Mais de dois mil sobreiros poderão ser abatidos no âmbito do projeto de desflorestação da Área 1A3 da Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), atualmente em fase de consulta pública. O processo, promovido pela AICEP Global Parques, decorre até 30 de junho e visa preparar o terreno para a instalação de infraestruturas industriais e energéticas.
Segundo o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) consultado pelo Jornal ODigital.pt, a intervenção abrange uma área de 30,27 hectares. No local será realizado o abate de 2 475 sobreiros, dos quais 254 são exemplares adultos e 2 221 jovens. A medida integra ainda o abate de 12 415 outras árvores, incluindo pinheiros-bravos, pinheiros-mansos e eucaliptos.
A área em causa localiza-se na freguesia e concelho de Sines e está destinada, no âmbito do Plano de Urbanização da ZILS, à instalação de grandes estabelecimentos industriais. Nos terrenos abrangidos pelo projeto está prevista a instalação de painéis fotovoltaicos da Repsol e acessos a projetos classificados como de Potencial Interesse Nacional (PIN), nomeadamente a unidade de produção de amónia verde da Madoqua NH3, a unidade de hidrogénio verde da Madoqua Power2X e a unidade de fabrico de baterias de lítio da empresa CALB (Europe).
Como medida de compensação pelo abate dos sobreiros, está prevista a plantação de aproximadamente 11 hectares de novos exemplares. O estudo admite que a afetação desta espécie protegida, bem como de outras espécies de flora com estatuto de conservação, constitui um dos principais impactes ambientais da operação.
O EIA considera que os restantes impactes ambientais, incluindo ao nível da fauna, solo, ruído e qualidade do ar, são reduzidos ou inexistentes, e sublinha que a desflorestação será realizada de forma faseada, em função da instalação progressiva das unidades industriais. Entre as medidas de mitigação incluem-se ainda ações de recolha de sementes de espécies sensíveis e a realização dos trabalhos de corte de vegetação a partir do centro para a periferia, para permitir o refúgio da fauna.