O banco italiano Unicredit passou a ser o maior acionista do Commerzbank com 20% do capital ao trocar os seus instrumentos derivados por ações do banco alemão, numa operação que teve “luz verde” da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE).

Este movimento do banco liderado por Andrea Orcel, anunciado na passada terça-feira, foi mais uma vez mal recebido pelo Estado alemão que sempre se colocou publicamente ao lado da administração do Commerzbank contra a investida italiana.

A estrutura acionista do Commerzbank está muito fragmentada. Até agora, o Estado alemão era o acionista maioritário com 12%, através de vários veículos de investimento como o Fundo de Estabilização Financeira ou o Fundo de Pensões do governo. São também acionistas daquela instituição financeira o Barclays (9%), a BlackRock (6,2%) e o Norges Bank (2,8%) entre outros.

O mercado reagiu positivamente nesta quarta-feira à manobra dos italianos, com as ações do Commerzbank a superarem os 30 euros logo na abertura da bolsa germânica.

Recorde-se que Orcel escreveu três cartas dirigidas aos responsáveis do governo alemão. Uma ao novo Chanceler Friedrich Merz, outra ao ministro das Finanças, Lars Klingbeil e outra ao chefe da chancelaria Levin Holle, tentando convencer o executivo alemão da bondade da oferta do banco italiano.

Na carta ao Chancelar Merz, Orcel falava na criação de um novo “campeão bancário nacional”, que resultaria da fusão entra as duas instituições financeiras. “Tal fusão criaria um novo campeão bancário nacional para a Alemanha, uma nova instituição que está comprometida com a renovação económica da Alemanha e que, portanto, apoia aquilo que é uma preocupação central do novo governo federal”, disse Orcel.