
Ei-la, confirmação de uma marca evasiva e ilusiva em igual medida: o Sporting é bicampeão nacional, 71 anos depois!
O leão dependia apenas de si mesmo e conseguiu corresponder com um par de gritos, nas vozes de Pedro Gonçalves e Viktor Gyökeres. Assim foi selado um triunfo por 2-0 sobre um Vitória SC que, derrotado, falhou o acesso às competições europeias - Santa Clara fez essa festa, em Faro, enquanto o Benfica lamentou, em Braga, o título perdido.
O dia das decisões
Quando ainda não havia qualquer garantia em relação ao desfecho das contas desportivas, os adeptos leoninos já faziam a sua parte. Horas antes do jogo, várias dezenas de milhares (mais do que os 49 mil que encheram o estádio, é certo) juntaram-se nos arredores da casa verde e branca.

Houve foguetes, houve festa, mas nada que saísse do antro da confiança para aterrar no da arrogância. Afinal, houve também burburinhos tímidos dos que não acreditavam assim tanto e que batiam na madeira por cada frase menos bem medida. Os mais velhos evitavam «agoirar», os mais novos igual, mas com a palavra «jinx».
Verdade é que, à hora do apito final, já nada disso importava. Nem isso ficará na história ou no filme de um dia histórico para os leões que, reforce-se, conseguiram mesmo aquilo que tanto queriam.
Entre festas alheias, reinou ansiedade
O interior do estádio correspondeu ao ambiente vivido fora dele, especialmente a partir dos últimos minutos antes do apito inicial. A magnitude da ocasião estava patente na voz coletiva da bancada. Não esteve patente, no entanto, no futebol que se verificou em campo. Numa fase inicial, pelo menos...

Mais do que o desperdício (nada clamoroso, saliente-se), foi lamentada a lesão prematura de Diomande. Isso piorou a ansiedade caseira, só melhor tratada com a informação de que, a norte, o SC Braga tinha-se colocado em vantagem sobre o Benfica. Os adeptos do Vitória não viram a sua equipa criar qualquer ocasião na primeira parte, mas também gritaram bem alto com a notícia de que o Farense tinha marcado ao rival vitoriano na luta europeia, o Santa Clara.
Dois golos, chamem-lhe bi!
A segunda parte trouxe mais ação, com o Sporting a entrar determinado a fazer a sua parte. Aos 55 minutos, já depois de nova bola parada ganha por Morita, chegou o golo. Que grito, Alvalade! Quaresma embalou, Debast fez o passe (bela exibição de ambos) a soltar Maxi Araújo, que assistiu Pedro Gonçalves para o 1-0.
Apropriado que tenha sido o camisola 8 a ter o seu grande momento no pós-lesão, com esse remate que ainda beijou o poste. No mesmo poste resvalou o remate de Geny Catamo, mas esse não desviou para o interior da baliza. Por essa altura crescia a ansiedade, com a notícia de que o Benfica empatava em Braga, contra 10. Enormes nadas, no grande esquema das coisas.Todas essas ansiedades seriam, em breve, secundárias, pois foi aos 83 que Gyökeres protagonizou o momento que para sempre viverá na mente de quem o testemunhou. O 2-0, golo do conforto, num lance de pura insistência. Selvagem o espírito de todo o lance e igualmente do festejo, com ambos esses momentos a casarem na perfeição com a reação das bancadas. Que momento.
Gritos de campeão alimentaram uma festa que se construía bem antes do apito final, tanto que o 3-0 chegou a posicionar-se como possibilidade. Não aconteceu, mas ninguém quis saber. Afinal, o Sporting acabava de conquistar o bicampeonato...