A exposição, intitulada "A Revolução das Marionetas | 1970 - 1980", foi inaugurada hoje ao final da tarde e vai poder ser visitada até 15 de junho no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo (MNFMC), na acrópole da cidade alentejana.

A iniciativa resulta de uma parceria entre o MNFMC, o Museu da Marioneta e o Museu Nacional do Teatro e da Dança, ambos em Lisboa, e a 17.ª Bienal Internacional de Marionetas de Évora (BIME), promovida pelo Centro Dramático de Évora (CENDREV).

Contactada pela agência Lusa, Sandra Leandro, diretora do museu de Évora, realçou tratar-se de "um acontecimento pioneiro que reflete vários revoluções".

"É raro um museu nacional convidar a arte da marioneta para uma exposição, mas [neste caso] fá-lo com toda a convicção", afiançou a responsável do MNFMC.

Sandra Leandro disse que, "geralmente, olhava-se para a arte da marioneta como algo um bocadinho menor", mas, no que respeita aos museus envolvidos nesta exposição, não é esse o entendimento.

"Nós não o considerávamos assim, porque, quer a arte popular, quer a arte erudita podem conviver e têm valor por si próprias e cada uma tem lugar no museu nacional", defendeu.

Na mostra em Évora, o público vai poder apreciar "um total de 72 marionetas das décadas de 70 e 80 do século passado, a maioria oriunda do Museu da Marioneta e outras do Museu Nacional do Teatro e da Dança", explicou à Lusa.

"Uma das razões pela qual acolhemos a exposição é que esta maravilhosa cidade de Évora tem uma bienal que é a BIME e vamos ter a 17.ª edição e foi uma proposta conjunta. É um momento muito feliz e estas marionetas vêm fazer umas autêntica revolução", argumentou Sandra Leandro.

A diretora do MNFMC lembrou que as marionetas "contam um pedaço importantíssimo da história do país, Nas décadas de 70 e 80, quando Portugal se reestruturava, a arte da marioneta refletiu isso mesmo, quer o lado criativo, quer o lado plástico, foi uma época muito rica para esta arte, com criadores muito interessantes, alguns até já vindos da década de 60", considerou.

No comunicado alusivo à exposição, é explicado que a iniciativa narra a história da marioneta em Portugal "nos anos arrojados e criativos que foram as décadas de 70 e 80 do século passado".

"A partir de finais dos anos 60, a arte da marioneta em Portugal foi agitada pelo sopro de mudança que se começava a fazer sentir no campo das artes em geral", pode ler-se.

Progressivamente, a itinerância da marioneta passa da rua para a sala, vai às escolas, adquire novas técnicas e componentes plásticas, abre-se à dramaturgia, dá voz a textos clássicos.

"Com uma inovadora ousadia, a marioneta e o seu teatro revelam-se um agente cultural fundamental na construção de uma educação pela arte, que começa nessa altura a abrir caminho", de acordo com o MNFMC.

A simples marioneta de luva adquire novas possibilidade de movimento, convive com marionetas de manipulação mais complexa, movidas por vara, varão, fios ou de manipulação à vista.

"A conceção plástica do espetáculo, mais elaborada, parte de um projeto, de um desenho, de um pensamento artístico" e a marioneta integra o teatro, a música, a dramaturgia e a cenografia", relatou.

As marionetas expostas em Évora "foram criadas pelas companhias mais representativas desta metamorfose", como o Teatro de Branca Flor, o Grupo de Teatro Perna de Pau, a Companhia Marionetas de São Lourenço e o Diabo ou a Associação Cultural Marionetas de Lisboa.

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