A Taberna Londrina nasceu a quatro mãos e cedo juntou os intensificadores de sabor certos para crescer com solidez. Primeiro, juntou dois pares de mãos extra com know how e, depois, uma estratégia que se revelou vencedora. “Eu e o Francisco [Varela] queríamos abrir um negócio e criar um conceito inovador em Portugal: um snack-bar com vários produtos, não só focados na Francesinha” e que contribuíssem para Portugal ter “uma gastronomia ainda melhor”. É assim que Eduardo Xavier, sócio cofundador da Taberna Londrina recorda a génese do negócio, ao lado de Francisco Varela.

Na altura com 26 e 27 anos, respetivamente, os amigos levaram um “choque” de realidade com a dura vida de empreendedores. “Quando começámos, lembro-me de o Francisco estar na ‘caixa’ e eu atrás do balcão, a fazer sangrias”, relembra Eduardo, entre risos. Francisco Varela completa a memória: “Ao terceiro mês, queríamos desistir do negócio, não tínhamos vida!”.

Foi só depois de abrirem o primeiro restaurante, em 2018, que se juntou André Novais e Sérgio Cunha, para completar a sociedade. A experiência de ambos no setor da restauração era a peça do puzzle que faltava para alcançar o que estava por vir: escalar o negócio e internacionalizar. “Ajudaram-nos a crescer”, conta Eduardo. Hoje com 20 restaurantes abertos, incluindo Paris e Luxemburgo, os sócios não têm mãos a medir, mas não querem ficar por aqui. “O que nos motiva é querermos sempre mais”, desvenda Eduardo.

Nesta entrevista, o quarteto conta como vê este percurso de sucesso, partilha os desafios que têm encontrado e

até o ingrediente (e 5º elemento!) secreto das suas Francesinhas, que já estão a conquistar o “mercado da saudade”.

Dez anos após a abertura da primeira Taberna Londrina, em Guimarães, somam 18 espaços em Portugal e dois lá fora. Foi assim que imaginaram a evolução do negócio?

[Francisco Varela – F.V.] Não, mas estamos a olhar com muito bons olhos para este crescimento. Desde o primeiro momento, a ideia era internacionalizar, não achávamos era que fosse tão rápido.

[Eduardo Xavier -E.X.] Damo-nos todos bem, tem corrido bem. Nunca pensámos ter um crescimento tão grande, mas as coisas foram correndo bem, fomos crescendo. E agora a ideia é crescer ainda mais.

Paris e Luxemburgo foram os locais escolhidos para expandir. Que estratégia motivou estas escolhas?

[E.X.] A estratégia de não abrir no centro de Paris, mas em Saint-Maur, uma periferia que tem bastantes portugueses, foi a de dar a conhecer o produto ao português que já conhece a Francesinha, o “mercado da saudade”, que em Paris é grande, e depois ir dando a conhecer também ao parisiense. A nossa ideia é começar pelas periferias e por localizações onde haja muitos portugueses e, mais tarde, chegar aos centros. Ao chegarmos ao centro, queremos que já conheçam o nosso produto.

O ingrediente secreto

Diz-se que o segredo é a alma do negócio e, no caso da Taberna Londrina, esse segredo está no molho da Francesinha. A receita pertence à mãe de Eduardo Xavier, Glória Xavier, de 69 anos, que faz o molho todos os dias e que depois é distribuído pelo pai para todos os restaurantes.

Quais são os principais desafios de gerir um negócio com esta dimensão, com presença internacional?

[Sérgio Cunha] A nossa maior dificuldade é manter a qualidade do produto em todas as casas: a carne, o molho, que temos de exportar, por exemplo…. Vamos agora aumentar o espaço de armazém, para termos a logística do nosso lado, e garantir que a qualidade chega igual a cada casa.

[F.V.] O nosso objetivo é que a Taberna Londrina de Lisboa seja exatamente igual à de Braga ou de Paris. Podem ter alguns produtos adaptados consoante a cultura, claro, mas seguindo o mesmo padrão. Essa é a maior dificuldade, além do controlo do negócio. E é aí que estamos constantemente a aprender.

Como garantem a consistência da experiência da marca nos diferentes mercados?

[F.V.] Vai um pouco da nossa cultura. Estamos muito felizes pelo crescimento rápido, mas desde o início que a nossa visão era conseguir gerir [o negócio] à distância, para termos várias casas. E acho que

foi essa a cultura que criámos os quatro, a de saber que a partir de um local fixo conseguimos controlar as casas todas. Para isso criámos uma série de processos. Visitávamos os restaurantes quando tínhamos casas só no norte de Portugal, mas é algo insustentável com o crescimento. Agora temos uma equipa de supervisores e são eles que fazem esse trabalho. Também criámos um programa para controlar o stock.

Num setor tão competitivo como a restauração, como têm equilibrado o crescimento do negócio com a sustentabilidade financeira?

[André Novais] É ir crescendo, passo a passo, e o investimento acompanhar esse crescimento. O negócio tem risco e este não é diferente dos outros. Mas com ponderação e trabalho árduo diariamente, vamos conseguindo crescer, investindo na marca, nos restaurantes e na empresa. Estamos em constante investimento e reinvestimento também.

A gastronomia e os hábitos dos consumidores estão sempre em evolução. Como é que a Taberna Londrina acompanha e se adapta?

[E.X.] Vamos tentando acompanhar e inovando sempre, lançando novos produtos e mantendo a qualidade que nos diferencia de muitos restaurantes – a nossa carne dizem que é mais cara, mas a qualidade é boa, seguramente.

Em que medida a inovação tem contribuído para o sucesso e o crescimento da marca? O que vos inspira a continuar a inovar?

[F.V.] Com esta realidade de ter muitas casas abertas, a inovação é um fator essencial para conseguirmos, a partir de um local, controlar o negócio como um todo, como já referi. Apostámos em tecnologia de ponta, softwares que ajudam a controlar o negócio a partir da sede e também gostamos de trazer isso para o cliente, com a nossa app, por exemplo. Como os nossos restaurantes costumam ter fila de espera e não temos política de reservas, com a app temos como objetivo criar aquela cultura de as pessoas fazerem o seu pedido mesmo antes de um colaborador ir à mesa. Tentar estar um passo à frente é algo que temos bastante presente, até porque o nosso público é jovem, de certa forma, e os jovens estão sempre mais abertos a usar tecnologia.

Quais são os planos para os próximos dez anos?

[Francisco] – Não sei se podemos dizer… (risos). Queremos expandir e continuar a internacionalizar. Queremos levar a cultura da Francesinha para o mundo, achamos que é um produto gastronómico português que tem muito sucesso. Dou sempre o exemplo do sushi, que veio da Ásia, e que agora é uma cultura mundial, que quase toda a gente gosta. Acho que a Francesinha, bem trabalhada, pode ter uma cultura com presença forte a nível mundial. Essa é a nossa pegada e o que queremos fazer.

Têm algum mantra que vos inspire em dias mais complicados?

[E.X.] O que me motiva é querer sempre mais, e enquanto somos novos e há forças para continuar, vamos continuar sempre!

[F.V.] Há dias que nem todos estamos bem, e quando alguém está mais em baixo, como equipa, puxamos. Temos uma força muito boa!

[A.N.] Temos também uma grande responsabilidade, com 400 funcionários. São 400 pessoas que não podemos abandonar de um momento para o outro.

Qual é o vosso prato favorito da Taberna Londrina?

[Todos] É mesmo a Francesinha, sem dúvida! Cada um com a sua: Francesinha de Lombo, de Novilho, Francesinha À Dantes e Francesinha à moda da Póvoa.

Francesinha: a ‘rainha’ do menu

É ela a grande protagonista desta história e, como tal, tem no menu da Taberna Londrina inúmeras variações, das quais:

  • Francesinha em Baguete
  • Francesinha Vegetariana
  • Francesinha com hambúrguer picanha
  • Francesinha de Frango
  • Francesinha Bife de Novilho
  • Tosta Mista Especial
  • Cachorro Especial

Este arigo foi produzido em parceria com a Taberna Londrina.