Estas posições foram assumidas num debate entre forças políticas com representação parlamentar -- AD, PS, Chega, IL, BE, CDU, Livre e PAN -- transmitido em simultâneo nas rádios Antena 1, Renascença, TSF e Observador, a partir das instalações da RTP, em Lisboa.

Num período de perguntas relacionadas com a estabilidade política e a governabilidade, nem o primeiro-ministro e presidente do PSD nem o secretário-geral do PS explicaram com que apoios tencionam governar nem esclareceram o que farão em caso de derrota quanto à continuidade ou não na liderança do respetivo partido e viabilização de um Governo contrário.

Ambos apelaram ao voto útil nas legislativas de 18 de maio, com Pedro Nuno Santos a sustentar que só "com uma vitória do PS" é possível evitar um Governo da AD e Luís Montenegro a pedir a quem antes votou noutros partidos e a quem está indeciso para "concentrar o seu voto" na coligação PSD/CDS-PP para "pôr cobro a uma rotina que está criada de termos eleições quase todos os anos".

Mais à frente, Rui Tavares invocou as sondagens para alertar que "a direita pode estar a quatro lugares apenas -- fazendo a transposição dos resultados para deputados -- não de uma maioria de Governo, mas de uma maioria constitucional", que corresponde a dois terços dos deputados.

O co-porta-voz do Livre referiu que "Luís Montenegro foi líder parlamentar de um Governo que estava sequioso por mudar a Constituição", salientou que "André Ventura tem sempre que possível apresentado propostas de alterar a Constituição até no que diz respeito a direitos fundamentais" e alegou que "Rui Rocha também gostaria muito de mudar a Constituição".

"Ou a esquerda tem clareza e mobiliza os votos progressistas e democráticos, ou podemos estar em face de uma situação que é constitucionalmente perigosa para o país, e este alerta tinha de ser lançado", considerou.

Antes, o presidente do Chega manifestou-se confiante que voltará a haver "um cenário de maioria entre o Chega e o PSD" na Assembleia da República e não excluiu viabilizar um novo Governo minoritário chefiado por Luís Montenegro, mesmo sem o integrar: "O doutor Luís Montenegro terá que levar ao parlamento esse programa [de Governo] e esse programa será viabilizado, será viabilizado ou não".

André Ventura assegurou que o seu partido "votará sempre contra" uma solução governativa à esquerda, lamentou que o nesta legislatura o presidente do PSD e primeiro-ministro tivesse privilegiado negociações com o PS e, ao apelo ao voto útil, contrapôs: "Querem ter direita, votem Chega".

Sem falar expressamente em acordos, o presidente da IL, Rui Rocha, afirmou que o seu partido "estará sempre à altura das circunstâncias" e destacou os "objetivos da IL" de ter políticas diferentes na habitação e saúde e diminuir impostos.

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