Um novo estudo científico da Carnegie Mellon University concluiu que as pesquisas na Internet podem prejudicar a criatividade.

Na investigação publicada na Memory & Cognition, os participantes foram convidados a fazer um 'brainstorm' para inventar novas utilidades para dois objetos: chapéus de chuva e escudos.

Parte dos participantes tinham acesso às pesquisas da Google, enquanto outra parte estava proibida de utilizar ajuda externa.

Embora o estudo não tenha encontrado diferenças estatisticamente relevantes entre a criatividade dos indivíduos com acesso à pesquisa na Internet e a dos que não têm acesso, quando foram agrupados em grupos, a pesquisa na Internet pareceu ser um entrave à produção de ideias.

"Isto parece dever-se ao facto de os utilizadores do Google apresentarem as mesmas respostas comuns, muitas vezes pela mesma ordem, enquanto os utilizadores que não utilizaram o Google apresentavam respostas mais distintas", refere Danny Oppenheimer, autor principal do estudo, citado pelo EurekAlert!.

O estudo revelou ainda um padrão inesperado entre os dois objetos. Enquanto as pesquisas online revelaram uma variedade de utilizações alternativas para os guarda-chuvas, pouco encontraram para os escudos.

Notou-se também que os participantes tiveram mais dificuldade em gerar novas ideias para guarda-chuvas, enquanto a ausência de ideias pré-existentes para escudos pode ter deixado mais espaço para a criatividade florescer.

Segundo o EurekAlert!, este pode ser um exemplo do que é conhecido como 'efeitos de fixação', em que a apresentação de uma possível solução para um problema estimula os participantes a pensar noutras respostas semelhantes, mas também os impede de pensar em respostas novas ou diferentes.

"Por exemplo, uma pessoa que esteja a tentar fazer um 'brainstorming' de 'coisas que se podem espalhar' e que veja outras pessoas, ou o Google, darem respostas como 'manteiga' ou 'compota', tem mais probabilidades de encontrar outros alimentos, como queijo creme, e menos probabilidades de encontrar respostas não baseadas em alimentos, como doenças ou rumores", afirma Oppenheimer.

"Este estudo é a primeira prova de que os efeitos de fixação são induzidos pela pesquisa na Internet."

O autor considera que o acesso à Internet está a mudar a forma como as pessoas pensam, e resolvem problemas, e pretende continuar a investigar como estas ferramentas podem ser usadas de forma mais eficiente.

"A Internet não nos está a tornar burros, mas podemos estar a utilizá-la de formas que não são úteis."

"Muitos de nós estamos a repensar as nossas relações com a tecnologia", refere o coautor do estudo Mark Patterson.

"Parece que todas as semanas há uma espécie de novo avanço alucinante e penso que uma interpretação do nosso artigo é uma chamada de atenção para as vantagens importantes que temos enquanto pessoas normais que tentam resolver problemas."

"Queremos agarrar-nos à nossa individualidade e à nossa humanidade normal, sem ajuda da tecnologia, porque é isso que nos vai fazer resolver os problemas de forma ligeiramente diferente das outras pessoas, e isso pode ser realmente valioso", acrescenta, citado pela mesma publicação.