
O Deutsche Bank alertou para um impacto de capital superior ao antecipado devido à implementação das reformas de Basileia IV, que alteram a forma como os bancos calculam o risco. Segundo o seu mais recente relatório do Pilar 3, ao qual ao Financial Times (FT) teve aceso, as novas regras poderão aumentar os ativos ponderados pelo risco (RWA) do banco em um terço até 2033, pressionando o seu rácio de capital CET1 abaixo do mínimo regulamentar atual.
As mudanças fazem parte do esforço dos reguladores europeus para limitar o uso de modelos internos e harmonizar os requisitos de capital entre instituições financeiras. Segundo o jornal, o banco alemão tem entrado repetidamente em conflito com os reguladores nos últimos anos por causa dos seus modelos internos de risco. Os supervisores procuram limitar o uso de modelos internos no cálculo dos RWA, com o objetivo de reduzir a variação nos requisitos de capital entre bancos diferentes.
As mudanças, que elevariam os RWA do Deutsche Bank para €470 mil milhões, ameaçam reduzir a sua principal medida de solidez financeira, o rácio de capital CET1. Os números no relatório indicam que este rácio cairia de 13,8% para cerca de 10,4% até 2033, valor abaixo da atual meta do banco, entre 13,5% e 14%, e inferior ao mínimo regulamentar atual de 11,3%.
Com as novas regras, a partir de 2030, os RWA calculados com modelos internos não poderão ser inferiores a 72,5% do cálculo padronizado ou ficarão sujeitos ao chamado “piso de saída” (output floor), explica o FT.
O banco já havia estimado um impacto inicial de cerca de €30 mil milhões em RWA adicionais até 2030, depois de tomar medidas para “compensar parte dos efeitos do output floor”. No entanto, os dados mais recentes do relatório do Pilar 3 indicam que, no pior cenário, os RWA do Deutsche poderão aumentar €63 mil milhões até 2030. Ou seja, o banco terá de reter mais capital próprio.
Segundo o Financial Times, o Deutsche Bank será um dos bancos mais afetados da Europa neste aspeto. Atualmente, apenas 33% dos RWA do banco são calculados com modelos padronizados, comparado com mais de 50% no BNP Paribas ou no UBS, por exemplo.