

O torneio de Wimbledon já arrancou e numa semana aconteceram muitas surpresas. O que não é surpresa é os principais candidatos ao título, Carlos Alcaraz, Jannik Sinner e Novak Djokovic, continuarem em prova e a procurarem um troféu inédito. Apesar de não continuar em prova, Nuno Borges voltou a fazer história e continua a mostrar o porquê de ser o melhor tenista português da atualidade.
A primeira ronda foi histórica. No quadro masculino caíram 13 cabeças-de-série, enquanto no lado feminino dez foram afastadas. Estas eliminações, no quadro masculino, são um novo recorde do torneio e é o maior número de cabeças-de-série afastados de um Grand Slam logo na ronda inaugural.
Nuno Borges foi o responsável pela eliminação do 16.º cabeça-de-série, Francisco Cerundolo. Esta foi a primeira vitória do tenista maiato em Wimbledon. Borges derrotou o argentino com os parciais de 4-6, 6-3, 7-6 (7-5) e 6-0.
O jogo não começou bem para o português, mas quebrou Cerundolo por duas vezes na segunda partida e empatou a partida. O terceiro set foi muito equilibrado e Nuno Borges só conseguiu levar a melhor no tie-break. A ascensão do número português foi notória e venceu o quarto set sem qualquer problema. O adversário que se seguia era Billy Harris.
A queda de Alexander Zverev foi a mais chocante. O número três do ranking mundial foi derrotado pelo francês Arthur Rinderknech, em cinco sets pelos parciais de 7-6 (3), 6-7 (8), 6-3, 6-7 (5), 6-4. Lorenzo Musetti, semifinalista da edição passada, também não sobreviveu e foi afastado pelo qualifier Nikoloz Basilashvili, por 6-2, 4-6, 7-5 e 6-1.
O outro português em prova, Jaime Faria, não teve a estreia que desejava. A competir pela primeira vez no quadro principal de Wimbledon, o número dois nacional não conseguiu superar Lorenzo Sonego e foi eliminado em três sets.
O bicampeão do torneio não teve uma tarefa fácil no jogo inaugural. Alcaraz esforçou-se ao máximo para eliminar o veterano Fabio Fognini. No court central do All England Club, o murciano e o transalpino mostraram as suas qualidades ao longo de quatro horas e 37 minutos.
Alcaraz afastou o italiano em cinco sets, pelos parciais de 7-5, 6-7 (5-7), 7-5, 2-6 e 6-1. Esta foi a 15.º vitória consecutiva de Alcaraz em Wimbledon e na ronda seguinte tem Oliver Tarvet como adversário.
Na segunda ronda, a maior surpresa e, certamente, a maior desilusão para o público da casa foi a eliminação de Jack Draper. O britânico, número quatro do ranking ATP, perdeu contra o tenista Marin Cilic, por 4-6, 3-6, 6-1 e 4-6.
Draper continua a não conseguir chegar à terceira eliminatória em Wimbledon e agora as esperanças britânicas recaem em Cameron Norrie, o único britânico em prova. A última vez que um tenista da casa venceu o torneio de Wimbledon foi Andy Murray em 2016.
Nuno Borges é uma das razões de só haver um britânico em prova. Na segunda eliminatória, o português bateu Billy Harris em três sets, com os parciais de 6-3, 6-4 e 7-6 (9-7), em duas horas e 30 minutos. As duas primeiras partidas foram tranquilas para o maiato, mas no terceiro set notava-se algum nervosismo por parte do português e teve que resolver o jogo em tie-break.
Borges torna-se no primeiro português a alcançar pelo menos a terceira eliminatória nos quatro Grand Slams, depois de chegar aos oitavos de final do Open dos Estados Unidos em 2024 e à terceira jornada do Open da Austrália e Roland Garros nesta temporada.
A história portuguesa em Wimbledon terminou na terceira ronda. A lutar por uma vaga nos oitavos de final, Nuno Borges foi eliminado pelo russo Karen Khachanov. A partida durou três horas e 48 minutos, onde o 17.º cabeça-de-série venceu em cinco sets, por 7-6 (8-6), 4-6, 4-6, 6-3 e 7-6 (10-8).
O português saiu do court 3 do All England Club aplaudido pelo público que parabenizou a exibição de Nuno Borges. Foi um duelo muito intenso e equilibrado, mas Borges desperdiçou uma vantagem de 5-2 no quinto set e, consequentemente, sofreu o break que serviu para fechar o encontro.
Jannik Sinner e Novak Djokovic chegaram aos oitavos de final com exibições de luxo. O italiano e número um mundial ainda não perdeu qualquer set e eliminou o compatriota Luca Nardi, no jogo de estreia. Seguiram-se Aleksandar Vukic e Pedro Martinez. Sinner está numa forma incrível e Alcaraz deve estar bem atento à prestação do italiano. Os dois melhores tenistas da atualidade só se podem defrontar na final.
O sete vezes campeão de Wimbledon também deve ser levado em conta. Djokovic na estreia derrotou Alexandre Muller, por 6-1, 6-7 (7/9), 6-2 e 6-2. Nas eliminatórias seguintes, não perdeu qualquer set nas partidas contra Daniel Evans e Miomir Kecmanovic. A vitória contra o compatriota foi a sua 100.º em Wimbledon. Um registo histórico, onde só Martina Navratilova e Roger Federer tinham feito.
Alcaraz, depois do sofrimento na estreia, teve uma maior tranquilidade nas rondas seguintes. Ultrapassou o britânico Oliver Tarvet, em apenas três sets e na terceira eliminatória superou Jan-Lennard Struff, por 6-1, 3-6, 6-3 e 6-4. Em comparação com os principais rivais, o espanhol está um pouco abaixo, a nível exibicional, mas Alcaraz neste tipo de torneios não costuma desiludir.
Para terminar, somente duas breves notas. A primeira é sobre a eliminação da campeã em título, Barbora Krejcikova. A checa foi derrotada por Emma Navarro em três sets, pelos parciais de 2-6, 6-3 e 6-4, na terceira eliminatória.
A segunda está relacionada com a quebra de uma regra centenária. Como é sabido em Wimbledon os tenistas são obrigados a vestir-se totalmente de branco. Contudo, o tenista Francisco Cabral, na segunda ronda do torneio de pares, foi autorizado pela organização a usar um laço negro para homenagear os futebolistas Diogo Jota e André Silva.