Com dramaturgia e encenação de Julieta Aurora Santos, INÂNIA (do latim Inanis — vazio — significa “coisa sem valor ou importância”) é um espetáculo híbrido, que funde o circo com o teatro físico e a dança.

Através de uma narrativa visual multidisciplinar, o espetáculo reflete sobre a “infância perdida”, como metáfora para o mundo contemporâneo.

Abandoná-la não é apenas um rito de passagem, mas também reflexo de um processo de erosão interior que acompanha a lógica produtivista, acelerada e competitiva dos nossos tempos.

Essa infância simbólica torna-se símbolo de um vazio existencial: uma ausência de conexão, de autenticidade, de capacidade de assombro, como se uma parte essencial da nossa humanidade estivesse irremediavelmente esquecida.

A estrutura cénica, em INÂNIA, é um organismo mutante — instável e em constante reinvenção. Através do seu uso físico e simbólico, revela-se um espaço de construção coletiva e efémera, onde os intérpretes erguem, e reconfiguram caminhos, relações e territórios.

Cada gesto de montagem, ou desconstrução, é também uma tentativa de criação de sentido e de busca, num mundo onde tudo parece instável e á beira do colapso.