Chegam os dias maiores, os raios de sol que tocam a pele, os passeios ao ar livre, os sorrisos mais espontâneos e aquela sensação inexplicável de leveza que parece brotar de dentro. Mas será mesmo só impressão? A resposta é: não.
O sol e o calor influenciam profundamente o nosso estado emocional e psicológico. Há uma razão pela qual, no inverno, sentimos mais apatia, cansaço e até tristeza sem motivo aparente. E há também uma explicação para esse bem-estar quase imediato quando voltamos a sentir o calor no corpo e a luz no rosto.
A exposição solar moderada estimula a produção de vitamina D, essencial para o bom funcionamento cerebral, e regula neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, substâncias diretamente ligadas ao humor, ao prazer e à sensação de bem-estar. Ao mesmo tempo, esta exposição ajuda a equilibrar os níveis de melatonina, melhorando o sono e regulando o nosso relógio biológico. Tudo isto contribui para o alívio de sintomas depressivos, estados de ansiedade e cansaço emocional crónico. Um estudo publicado no Journal of Affective Disorders (2002) revelou que a quantidade de luz solar diária está diretamente relacionada com variações no humor e bem-estar psicológico. Mais recentemente, a revista Environmental Health Perspectives reforçou que a vitamina D, sintetizada diretamente através da exposição solar tem impacto positivo na função neurológica e na regulação emocional.
Mas há mais. O calor convida ao movimento, à socialização, ao estar fora de casa. E sabemos que a interação humana (saúde social), o toque, a atividade física e a exposição à natureza são também parte fundamental da nossa saúde emocional.
No gabinete, constato claramente esta mudança. Pacientes que, durante os meses frios, se sentem mais desligados, introspectivos ou tristes, começam a ganhar energia, motivação e clareza interior à medida que os dias se tornam mais longos e luminosos. Percebemos assim o poder da luz exterior despertar a nossa luz interior, e que bonito que isso é.
Claro que o sol não é, por si só, uma cura para estados emocionais complexos. Mas é um aliado natural, gratuito e acessível que pode e deve ser integrado numa abordagem terapêutica mais ampla e consciente.
Por isso, nestes próximos meses, deixo-te este convite:
Abre as janelas, sai de casa mesmo que no início não apeteça muito, caminha devagar ao sol e permite-te conscientemente sentir o calorzinho a tocar a tua pele.
E lembra-te: cuidar da tua saúde emocional também passa por te reconectares com o mundo natural, com os elementos da natureza.
Porque o teu corpo vai conectar, a tua mente vai sentir, e a tua alma e saúde vão agradecer.

Fanny Martins, Terapeuta