A Final Four da Taça da liga volta a realizar-se em Leiria, à semelhança do sucedido em 2023/24, mas continua a suscitar bastantes dúvidas e curiosidades nos leitores e adeptos mais curiosos e interessados.
O formato, a internacionalização, o projeto, os adeptos, os objetivos... estes são alguns dos temas que continuam a suscitar algumas dúvidas no público geral.
Neste sentido, o zerozero sentiu que era a altura certa para falar com alguém responsável e com um papel de destaque dentro da organização da Liga Portugal. O nosso portal realizou, portanto, uma breve entrevista a João Medeiros Cardoso, diretor-geral da Liga Comercial.
zerozero (zz): Antes de avançarmos, parece-nos importante explicar. Qual é a missão do diretor-geral da Liga Comercial?
João Medeiros Cardoso (JMC): A Liga Portugal é um movimento associativo constituída pelos 34 clubes que participam nas competições profissionais, os acionistas. Para além desta parte associativa, a Liga Portugal reorganizou todo o seu ecossistema empresarial e hoje existem cinco empresas dentro do universo 'Liga Portugal'.»
Temos a Fundação do Futebol, temos a Liga Portugal Infraestrutura, Liga Portugal Business School, Liga Portugal Centralização e a Liga Portugal Comercial da qual sou diretor-geral.
Sob a minha alçada tenho cinco grandes unidades de negócio: gestão da nossa atividade comercial e dos nossos patrocinadores, angariação do novo negócio (uma parte fundamental do modelo de financiamento da liga Portugal), marketing, eventos e ativações, Business Development e internacionalização e merchandising e produtos oficiais.
zz: Qual é o vosso papel concretamente na organização de uma competição como esta?
JMC: A final da Allianz Cup acaba por ser para nós o momento em que desenvolvemos uma série de iniciativas com o objetivo de posicionar e solidificar o futebol enquanto oferta de entretenimento. Se nós olharmos para aquilo que é uma semana de final four e todas as atividades que nós colocamos aqui, nós temos realizado uma série de iniciativas que vão muito para além do 'futebol puro e duro'.
Queremos que a experiência de ver um jogo da final four seja diferente de ver um jogo normal num competição mais tradicional. Queremos que seja uma experiência que marque as pessoas e que as faça sentir com desejo de voltar para a edição seguinte. Temos tido sempre casa cheia e esta edição não será diferente.
zz: E o futuro da competição? A internacionalização do produto é o caminho?
JMC: É um tema que tem sido muito falado... mas não queria criar aqui nenhum tipo de expectativas sobre se a competição vai ou não vai ser internacionalizada. Existem vários países e ligas que adotaram essa estratégia.
Aquilo que percebemos ao longo dos últimos anos, principalmente a partir do momento em que começamos nós também a comercializar a venda dos direitos internacionais desta competição, é que havia no mercado Internacional a apetência e vontade de consumir a Taça da Liga.
O que existe é uma vontade muito grande de comercializar os direitos audiovisuais desta competição para ela seja transmitida em mercados internacionais. Estamos a dar passos relativamente à melhoria do produto.
zz: Um desses passos foi a reestruturação do modelo da competição?
JMC: Sim, sem dúvida que sim. O modelo final four e a concentração dos três jogos numa única semana serviu como reforço desta competição como oferta de entretenimento puro e duro.
A reformulação das competições que foi feita para esta época com o alargamento dos jogos internacionais, do ponto de vista do calendário desportivo, limitou as datas possíveis para que pudesse existir uma competição mais alargada. Este é o modelo possível, face à sobrecarga dos calendários. [referindo-se ao trajeto até à Final Four - veja AQUI as mudanças no formato da competição].
A Final Four em si é um conceito vencedor, como se tem provado nos últimos anos. As equipas querem disputar a final e não olham para este troféu como um título menor. Os intervenientes até já assumem publicamente o desejo de vencer a competição.
zz: Essa é, precisamente, umas das grandes críticas feitas à competição. A falta de significado da mesma. Atribuir uma vaga europeia não poderia ajudar a aumentar o interesse dos clubes?
JMC: A competição está sujeita a críticas, não há nada que não esteja. A verdade é que a competição do ponto de vista da credibilização, quando comparado com há dez anos, onde se olhava para a Taça da Liga como uma «coisa» menor. Essa é uma questão que hoje já não se coloca.
O ano passado tivemos uma final disputada entre Estoril e SC Braga. Tivemos um estádio com duas equipas que disputaram uma final inédita e onde o Estoril podia ter ganho o seu primeiro grande troféu, e onde o SC Braga se empenhou verdadeiramente para vencer mais uma Taça.
[Nesta fase lembrámos o nosso entrevistado que o Estoril, finalista vencido em 23/24, no modelo atual, não faria parte do lote de oito equipas qualificadas para a Taça da Liga - qualificam-se os primeiros seis classificados do campeonato anterior, Estoril tinha ficado no 14.º lugar]
zz: Além de Inglaterra, mais nenhum país das big-five mantém a «Taça da Liga». Porquê?
JMC: São opções que devem ser contextualizadas conforme o seu calendário desportivo e com o modelo de financiamento das próprias ligas. Obviamente não escondemos que esta é uma competição muito importante para os parceiros e patrocinadores da Liga Portugal que procuram algum retorno face ao investimento e que fazem parte do financiamento da própria Liga.
Além disso, ainda há o ponto de vista do interesse audiovisual, porque é mais uma oferta de entretenimento que nós temos para proporcionar aos nossos consumidores. Aquilo que temos feito, onde posicionamos a competição como uma oferta de entretenimento pura e dura, tem tido frutos.
É uma competição que também tem sido transmitida em canal aberto, este ano não será exceção. É muito importante para nós conseguirmos levar o futebol de uma forma tão democrática à casa de todos os portugueses.