Sara Ferreira Costa é natural de Cucujães, professora universitária de Mandarim e Português, escritora e ativista. O seu nome talvez seja mais conhecido no concelho pela sua escrita literária e poesia, tendo publicado o seu primeiro livro com 17 anos. É formada em Mandarim, tendo estudado na China, e a sua participação cívica mais ativa começou em 2015. A relação com o Bloco de Esquerda (BE) iniciou-se na mesma altura, identificando-se “plenamente” com as causas do partido, como a justiça social e o acesso à habitação.
Em entrevista ao Correio de Azeméis, por videochamada, a candidata destacou a promoção da transparência e da escuta ativa, o combate à especulação imobiliária e a garantia de uma rede de água pública acessível como algumas das suas principais bandeiras. Face aos resultados eleitorais do BE nas últimas legislativas, Sara Costa diz não estar preocupada com a prestação do partido a nível local.

TRANSPARÊNCIA E ESCUTA ATIVA. “É importante que tudo, nomeadamente as Assembleias Municipais, seja muito transparente e comunicado. É preciso uma escuta [ativa] em que vamos até junto das pessoas, nomeadamente associações de jovens ou organizações não governamentais que fazem trabalhos no terreno, porque são elas que nos ajudam a perceber o que é que a população está a sentir. Isso é muito importante, porque compreender o sentimento da população é uma bússola orientadora muito importante.”

A REMUNICIPALIZAÇÃO DA ÁGUA. “Acreditamos que é necessário que a INDAQUA se justifique em relação aos custos e à qualidade da água e investimento que têm (...). Devemos compreender que um bem essencial não deve estar dependente de um contrato com um fundo privado que visa claramente o lucro (...). A remunicipalização da água iria ser um processo lento que acabaria por ter de ser faseada. [Mas] é perfeitamente possível municipalizar a água e pô-la sob o controlo das pessoas, porque são elas que precisam dela.”


INTERVIR E PARAR A ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA. “Seria necessário que houvesse uma responsabilização por parte da Câmara e conseguir compreender junto dos proprietários que têm imóveis que estão em situações muito precárias ou que não estão a ser utilizados, por que razões isso está a acontecer: [a resposta é] especulação. A habitação pertence às pessoas, não pertence a quem já tem dinheiro e está a especular com ele. Nesse sentido é importante que houvesse uma intervenção ou legislação, que já se faz em muitos outros países europeus e em muitas outras grandes cidades. Acho que Oliveira de Azeméis tem todo o potencial para se tornar um grande exemplo disso também.”

RESULTADOS ELEITORAIS NÃO SÃO UMA PREOCUPAÇÃO. “[Os resultados das legislativas] não me deixam nada preocupada. O que se passa a nível nacional é um desastre, com a ascensão da extrema-direita populista neste país, que saiu há tão pouco tempo de uma ditadura fascista, mas isso não vai ter qualquer impacto nas autárquicas. Há partidos que subiram nas eleições legislativas, mas que não têm uma capacidade de constituir equipas para terem candidaturas e apresentarem soluções políticas ao país. As pessoas vão perceber que há miragens e depois há a realidade.”