
Nasceu no Montijo em 1966 e nada faria prever que viria a ser um dos melhores futebolistas portugueses de sempre. Mas a verdade é que o jeito como 'tratava' a bola destacou-se no futebol ibérico e fez de Paulo Futre a transferência mais cara de sempre do futebol em Portugal, em 1987, quando saiu do Porto para o Atlético de Madrid.
Além do seu talento dentro das quatro linhas, também a sua vida pessoal esteve debaixo dos holofotes da fama. A imprensa manteve-se sempre atualizada acerca dos passos que Paulo Futre dava - e alguns deles acabaram em polémica.
E foi precisamente por ser uma estrela que os seus filhos cresceram 'à vista de todos'. Paulo Futre Junior e Fábio Futre foram sempre alvo de curiosidade e parece que isso não mudou com o tempo.
É que o mais velho - que seguiu os passos do pai no mundo dos negócios - deu recentemente uma entrevista ao jornal espanhol, La Marca, e acabou a fazer uma revelação acerca de si mesmo que está a circular em toda a imprensa portuguesa: é sobredotado.
À conversa com a publicação espanhola, de acordo com o citado pelo Record, o membro da Mensa - uma prestigiada associação internacional para pessoas com um QI superior a 98% da população - explicou como vive, desde a juventude, com uma capacidade intelectual acima da média, e como a ajuda do pai foi fundamental.
"Estou muito grato pela confiança, responsabilidade e pelos desafios que me deu desde muito novo. A partir dos 14/15 anos, meteu-me no negócio da família. Sabia que estava aborrecido na escola, por isso escrevia-me desculpas para faltar às aulas e acompanhá-lo a reuniões em todo o mundo", começou por dizer Paulo Futre Júnior.
"Já me sentei com todos os 'Abramovich' [bilionário russo luso-israelita] do mundo do futebol. Desde Florentino Pérez a sheiks árabes e a todos os que se possa imaginar. Inicialmente era tradutor, mas com o tempo aprendi sobre direito desportivo e como lidar com muitas das negociações", revelou.
"A título de curiosidade, o meu pai foi comentador da Al-Jazeera. Estava encarregue das negociações do contrato dele com um tal Al-Khelaifi. Passei horas a negociar com o Nasser [presidente do PSG]. Tinha 19 anos. Não há MBA que nos ensine melhor do que essa experiência", referiu ainda, orgulhoso.
O "medo dos preconceitos"
Na mesma entrevista, Paulo Futre Júnior lembrou também o preconceito que ainda existe em relação aos sobredotados e como isso afeta atletas de alto rendimento - "alguns deles muito conhecidos" - que também o são e que "preferem manter o anonimato".
"Tenho consciência de que não me enquadro nem no estereótipo do filho de um futebolista nem no estereótipo associado à capacidade intelectual. E porquê negá-lo? Diverte-me! Esta coisa do drible é de família. Além disso, acho que pode ser útil torná-lo visível. Conheço várias pessoas sobredotadas (incluindo desportistas de topo) que guardam segredo por medo dos preconceitos que as pessoas possam ter em relação a eles. Se puder ajudar a fazer com que seja algo natural, através de entrevistas como esta, terei todo o gosto em fazer a minha parte", explicou.
Ainda em conversa com o periódico espanhol, Paulo Futre Júnior teve tempo para falar sobre a inteligência do pai. "Não é a pessoa indicada para filosofar sobre o niilismo mereológico, mas é extraordinariamente inteligente. A velocidade com que pensa, a criatividade, a forma como resolve soluções complexas. Tem uma grande capacidade de pensar 'fora da caixa'. Não sei ao certo em que percentil é que ele vai estar, mas de certeza que é muito alto", concluiu, segundo o citado pelo meio desportivo português acima mencionado.