
A Sessão Solene com que a Câmara Municipal de Coruche celebrou o 25 de Abril fica marcada pelas intervenções da Presidente da Assembleia Municipal, Berta Lopes e da Vice-presidente da Câmara Municipal de Coruche, Fátima Galhardo, em substituição do Presidente, que se encontra enlutado pelo falecimento de sua mãe, que em fim de mandato deixaram alertas importantes para o futuro do concelho e do país.
Com um discurso onde recordou algumas palavras de Salgueiro Maia, Berta Lopes recordou as liberdades e garantias deixadas pelos que lutaram por Abril, e pela liberdade do povo português, salientando que “aqueles que agora apregoam o outro tempo não iriam sobreviver nele um dia”, por ser um tendo em que “quem pensava diferente era punido severamente”,
Considerando que “vivemos em democracia frágil”, “atentada diariamente porque a liberdade incomoda”, recordou eu a liberdade “abriu portas à igualdade da comunidade, ao acesso à justiça, à escola pública, ao Serviço Nacional de Saúde, a um sistema de segurança social que protege os mais desfavorecidos”.
“Cabe a todos nós defender a democracia e assegurar a liberdade”, afirmou, referindo que cabe a todos nos “sermos responsávels e auxiliarmos os que mais precisam”, não nos devendo enganar ao considerar que a responsabilidade “é só dos outros ou de quem governa”, pois “a responsabilidade é de todos nós, de cada um de nós, diariamente”.
“A obrigação de defender a democracia é nossa, com todos os nossos recursos”, afirmou, pedido a todos que não permitam que “voltemos lá atrás”.
“Foquemo-nos nos direitos conquistados por Abril, nos direitos que incomodam, não permitamos que nos distraiam com oratórias de exclusão”, para que “aquela madrugada de 1974 nunca perca o rumo”.
Lamentando que muitas vezes quem circula na Capital não tenha a dimensão “do nosso concelho”, Berta Lopes deixou uma palavra aos que encerram agora o seu ciclo de governação, mas também aos que iniciam, desejando que “tragam a vontade verdadeira de luta e de empenho pelos nossos, sem artimanhas, sem vazios, sem achamento, de que sozinhos conquistamos o mundo ou com ideologias que agora é que é.”
“Poder local é feito por todos nós, é construído diariamente pelos que nasceram, cresceram e sempre por cá estiveram, mas também por aqueles que saíram e voltaram e por aqueles que chegaram agora”, disse, desejando que todos juntos consigam “fazer valer o nosso território, a qualidade das nossas gentes, a mais valia das nossas tradições que tanto nos valorizam”, pois “somos todos coruchenses”.
Fátima Galhardo, enquanto Vice-presidente da Câmara Municipal de Coruche traçou uma pequena resenha dos últimos cinquenta e um anos, e do que permitiu a revolução, permitindo que homens e mulheres tenham hoje os mesmos direitos e igualdades, bem como seja possível “estarmos reunidos neste local desta forma e onde não há diferença entre sermos homens, entre sermos mulheres, entre sermos de qualquer estrato social.”
“Nada está garantido”, afirmou, recordando que “há 51 anos atrás foi possível um conjunto de homens irem fazer aquilo que todos nós hoje primamos por ter e dar como conquistado, ir onde queremos, fazer o que queremos”, “mas, acima de tudo, nunca nos devemos esquecer que respeitar é a palavra, ninguém é melhor que ninguém”, considerando que “todos nós, juntos, é que fazemos Coruche, todos nós, juntos, é que fazemos a nossa terra, todos nós, juntos, é que fazemos as associações, e todos nós, juntos, é que levamos o projeto autárquico de Coruche pela frente”.
Destacando a importância das freguesias, Fátima Galhardo deixou uma palavra de apreço à Presidente e Presidentes das Juntas de Freguesia do concelho, “porque são eles o maior poder de proximidade no dia a dia com todos aqueles que nós vivemos, com todos aqueles que exigem de nós diariamente e que permitem aquilo que é desenvolvimento político.”
Fátima Galhardo reconheceu também o trabalho desenvolvido pelas coletividades e associações presentes, culturais, desportivas e do setor social, a quem recordou que foi o 25 de Abril que lhe permitiu a sua existência.
Considerando que nunca devemos esquecer “a nossa ancestralidade e aquilo que nos liga àquilo que nós somos, de onde nós viemos e aquilo que nos ajuda a fazer o caminho para aquilo que nós somos”, deixou depois um conjunto de ideias para Coruche que deseja que continue a atrair a economia e a fixar os mais jovens, no que é “um grande desafio, não só para Coruche, mas para todos os concelhos e para todo o nosso país”.
“Honrar o nome de Coruche é todos os dias assumir o compromisso com aqueles que nos cruzamos e com todos aqueles que não têm a oportunidade de vir aqui, ou porque estão doentes, ou porque vivem em lares, ou porque de alguma maneira geral vivem isolados e por isso a Câmara também não se esquece deles”, acrescentou.
“Precisamos de pessoas, sobretudo dos mais jovens, que queiram sempre amar Coruche, viver Coruche e honrar a nossa terra”, afirmou a autarca.
Fátima Galhardo terminou a sua intervenção desejando “Um bom 25 de Abril para todos”, “Viva Coruche e acima de tudo, respeitem-se, unam-se, porque só juntos conseguimos chegar, dividir para reinar, nunca será este o lema desta terra”.