O ex-Presidente do Brasil repetiu as palavras de Donald Trump, apelidando o seu processo de "caça às bruxas", após elogios do Presidente dos EUA e no dia em que Procurador-geral do Brasil pediu a sua condenação.

Horas antes de o relatório final do PGR, divulgado ao fim do dia de terça-feira, o ex-Presidente disse na rede social X que o julgamento era uma "caça às bruxas", ecoando um termo usado pelo presidente Donald Trump, quando este fez declarações em defesa de seu aliado brasileiro, na semana passada.

No documento de 517 páginas, o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, afirmou que "as provas são claras: o arguido [Jair Bolsonaro] agiu sistematicamente, ao longo do seu mandato e após a sua derrota nas urnas, incitando à insurreição e à instabilidade do Estado de direito democrático".

"Nada disto aconteceu. Eu sempre joguei dentro das regras", defendeu Bolsonaro em entrevista ao 'site' informativo Poder360.

A acusação diz que o ex-Presidente liderou uma organização criminosa armada, tentou um golpe de Estado e abolir violentamente o estado democrático de direito, entre outras ações.

A defesa de Bolsonaro apresentará a sua contestação em breve, provavelmente nas próximas semanas, após o que o painel de juízes do Supremo Tribunal, que abriu o julgamento contra Bolsonaro, votará se o condena ou absolve.

Bolsonaro pode enfrentar pena de 12 anos de prisão

Os especialistas afirmam que se espera uma decisão no segundo semestre do ano. Uma decisão que considere o ex-Presidente brasileiro culpado na acusação de golpe de Estado significa uma pena de até 12 anos de prisão, que pode, juntamente com sentença de culpa noutras acusações, levar a que Bolsonaro fique décadas atrás das grades.

Bolsonaro tem negado repetidamente as alegações e afirmado que é alvo de perseguição política.

"O que é um golpe? São as Forças Armadas, são tanques nas ruas, é ter um núcleo político, ter um núcleo financeiro. Isso é um golpe. Nada foi sequer cogitado (...) e mesmo que tivesse sido cogitado, como nada começou, não há crime ", afirmou Bolsonaro.

Um advogado do ex-Presidente não respondeu, nas horas seguintes, a um pedido de comentário sobre a decisão do PGR.

"Bolsonaro não é um homem desonesto"

Na semana passada, o Presidente dos Estados Unidos comparou a situação do brasileiro com a sua própria.

Na terça-feira, falando aos repórteres na Casa Branca, Trump repetiu a afirmação de que o julgamento é uma "caça às bruxas".

"Bolsonaro não é um homem desonesto. Ninguém está feliz com o que o Brasil está a fazer, porque Bolsonaro era um presidente respeitado", acrescentou.

Trump acrescentou que Bolsonaro não é um amigo, mas alguém que ele conhece.

Na segunda-feira, o gabinete do subsecretário para a diplomacia pública do Departamento de Estado dos EUA disse na redes social X que os "ataques" a Bolsonaro "são uma desgraça e estão muito abaixo da dignidade das tradições democráticas do Brasil".

Com Lusa