O UniCredit, na sua reunião do Conselho de Administração, decidiu nesta terça-feira retirar a sua Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre o rival Banco BPM. O banco argumenta que, apesar do progresso no combate às imposições do Governo, o ‘golden power’ do executivo não deixa a instituição “satisfeita” com os termos atuais.

O período da OPA tinha sido suspendido, horas antes, pelo regulador do mercado por mais 30 dias, por considerar que os acionistas do BPM se viram no meio de um processo complexo de tomada de decisão, precisamente devido às condições do Governo. “O processo normal de oferta tem sido impactado pelo ‘golden power’ defendido insistentemente pela liderança do BPM, impedindo o UniCredit de abordar os acionistas do BPM da forma natural que qualquer processo de oferta permitiria”, critica o banco liderado por Andrea Orcel.

O banco considera que, ainda que a OPA tenha sido suspensa, o tempo necessário para chegar a uma solução definitiva vai além do fim da mesma. Assim, “de forma a trazer clareza à situação e proteger os interesses do UniCredit e dos seus acionistas”, a instituição tomou a decisão de recuar. O CEO do UniCredit sublinhou que a sua responsabilidade é “agir segundos os melhores interesses do UniCredit e dos acionistas” e que a oferta em questão, com as condições atuais, não beneficiava nenhum dos dois.

“Esta é uma oportunidade perdida não só para os ‘stakeholders’ do BPM, mas também para as empresas italianas, as comunidades e a economia em geral”, reforça o UniCredit, que reitera estar “convencido que a consolidação do setor bancário italiano iria beneficiar tanto o país como a Europa em geral”. A oferta sobre o BPM, avaliada em 14,6 mil milhões de euros, foi lançada em novembro passado, iniciando um período de ofertas entre instituições bancárias no país que ainda está a decorrer.

O foco prioritário do banco, defende a empresa, é executar a sua transformação estratégica, que passa por entregar resultados acima das expectativas. As fusões “continuam a ser uma ferramenta a ser utilizada apenas se acelerar essa mesma estratégia e impulsionar a criação de valor”, atenta.

Recorde-se que o UniCredit mantinha, paralelamente, um interesse na aquisição do banco alemão Commerzbank, onde já detém uma posição de 28%, dos quais 20% são em capital da empresa e 8% em instrumentos financeiros. Há cerca de dois meses, o segundo maior banco italiano duplicou a sua presença no grego Alpha Bank para perto de 20%, também através de instrumentos financeiros. Mais ainda, Andrea Orcel revelou, no início de junho, que o banco italiano identificou oportunidades de negócio em 13 países onde opera.

O UniCredit reportou nesta quarta-feira um resultado líquido de 3,3 mil milhões de euros no segundo trimestre de 2025, acima dos 2,5 mil milhões do trimestre homólogo. Nos primeiros seis meses do ano, o banco alcançou um lucro de 6,1 mil milhões. A empresa espera agora alcançar um lucro total de 10,5 mil milhões até ao fim do ano.