de classificações no topo e acabou por ganhar a sul-africana Casandra Alexander, com 199 pancadas, 17 abaixo do Par, após voltas de 73, 64 e 62. A última volta de 62 (-10) é um novo recorde do campo.
A jogadora de 25 anos superou por 2 pancadas a inglesa Esme Hamilton (66+66+69) e a espanhola Luna Sobrón (67+67+67), esta última uma antiga campeã da Europa de amadoras.
O mais incrível é que, há dois meses, quando competia no circuito profissional sul-africano feminino, Casandra Alexander lesionou-se num joelho. Esta vitória, a primeira no LET, veio do nada e foi completamente inesperada.
"Oito semanas sem tocar num taco de golfe é muito tempo", desabafou ao 'press officer' do LET, George Cooper.
"Qualificar-me para o Evian era o meu objetivo nestas últimas semanas", acrescentou. Um alvo que foi atingido pois o título garante-lhe a entrada no Amundi Evian Championship, o Major feminino que disputa-se no próximo mês.