
O arquiteto Nuno Portas, personalidade incontornável do pensamento urbanístico e da arquitetura em Portugal, morreu este domingo, 27 de julho, aos 90 anos. O anúncio foi feito pela sua ex-mulher, Helena Sacadura Cabral, através das redes sociais.
“Foi com pesar que tomei conhecimento da morte de Nuno Portas, pai dos meus dois filhos”, escreveu a economista e escritora no Instagram. Apesar de separados desde 1968, Helena destacou o legado comum e o respeito mútuo: “Compartilhámos uma parte importante da vida e, acima de tudo, a dádiva de sermos pais de pessoas incríveis”.
No mesmo texto, Helena Sacadura Cabral demonstrou preocupação com o momento vivido pelo filho e pelos netos: “Neste momento, o meu coração está especialmente voltado para o filho que me resta e para os nossos netos, que enfrentam agora a dor de uma perda profunda. Desejo que ele encontre paz, e que a memória do que foi bom siga viva no coração de quem o amou.”
Nuno Portas deixa três filhos: Paulo e Miguel Portas, do casamento com Helena Sacadura Cabral, e Catarina Portas, fruto da sua união com Margarida Maria Gomes de Sousa Lobo.
Nascido a 23 de setembro de 1934, em Vila Viçosa, Nuno Portas iniciou os estudos em Arquitetura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, concluindo a licenciatura no Porto em 1960. Colaborou com Nuno Teotónio Pereira e foi diretor da revista Arquitetura, antes de integrar o Laboratório Nacional de Engenharia Civil, onde liderou o Núcleo de Pesquisa de Arquitetura, Habitação e Urbanismo até 1974.
Na vertente académica, lecionou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa entre 1965 e 1971, sendo convidado a dar aulas em instituições internacionais, como a Universidade de Paris VIII, o Politécnico de Milão, a Universidade de Ferrara, a Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona e a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Foi distinguido com o Prémio Valmor, em 1974, pela obra da Igreja do Coração de Jesus, em Lisboa, desenvolvida com Nuno Teotónio Pereira.
Entre as suas contribuições mais relevantes, destaca-se a coordenação da expansão da Universidade de Aveiro, a participação no plano da Expo 98 e a consultoria na reabilitação do centro histórico de Guimarães. No estrangeiro, coordenou o Planeamento Intermunicipal de Madrid e foi consultor do Plano Estratégico Metropolitano de Barcelona.
Em reconhecimento pelo seu percurso e contributo para a cultura e o urbanismo, foi distinguido, em 2004, com o grau da Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
Nuno Portas marcou gerações de arquitetos, planeadores e pensadores do território urbano, deixando uma obra sólida, transversal e com impacto duradouro na forma como se pensa e vive o espaço urbano em Portugal e além-fronteiras.