O Bloco de Esquerda (BE) Madeira socorreu-se de um comunicado de imprensa para demonstrar, esta noite, o seu "mais firme repúdio pelos gravíssimos acontecimentos ocorridos na Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira", que tiveram como protagonista Eduardo Jesus, secretário regional de Turismo, Ambiente e Cultura.

"Após os incidentes inaceitáveis, aguardámos com ponderação e sentido de responsabilidade por uma reacção que fosse orientada pelo bom senso institucional — nomeadamente, pela apresentação da demissão por parte do referido governante. Contudo, tal não sucedeu até à data, o que nos obriga a intervir publicamente", é referido na nota.

No entender dos bloquistas "a situação política e moral de Eduardo Jesus tornou-se absolutamente insustentável", acrescentando que "as palavras por si proferidas em pleno parlamento regional não apenas atentam contra a sua dignidade pessoal, mas também ferem de forma profunda a credibilidade e o prestígio do mais alto órgão de poder legislativo da Região Autónoma".

Além disso, criticam o que chamam de "silêncio cúmplice" de Miguel Albuquerque e a "passividade inaceitável" de Rubina Leal, aspectos que dizem ser "reveladores do estado de degradação institucional em que se encontra o regime político regional". "Em vez de repudiarem de forma inequívoca estas ofensas, tentam minimizar o episódio, como se se tratasse de uma banalidade parlamentar, fazendo eco dos tempos em que a Assembleia Legislativa era usada como palco de humilhação e desrespeito, à semelhança do que ocorria sob a liderança de Alberto João Jardim", argumenta Dina Letra, que assina o comunicado.

Por todas as razões apontadas, este acto é um "grave atentado à democracia, à dignidade dos representantes eleitos e ao princípio fundamental do respeito institucional", sustentando que "a linguagem ofensiva e sexista utilizada pelo secretário regional não é apenas insultuosa para as deputadas visadas; é um ataque a todas as mulheres que participam na vida política e pública".

Perante a "inacção dos responsáveis regionais", o Bloco de Esquerda desafia o Presidente da República a "exercer os seus poderes constitucionais", enviado, por essa via, "uma mensagem à Assembleia Legislativa da Madeira, condenando de forma veemente este lamentável episódio".