O presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, e a assembleia municipal protestaram contra os atrasos na distribuição de correio no concelho e exigiram aos CTT a reposição da regularidade e qualidade do serviço.

Em declarações prestadas à agência Lusa, o autarca de Évora, eleito pela CDU, indicou que “continuam a existir atrasos significativos” na distribuição postal no concelho e salientou que há “queixas de atrasos de mais de um mês”.

“É absolutamente preocupante”, afirmou, alertando que uma das consequências da situação é o atraso dos pagamentos de prestações sociais “a pessoas, em particular as que têm muita fragilidade, que necessitam do dinheiro com urgência”.

Pinto de Sá considerou que este serviço “funcionava bem quando estava em mãos públicas” e assinalou que, agora, com a gestão de uma empresa, os CTT – Correios de Portugal, há “um completo incumprimento de um serviço que é essencial para a população”.

“Quando o regulador e o Governo tiverem que avaliar o contrato de concessão, deveria ser retomado o controlo público sobre o correio, como, aliás, acontece na maioria dos países do mundo, para garantir a qualidade do serviço”, defendeu.

Segundo o autarca, a Câmara de Évora já questionou a empresa sobre os atrasos na entrega de correio no concelho e a resposta, dada de forma informal, aponta para que os problemas tenham origem em alterações na organização da distribuição.

“É algo que, para nós, é irrelevante”, pois “podem fazer as reorganizações que entenderem, mas não podem reduzir a qualidade do serviço público que se exige e que, aliás, consta do contrato entre o Estado e a empresa”, sustentou.

Também a assembleia municipal protestou e exigiu soluções através de uma moção subscrita pelos 12 presidentes de junta e uniões de freguesias do concelho, aprovada por unanimidade na mais recente reunião deste órgão.

No documento, pode ler-se que, “nas últimas semanas, têm-se multiplicado as queixas da população, de entidades públicas e privadas quanto aos crescentes atrasos e falhas na distribuição de correio por parte dos CTT – Correios de Portugal”.

De acordo com a moção, têm sido reportados casos de locais onde o correio é entregue apenas uma ou duas vezes por semana, falhas sistemáticas na entrega de correspondência urgente e ineficácia do serviço de atendimento ao cliente.

“Estas situações comprometem direitos básicos dos cidadãos, como o acesso atempado a informação relevante, à justiça e aos cuidados de saúde. Comprometem igualmente o bom funcionamento das autarquias e de diversas entidades que dependem da fiabilidade da distribuição postal”, é referido no documento.

Com a moção, a assembleia protesta contra “os sucessivos atrasos e constrangimentos”, exige “uma atuação célere e eficaz por parte da administração dos CTT no sentido de repor a qualidade e a regularidade do serviço postal” e pede à ANACOM, a autoridade reguladora das comunicações postais, que reforce a fiscalização.

Há quase duas semanas, o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Eduardo Rita, disse à Lusa que os CTT estavam a implementar um novo modelo de distribuição em Évora, o que estava a provocar atrasos e descontentamento dos trabalhadores.

Questionados na altura pela Lusa, os CTT confirmaram a implementação de “um novo modelo de distribuição postal na região de Évora”, para melhorar o serviço ao cliente e reforçar a qualidade, mas admitiram “alguns constrangimentos”, prevendo que os mesmos estivessem regularizados nas semanas seguintes.