
A tensão e o entusiasmo imperaram em véspera da grande partida do Giro de Itália, que este ano será em Durrës, na Albânia, esta sexta-feira, dia da apresentação oficial das equipas.
À margem da cerimónia, os corredores cabeças de cartaz da 108.ª edição da Volta a Itália reuniram-se no Centro de Congressos de Tirana, capital albanesa, para a tradicional conferência de imprensa de antevisão.
Primoz Roglic (Red Bull-Bora-hansgrohe)
Em destaque, Primoz Roglic (Red Bull-BORA-hansgrohe), o vencedor do Giro de 2023, é apontado como principal favorito ao triunfo, a par de Juan Ayuso (UAE Emirates - XRG). Embora não tenha competido muito em 2025 (apenas 12 dias), o esloveno, de 35 anos, chega em boa forma e cheio de confiança depois de ter vencido de forma notável o seu primeiro duelo com o seu jovem rival espanhol na Volta à Catalunha. No entanto, as primeiras palavras de Roglic foram para outro adversário, também presente na sala.
«Será interessante correr contra o meu ex-companheiro de equipa Wout van Aert. Ele é mais do que um simples corredor para mim, terá definitivamente uma oportunidade neste Giro», declarou, antes de fazer a antevisão da corrida.
«Recordarei sempre a minha vitória no Giro em 2023. Foi um momento muito emocionante e especial. Estou de volta e espero voltar a sentir as mesmas emoções. Sinto-me bem e estou pronto. Na minha primeira corrida da temporada [n.d.r.: a Volta ao Algarve], ainda estava a aquecer, mas na Volta à Catalunha ganhei, o que foi muito importante. Tenho trabalhado muito para vencer, estou frequentemente longe de casa e da minha família, e é bom receber algo em troca. Agora no Giro, estamos todos a começar do zero e, ao fim de 21 dias, veremos quem é o melhor. O meu plano? É difícil dizer...»
Juan Ayuso (UAE Emirates)
Juan Ayuso chega cheio de ambição a este Giro a que fez questão de candidatar na pré-temporada dentro da sua equipa, a poderosa UAE Emirates. Sem a presença dos seus companheiros de formação, Tadej Pogacar e João Almeida, o jovem espanhol de 22 anos assume o favoritismo à camisola rosa final, mas é de esperar concorrência interna do britânico Adam Yates.
«É diferente correr o Giro do que a Volta à Catalunha», lembrou Ayuso durante a conferência de imprensa, ao lado de Primoz Roglic, o pretenso principal adversário. «O Giro é mais difícil e longo. Tenho de ter cuidado todos os dias. A primeira etapa já será importante, em que se pode perder mais do que ganhar. Espero que o contrarrelógio de sábado seja uma vantagem para mim. A idade pode ter sido um fator na Vuelta de 2022 e 2023, mas agora, na minha quarta grande Volta, se falhar na última semana não será por causa da minha idade», assumiu Ayuso.
Wout van Aert (Visma Lease a Bike)
Wout van Aert está prestes a participar no Giro de Itália pela primeira vez na sua carreira. Mas poucas horas antes da partida, o belga aborda a corrida com muitas incertezas. Uma infeção viral que contraiu recentemente condicionou bastante a sua preparação, comprometendo as suas ambições iniciais.
«Começo a corrida com algumas dúvidas", disse o corredor da Visma Lease a Bike. «A camisa cor-de-rosa tornou-se mais um sonho do que um objetivo realista», admitiu.
«Infelizmente, fiquei doente na semana passada. A minha preparação tem estado longe de ser a ideal. Digamos que só fiz um treino adequado desde a Amstel Gold Race (20 de abril) e tive de adaptar o meu programa constantemente porque a infeção persistiu. Não sei qual é a minha condição física atual», explicou o ciclista de 29 anos.
«Mas ainda espero fazer um grande Giro. Consegui estar em condições de alinhar à partida e ainda tenho muita ambição, mas temos de ter cuidado. É um grande alívio estar aqui, porque na semana passada não pensei realmente que conseguiria vir. Estou feliz por poder participar nesta grande corrida», disse o belga.
«Espero estar em boa forma desde o início. Mesmo que não esteja no meu melhor no primeiro dia, estou confiante de que as coisas vão melhorar depois. No geral, tenho estado bem na última semana. Vou manter essa confiança», concluiu Van Aert.
Egan Bernal (Ineos Grenadiers)
Egan Bernal, vencedor do Giro em 2021, antes do grave acidente que quase lhe custou a vida, tem regressado, aos poucos, a um nível elevado, e espera juntar-se à luta pela camisola rosa com os melhores.
«Ainda estou na luta por vencer outra grande Volta. Não sei se conseguirei novamente, mas pelo menos é essa a minha esperança», disse Egan Bernal na conferência de imprensa.
«O que sei é que gosto mais de competir agora do que quando ganhava. Graças ao apoio da equipa, tive uma excelente preparação nas últimas duas semanas», revelou o colombiano.
«O novo design da minha camisola de campeão nacional faz lembrar a equipa Café de Colombia dos anos 80 e 90. Inspirou-me a tornar-me corredor e estou a tentar fazer o mesmo para a próxima geração», concluiu o campeão do seu país, de contrarrelógio e de fundo, que por isso envergará a magnífica camisola tricolor todas as etapas – a não ser que lidere algumas das classificações deste Giro.
Tom Pidcock (Q36.5)
Tom Pidcock teve um início de temporada fantástico com a sua nova equipa, vencendo quatro corridas e conquistando resultados de destaque nalgumas das principais clássicas da primavera. O britânico vai participar no Giro pela primeira vez com a ambição de se divertir e vencer uma etapa, como aconteceu no Tour há três anos.
«Acima de tudo, quero correr, dar o meu melhor todos os dias e desfrutar do Giro. As oportunidades surgirão, se o fizer», explicou Tom Pidcock na conferência de imprensa.
«Estou em grande forma depois das clássicas das Ardenas. Estou ansioso pelo meu primeiro Giro. Tenho boas relações com a Itália desde a minha vitória no Baby Giro. Este ano tenho participado em corridas que já queria fazer há algum tempo e estou muito feliz com mais esta oportunidade», concluiu o campeão olímpico de BTT cross country.