
O Couço recebeu, esta segunda-feira, o líder da coligação CDU – Partido Comunista Português (PCP) e Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), Paulo Raimundo, numa ação de campanha já tradicional dos partidos sempre que há eleições legislativas.
Perante os seus apoiantes, o líder comunista expressou aquelas que serão as bandeiras e lutas da campanha, e com as quais pretende sensibilizar os eleitores para que, no dia 18 de maio, expressem nas urnas o seu voto.
À margem da ação de campanha, e a exemplo do que realizaremos com todos os líderes partidários que visitem a região, o NS questionou Paulo Raimundo sobre quais são as ideias do PCP – CDU para a Lezíria do Tejo.
Questionado sobre quais serão as propostas do partido para a Lezíria do Tejo, Paulo Raimundo começou por destacar que a CDU apresenta na região “duas grandes candidatas nestas batalhas”, fazendo também a ligação com as eleições autárquicas: a Inês Santos, “uma operária, ligada àquilo que é a realidade da maioria da população, desta gente que trabalha”, e a Liliana Sousa, “candidata aqui à Câmara”, “gente muito conhecedora do terreno, muito empenhada”.
Considerando que, na Lezíria, há temas que são transversais ao país, dando como exemplo o que acontecia dentro da sala, “estamos aqui neste almoço hoje, que naturalmente tem uma grande incidência sobre reformados, e é preciso que esta gente, que trabalhou uma vida inteira, tenha o resto dos seus dias — esperemos que sejam muitos — com o máximo de dignidade possível”, considerando essa uma “das questões fundamentais que se coloca hoje”, a de elevar a dignidade das pessoas com o aumento das reformas, “uma das propostas fundamentais neste momento”.
Outra das questões destacadas por Paulo Raimundo é a fixação da população, sobretudo através da habitação. “É preciso responder a um problema que é transversal no plano nacional e começa a ter dimensões também de expressão muito consideráveis aqui no distrito de Santarém, e na Lezíria, que é todo o problema do acesso à habitação, que é um drama”, a que acrescentou a elevação das condições de vida, “em particular dos jovens”, através do aumento dos salários.
No entendimento do líder comunista, na Lezíria existem três questões fundamentais para fixar a população mais jovem, nomeadamente “os salários, a habitação e as questões da rede pública de creches”, temas que considera “transversais” ao país.
“Podemos dizer que há particularidades desta região, desde logo as pessoas ligadas à agricultura, porque é possível e necessário aumentar a produção alimentar”, destacou.
“Salários, pensões, habitação, saúde — que é um drama que conhecemos também daqui — e acesso à rede pública de creches são os cinco elementos fundamentais que vamos procurar continuar a aprofundar na campanha”, salientou Paulo Raimundo.
Questionado se os três temas e maior foco na Lezíria do Tejo seriam a habitação, acessibilidades e saúde, Paulo Raimundo focou-se em cada uma delas.
“A habitação é um drama que tem muitos anos”, considerou, entendendo que isso se deve ao facto de se ter entregue o setor “às mãos do chamado mercado”, que, na prática, “é a banca e os fundos imobiliários”, que “nos trouxeram até aqui”.
“Quem disser que vai resolver tudo amanhã, acho que está a ser demagogo. Nós precisamos de vários instrumentos para isso, precisamos de ter mais habitação pública”, defendendo a sua proposta de “1% de habitação pública, não só para construir, mas para reabilitar e transformar o parque público — o Parque do Estado — em habitação”, bem como “oferecer os lucros da banca, 6,3 mil milhões de euros, ‘meio PRR’, para baixar as taxas de juro e, por fim, ‘o prémio das rendas’”. “Nós precisamos que os contratos de arrendamento sejam contratos estáveis, porque, quanto mais instáveis forem os contratos de arrendamento, mais instabilidade criam nas pessoas que alugam, mas também criam mais instabilidade nos preços”, pelo que entende ser necessária “estabilidade no período de arrendamento”.
Sobre o tema das acessibilidades, Paulo Raimundo foi muito pragmático, afirmando que é necessário que se deixe de dizer para que se faça, pois as acessibilidades são fundamentais para tudo — até para a saúde.
Um dos temas que tem estado também em foco na região tem sido a navegabilidade do Rio Tejo. Paulo Raimundo, reconhecendo que não tem conhecimento com rigor do projeto ou das exigências necessárias, considera que “o país precisa de um plano de desenvolvimento”, para que, com isso, possa “produzir mais”.
“O país pode produzir mais em várias vertentes. Falamos da agricultura, tendo em conta o peso que tem aqui, como é que o país pode produzir mais alimentos e caminhar num sentido — não de soberania alimentar, porque é difícil — mas o país pode produzir mais para evitar importar aquilo que consome cá e pode produzir cá.”
“Essa é uma das matérias que não pode ser descurada nesta reflexão mais de conjunto e, portanto, nós não descartamos essa possibilidade”, disse.
Com o aeroporto a ser instalado num concelho da Lezíria do Tejo, Paulo Raimundo foi questionado sobre a importância do projeto para a região e de que maneira a mesma pode ganhar com isso.
O líder do PCP começou por desejar que “desta é que seja”, esperando “ver para crer” que o mesmo irá ser construído nos terrenos do Campo de Tiro, onde “sempre o PCP defendeu que seria a sua localização ideal”, uma vez que a localização é central e permite “toda a dinâmica nacional”, para a qual é necessária uma aposta clara do Governo.
“Parece que não evoluímos nada desde Almeida Garrett nas Viagens na Minha Terra, porque nós continuamos a levar quase tanto tempo de Lisboa a Santarém como levávamos na altura das Viagens na Minha Terra”, pelo que é necessária “uma rede de transportes, uma rede de mobilidade”, que não tem razão para não avançar e servir as populações. “Eu não estou a ver nenhuma razão que haja para investir em transportes que não seja para servir as populações e, portanto, tem que se adequar às melhores maneiras.”
“Há pouco falávamos da via rodoviária, mas a ferroviária é a infraestrutura que temos que melhor responde às várias questões de mobilidade, questões ambientais e por aí fora e, portanto, é importante que se aproveite toda esta dinâmica.”